A cozinha da mansão (apesar de Marco insistir que trata-se de uma modesta casa de veraneio) era imensa, digna de um programa de competição culinária, o que era estranho, tendo em vista que vampiros, por sua restrição alimentar, não eram conhecidos por serem glutões. Havia, entretanto, informações incompletas sobre os hábitos dos vampiros que se espalharam pela sociedade humana e sobrenatural, sim eles eram hematófagos, contudo, não exclusivos, necessitavam de outras fontes de alimento para a sobrevivência, principalmente proteínas e algumas vitaminas essências, só que em pequenas quantidades. Outro fato que tirava um pouco do caráter sombrio dos famosos descendentes do drácula era que eles não e eram mortos-vivos. Não, eles podiam ter um metabolismo baixo (o que poderia explicar a sua estonteante longevidade) o que gerava como consequência baixa temperatura corporal e também diminuição nos batimentos cardíacos que poderia lhes dar uma aparência de "mortos", devido a palidez e tal... Jean sabia disso, tinha pesquisado bastante sobre todas as raças sobrenaturais do mundo, não gostava de como o conselho restringia os lobisomens a informações pertinentes a própria raça, se isolando de tudo que ocorria em sua volta. Como se lobisomens e vampiros nunca tivessem a possibilidade de se encontrarem... Nem de se relacionarem.
Jean inspirou fundo e expirou, seus olhos fitavam a embalagem de pipoca como se ela fosse a culpada por todas as injustiças do mundo.
— Que eu saiba, para se fazer pipoca, essa embalagem tem que ser levado ao micro-ondas e não ser encarada até que de alguma forma o milho exploda... — Marco cruzava os braços diante do peito e arqueava, elegantemente uma sobrancelha. Jean relaxou com aquela visão, como alguém podia ser nobre e fofo ao mesmo tempo? Lógico que não esperava expressar em voz alta aquela pergunta e quanto a capacidade de Marco de ler mentes, o Alfa tinha aprendido como proteger os seus pensamentos, algo que intrigou o vampirinho logo quando se encontraram.
— Bem que seria um poder maneiro, não é? Ter olhos com visão de pipoca! Também queria ter visão de hot-dog, pizza e lasanha!
Um sorriso teimou em transparecer nos lábios do vampiro.
— Isso é uma tolice, ainda mais, se comer tanta besteira pode dizer adeus a esse físico... — Jean não pode deixar de notar que os olhos de Marco deslizaram pela a musculatura morena do lobisomem, ainda mais pelo roupão rosa está aberto revelando mais do que deveria, segundo as normas puritanas do vampiro.
— Enfim... — disse desviando o olhar para a pipoca (um ponto seguro de visão).
— Se eu ficasse gordo, algo que meio improvável para um lobisomem devido nosso metabolismo e tal, você deixaria de me amar? — perguntou fazendo se apoiando na bancada, próxima ao seu já corado companheiro, fazendo questão de abri ainda mais o roupão.
— Não seja pacóvio! Não foi pelo seu corpo que eu... Ora, por que estamos falando disso? — talvez não fosse saudável, para um vampiro, ficar tão rubro assim. Jean sorriu docilmente, adorava provoca-lo, ainda mais, sabia muito bem que não fora pela aparência que aquele par improvável tinha desenvolvido aquele romance. Não tinha mentido antes, de fato, eles tinham se esbarrado por meio de troca de cartas -sim, cartas, Marco preferia o velho e arcaico papel e tinta, inclusive o correio, segundo o próprio vampiro, e-mail teriam usurpado a arte de se escrever de forma correta e civilizada uma verdadeira carta- e aquilo fora o início de uma excêntrica amizade... Quando percebeu que evoluiu para algo a mais? Pelo visto o seu título de "gênio" não abrangia desvendar os mistérios do coração.
— Querido... Não sei nem que essa palavra significa.
— Pois, aprenda usar o dicionário que lhe dei. — resmungou o nobre, tomando a iniciativa de fazer a pipoca, mas como sempre, se confundia com os números do micro-ondas, mas orgulhoso como era, não iria pedir ajuda.
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Sangue de Lobo (Romance Gay)
WerewolfLobisomens e Vampiros. Eternos rivais. Uma nova arma surgiu para atiçar ainda mais o conflito entre essas raças sobrenaturais. Uma estranha droga surge capaz de transformar lobisomens em verdadeiros monstros. Gabriel, um curadeiro nada comum...