Freya & Johnathan

Pequenos

Lembro-me de quando nos conhecemos, éramos crianças.
- Andem meninas. - Mamãe berrou para que nos apressacemos, íamos a igreja, eu estava com minha roupa mais bonita que ganhará de uma tia, Greta estava com um vestido rosa e chapéu. Papai nos acordou no domingo de manhã bem cedo para que fossemos rezar.
- Estão todas prontas? - Perguntou já impaciente.
- Sim papai. - Eu disse indo em direção a porta onde ele espera.
- Que bela dama vejo aqui.
- Obrigado papai. - Minha mãe chegou logo atrás, nos empurrando para fora.
- Vamos indo, se não vamos nos atrasar. - Caminhamos até a fazenda do Lewistown, Greta de um lado e eu de outro segurando a mão de meu pai. Mamãe andava rapidamente, quando chegamos pessoas já entravam na igreja, meus pais pararam para conversar com a família Philips e eu fiquei ali parada olhando ao redor até que meus olhos se prenderam ao filho dos Lewistown, Johnathan, ele era um menino rico, estava vestido com uma bela roupa verde, botas e chapéu, ele viu que eu olhava e me encarou, depois sorriu e eu fui puxada para dentro, nos sentamos no meio, papai não gostava muito de ir a igreja, então eu sabia que seus pensamentos estavam longe, mamãe já era uma crente devota, mas não consegui prestar atenção pois Greta segurava um boneca que acabou trazendo escondida, e eu fiquei quieta observando o pastor falar, eu era cética, não é que eu não acreditasse em Deus, só não acreditava na bíblia, Adão e Eva nunca engoli essa história, mas eu não contava isso, porque tinha medo, mamãe provavelmente me faria ajoelhar-me sobre o milho ou me trancar no armário. Hoje o pastor Raymond dizia sobre a inveja, eu não sei se era do contra, mas não concordava com o que ele falava, quando mais velha até pensei estar com o demônio no corpo. Quando acabou todos se dirigiam ao um campo, onde aconteceria um chá, todos os domingos depois da igreja os Lewistown preparavam. Greta corria de um lado para outro com suas amigas, não é que eu não tivesse amigas, só não gostava de me socializar, mamãe e papai conversavam até que os senhores Lewiston se aproximaram, a senhora Ashley Lewiston era uma mulher muito bonita seus olhos claros chamavam toda a atenção do seu rosto, o senhor Lewistown já me assustava.
- Banker, como vai?
- Bem, Clarkston quero que conheça minha família. Esta é minha esposa Marta.
- Senhora. - Eles a cumprimentaram.
- E está é Freya. - Ashley apertou minha bochecha.
- Que menina adorável.
- Você não tem duas filhas? - O senhor Lewistown perguntou.
- Sim, Greta, está por aí.
- Quero que conheça meu filho. - Disse ele olhando ao redor.
- Johnathan, querido. Venha cá. - Sua esposa fora mais rápida e chamava, o garoto em que eu ignorara mais cedo, ele estava brincando com outros meninos, então parou e veio correndo.
- Sim, mamãe?
- Quero que conheça essas pessoas. - Ele olhou para meus pais e depois olhou para mim.
- Este filho, é o senhor Banker e sua esposa.
- Prazer em conhecê-los. - Ele os cumprimentou com um aperto de mão.
- E está é a senhorita Freya.
- Senhorita. - Naquela época achei estranho um menino agir daquelas maneiras, mas anos depois descobri o motivo.
- Vão brincar crianças.
- Com licença. - Johnathan estava me levando até seus amigos, mas minha mãe me chamou.
- Sim, mamãe?
- Se achar Greta mande ela vir até aqui.
- Sim, senhora. - E ele me levou, até um grupo de três meninos.
- Está aqui é a Freya, e esses são John, Fred, Curtis. - Ele me apresentou ao meninos, John era magro, de cabelos loiros lambidos, até hoje não mudará. Fred, um pouco rechonchudo, alto, de cabelos encaracolados, filho de um padeiro. Curtis era o mais presunçoso, filho do casal Helms, eles não eram ricos, mas se achavam os melhores.
- Por que ela está aqui? - John perguntou fazendo cara de nojo, eu não entendia.
- Minha mãe mandou eu brincar com ela. - Ele queria arranjar uma desculpa, eu entendia, ele era um garoto tentando ser aceito em grupo. Eu não gostava, mas tinha que aceitar, uma vez eu estava caçando sapos no lago enquanto cantava um música não muito conhecida, algumas garotas viram e disseram que eu estava praticando bruxaria.
- Não se sinta obrigado, posso me divertir só.
- É bem melhor, caso não, ela jogará um feitiço em você.
- Não sejam idiotas. - Eu era uma menina bem valente.
- Do que me chamou?
- De idiota. - Fred retirou meu chapéu e o ergueu.
- Me devolva.
- Não.
- Devolva o chapéu dela. - Johnathan disse enfrentando seu pequeno grupo.
- Não preciso da sua ajuda.
- Só quero ajudar.
- Devolva meu chapéu, ou vou transforma-lo em um sapo.
- Devolve para ela Fred. - Disse Curtis o mais medroso, que acreditava em bruxaria.
- Tente filha do diabo. - Eles eram meninos bem malcriados, mas perto de seus pais eram uns anjos.
- Tudo bem. - Levei minha perna para trás e chutei com toda força a canela dele, ele berrou deixando meu chapéu cair, então eles correram, menos Johnathan.
- Freya! - Meu pai berrou e veio até mim, Greta estava junto também. - O que está fazendo?
- Desculpe papai, mas foi necessário.
- Está de castigo.
- Senhor Banker, não foi culpa dela.
- Não se meta Johnathan. - O pai dele estava logo atrás.
- Um homem sabe como criar seus filhos. - Disse sua mãe.
- Sim senhor, me desculpe.
- Tudo bem, querido. - Minha mãe disse.
- Vamos embora. - Disse ele. - Se despeçam meninas.
- Senhor, senhora Lewistown, prazer em conhecê-los. - Disse Greta enquanto fazíamos uma reverência.
- Foi bom poder conversar com você Clark.
- Igualmente.
- Se despeça deles, querido. - Sua mãe disse.
- Prazer em conhecer a senhora, espero poder revelá. - Disse a minha mãe.
- O prazer é meu, querido. - Minha mãe se afastou e Greta foi atrás, sem se despedir de Johnathan.
- Vamos papai? - Perguntei puxando seu casaco.
- Diga Tchau para Johnathan.
- Tchau.
- Tchau, senhorita Freya. - Disse me beijando na bochecha enquanto entregava meu chapéu.
- Obrigada. - Fomos embora e naquele dia só senti o leve prensar do seu beijo.