O casamento de Greta passou, abri meus olhos ramelados e estava com dor no pescoço. Continuávamos abraçados, ele dormia como um bebê seu peito subia e descia em um ritmo lento, me afastei dele e abri a porta e olhei o céu começando a querer clarear, fui para o meu quarto onde troquei de roupa e me arrumei, sentei-me na cama e pensei. Agora o perdi de vez, não havia volta, por que não conseguimos mandar no coração? É só um órgão idiota que nos faz sofrer, talvez devesse arranca-lo e jogar no lixo. Ouvi um barulho na cozinha e achei que papai tivesse acordado, me levantei e fui a cozinha, mamãe preparava café, Dylan estava começando a se vestir.
- Bom dia, mamãe.
- Bom dia, querida. - Coloquei a mesa, e fui chamar Dylan para tomar café.
- Bom dia.
- Bom dia, Freya. - Disse ele enquanto vestia sua botina.
- Como dormiu?
- Bem.
- Que bom, venha tomar café. - Voltamos a cozinha, onde nos sentamos e nos servimos.
- Me passe a leiteira, por favor. - Peguei e dei a ele.
- Papai irá preparar a terra hoje? - Perguntei a minha mãe.
- Sim, mas ele está um pouco indisposto. Talvez demore a se levantar.
- Diga para ele não se preocupar que eu começarei.
- Você conhece bem da terra, não é? - Perguntou Dylan.
- Sim, meu pai me ensinou tudo o que sei, cresci dependendo dos frutos da terra. Se ela vai mal não comemos. - Na nossa família fomos divididas, eu fiquei da responsabilidade de meu pai e Greta de mamãe. Ele me ensinou a cavalgar, cuidar da terra e a negociar. Já Greta aprendeu a tricotar, cozinhar e limpar. Ela fora criada para ser uma esposa e eu já para ser o que quisesse, mesmo que as mulheres não tenham um papel na sociedade.
- Bom, assim você poderá fazer parte da nossa.
- Greta a ajudaria, mas agora ela não mora mais aqui e tem suas prioridades. - Mamãe fazia uma propaganda boa dela.
- Greta? Ajudar? Ela não ajudava nem quando estávamos precisando. - Não é que ela não fizesse nada, ajudava ás vezes em casa, mas a partir daí não colocava as mãos na massa.
- Não fale assim.
- Desculpe-me.
- Eu a ajudaria, mas preciso ir até a fazenda de Johnathan ajudar o seu pai.
- Tudo bem, eu não aceitaria sua ajuda mesmo.
- Quer que eu mande Greta?
- Não, ela agora não pertence mais essa família. - Não é que eu quisesse fazer discórdia.
- OK. - Um gemido fez se ouvir do quarto, mamãe correu e eu fiz menção de me levantar e ela mandou eu ficar.
- Tudo bem? - Dylan perguntou.
- Não sei, acho melhor você ir. - Eu não queria expulsa-lo.
- Tudo bem. - Ele se levantou e eu o acompanhei até o celeiro onde ele preparou seu cavalo.
- Desculpe pelo incomodo.
- Tudo bem, você é bem vindo.
- Obrigado por me receber.
- Tudo bem. - Eu carente me aproximei e o abracei, ele passou a mãos pelos meus braços. Talvez ele me fizesse feliz.
- Você me dá um beijo? - Perguntei quando o soltei.
- Claro. - Ele colocou meu cabelo de lado e beijou minha bochecha.
- Não, assim. - Andei até ele e segurei no seu colarinho, na ponta dos pés me levantei para alcançar sua boca, ele recuou primeiro, mas não deixei e insisti até que consegui, ele tentou me soltar segurando em meu braço, depois parou, e se envolveu.
- Sabe que só podemos depois do casamento. - Ele falou depois de me soltar.
- Sei, mas ninguém viu.
- Não deixa de ser errado.
- Tudo bem, não farei mais isso. - Abri a porta e ele subiu no cavalo, cavalgou para longe. Aproveitei que já estava ali e peguei uma enxada. Andei até onde ficava o campo, e amarrei meu vestido de um maneira que desse mais mobilidade nas pernas. Comecei perto da cerca e fiz uma linha meio reta até o outro lado, agora só faltava fazer as próximas. Papai chegou mais tarde com uma maçã e me ajudou, fazíamos uma bela dupla, as vezes eu o olhava com o canto do olho e o observava, eu nunca o verá tão cansado, abatido, será que estava doente? Fiquei preocupada, mas nada disse somente continuei com meu trabalho, tínhamos que fazer as filas para depois plantarmos as sementes, era uma tarefa árdua já que tínhamos que ficar de baixo do sol escaldante, dali onde eu estava conseguia ver minha casa, e vi quando uma charrete chegou, não consegui ver quem desceu por estar longe, porém não dei interesse, continuei a me concentrará a ajuda-lo, mas para atrapalhar Greta chegou, a olhei de cima a baixo. Um dia, um único dia e já mudará completamente, suas vestes agora de primeira mão tinham um fundo floral, seu cabelo amarrado como uma pessoas da alta sociedade, o que me irritou mesmo foi aquele estúpido guarda-chuva que carregava apoiado ao ombro enquanto rodava.
- Olá. - Ela disse e senti na sua entoação o ar de superioridade, papai fez menção de abraça-la, mas ela fez uma coisa que me magou e sei que a ele também. - Por favor papai, olhe minha roupa assim irá me sujar.
- Como vai, Greta? - Perguntei colocando a mão em frente aos olhos para impedir a claridade do sol.
- Me chame de senhora Lewistown. - Por Deus como se destruirá, já que ela estava se achando eu iria derruba-la do pedestal.
- O que quer aqui? - Brociferei ríspida.
- Isso são modos? - Papai se cansou dela e voltou a cavar.
- Você tem algo a dizer ou só veio mostrar como está se adaptando a vida de casada?
- Como você é bruta Freya, sorte sua que Dylan não conhece você bem o suficiente.
- Eu não tenho tempo para suas "necessidades" de ser cordial comigo, sempre me dirigi assim a você.
- Agora mudou, sou uma mulher casada e exijo respeito.
- Vá exigir isso do seu marido, e por favor saia do caminho. - Disse batendo com a enxada perto dos seus pés a fazendo pular.
- Estúpida, a Ashley está querendo falar com você. - Me fiz de obtusa.
- Quem é Ashley?
- Meu Deus o que fiz? - Falou ela olhando para o céu enquanto fazia drama. - A mãe de Johnathan.
- Tudo nem, já deu o recado pode ir. - Ela virou-se bruscamente e saiu pisando fundo e berrei para ela.
- Cuidado madame para não sujar os sapatos. - Ela se virou para mim e mostrou a língua e seguiu seu rumo, olhei para meu pai e ele sorria.
- Não deve falar assim com sua irmã.
- Então por que está rindo?
- Me lembro de quando eram meninas ainda. - Sorri com compaixão.
- Preciso ir.
- Tudo bem, boa sorte com aquele comboio.
- Obrigada. - Derrubei a enxada no chão e abracei meu pai, sua camisa molhada do suor grudou em minha pele, sua barba que pingava molhou meu ombro, me soltei dele e corri em direção a casa.
Retirei o calçado e o coloquei do lado da porta, meus pés quentes encontraram no piso gelado, na sala não encontrei ninguém, mas ouvi as vozes que vinham da cozinha e fui para lá. Mamãe, a senhora Lewistown, Greta, Dylan, Johnathan e uma mulher que eu não conhecia estavam conversando alguns bebiam água já outros chá.
- Boa tarde.
- Boa tarde, senhorita. - Me cumprimentou Johnathan.
- Meu tio me liberou para que eu e pudesse vir aqui. - Falou Dylan enquanto tomava um pouco de água.
- Que bom. - Disse indo para o seu lado.
- Como vai, querida? - A senhora Ashley me perguntou.
- Bem, estava ajudando meu pai.
- Que bom que o ajuda.
- E vejo que não era uma tarefa fácil pelo seu estado. - Disse Greta querendo me rebaixar, olhei para baixo e ela tinha razão.
- Realmente, agora eu e ele sustentamos a fazenda.
- Não se preocupe irmãzinha em breve essa fazenda será minha. - Isso era verdade e me doía.
- Verdade, espero que possa cuidar dela tão bem quanto papai faz.
- Meninas o que está havendo? - Mamãe perguntou.
- Nada.
- Então o que a senhora deseja falar comigo? - Me virei a Ashley.
- Eu gostaria de falar com você e Dylan um pouco.
- Claro, você podem nos dar licença. - Eles se levantaram e saíram para a sala, eu me sentei e Dylan também a u mulher que ficará parada deu um passo a frente.
- Essa é Teresa. - Me apresentou Ashley.
- Senhorita.
- Prazer em conhecê-lá.
- Ela é a costureira e vai tirará suas mediadas.
- Claro.
- Fique de pé por favor. - Ela me pediu e eu obedeci, com um bloco de notas que tirará da sua bolsa e uma fita métrica me média e anotava.
- Para que isso?
- Seu vestido, quero que seja tudo perfeito, aposto que a mãe de Dylan estivesse viva estaria aqui.
- Obrigada.
- Não a de que, Dylan me pediu para que você não se preocupasse com nada, pode deixar que eu irei organizar você só precisa me dizer sua preferência.
- Tudo bem, o que quer saber?
- Quantos convidados?
- Somente minha família, mais os de Dylan. - A costureira tomava a medida do meu quadril.
- Tudo bem, pode deixar que eu cuido disso. E flores?
- Tulipas.
- Acho que orquídeas ficariam melhor. Comida?
- Dylan pode escolher também.
- E música, quer os violinistas?
- Claro.
- As alianças? - Parecia um interrogatório.
- Estão comigo. - Se pronunciou Dylan. - Eu ja falei com a empregada que arrumou sua irmã e a contratei para você.
- Eu mesma preferia me arrumar.
- Claro que não. - Para mim não parecia que eu estivesse escolhendo.
- Seu casamento será no fim da tarde certo?
- Sim.
- Tudo bem, acho que já é o suficiente no decorrer da semana peço para alguém lhe aviar caso eu precise de algo.
- Obrigada.
- Eu que agradeço. - Esperamos a costureira terminar de tomar as medidas e guardar suas coisas.
- Precisamos ir agora.
- Espere não posso optar no meu vestido?
- Não será necessário.
- Mas...
- Pode confiar sairá perfeito.
- Tia acho Freya tem que ter mais liberdade de escolha. - Disse ele com a mão em meus ombros.
- Querido deixe de besteira. - Ela saiu para a sala e a empregada foi junto.
- Sinto muito.
- Tudo bem. - Falei indo também a sala. - Eles se preparavam para ir embora, os acompanhei até a porta e vi Johnathan ajudar sua mãe, Greta, e a costureira subirem na charrete, depois ele entrou e fechou a porta. Dylan me abraçou sem ligar para meu estado, depois se despediu de minha mãe e subiu na charrete como motorista e foi embora. Fiquei ali na soleira da porta observando eles irem, foi uma visita rápida, mas objetiva, me senti que eu não estava tendo muita escolha no meu casamento, porém eu não liguei, o principal motivo não era se o casamento fosse extraordinário, mas sim esquecer Johnathan. Amar Dylan. Ver Greta feliz. Me arrependi pelo modo que a tratei e prometi a mim mesma que seria uma irmã melhor.

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Freya & Johnathan
RomanceUm amor entre dois jovens que não podem assumir o relacionamento, sofrem barreiras para se afastarem. Freya uma jovem determinada está apaixonada por Johnathan Lewistown, dono da fazenda vizinha. Freya moça simples de família pequena esconde seus...