Bem vinda

123 9 0
                                    

Obs: Quando Freya chegou a Houston.
***

Estávamos parados em frente a casa onde eu teria que morar, era linda, grande, branca, com janelas altas e um belo jardim rodeava a casa.
- Bem vinda a nossa casa. - Dylan falou segurando a porta, fiquei parada olhando ele ali segurando e me encarando com grande expectativa.
- Está tudo bem, Freya? - Perguntou ao me ver sem reação.
- Está sim. - Eu achava que estava, não tinha medo, mas estava longe de casa.
- Venha, quero lhe mostrar pessoalmente a casa. - Subi os cinco degraus de escada que levava até a porta e adentrei. O hall de entrada era brilhante, uma mesa de centro com um vaso de flores, um lustre ornamentado. Ele pousou a mão em minhas costas e me guiou mais adentro até a sala.
- Sinta-se a vontade. - Admirei a sala espaçosa, os grandes sofás, os divãs, a mesa, as estantes, a lareira.
- Tudo aqui é seu agora. - Falou enquanto eu andava pelo local prestando atenção em cada detalhe.
- Venha Freya, quero lhe apresentar aos copeiros. - Ele indicou com o braço o corredor que havia do lado esquerdo do cômodo perto da mesa de jantar, entramos na cozinha onde havia duas mulheres e um homem, assim que nos viram pararam o que estavam fazendo.
- Bem, está é Marta a cozinheira. Ela prepara as melhores comidas, você irá gostar.
- Se ela for metade do que você ja me disse tenho certeza que sim. - Comentei.
- Senhora. - Ela me cumprimentou com uma reverência e eu lhe retribui com um sorriso amarelo.
- Este é Richard, o capataz. - Era um senhor de idade.
- Senhora.
- E por fim, Madeleine, a copeira chefe. - Está ja era mais jovem.
- Senhora.
- Prazer em conhecê-los, eu sou Freya.
- Freya, agora é minha esposa, sendo assim ela também irá dar as ordens e espero que as obedeçam. - Enquanto ele falava observei ao redor, as panelas brilhantes, o espaço, uma cozinha que sempre sonhei.
- Sim senhor.
- Obrigado. - Ele me levou para a sala novamente.
- Tenho que lhe mostrar o resto da casa. - Seguimos por um corredor longo, não havia fotos, nem decoração, mas no final consegui ver o jardim.
- Aqui fica o meu escritório. - Falou me levando a uma das portas.
- Entre, pode vir aqui quando quiser. - Era um cômodo claro, cortinas bege, janelas altas, várias estantes.
- É muito bonito.
- Obrigado, venha quero mostrar o seu.
- Eu terei um escritório?
- Claro, você me disse que gosta de negócios e achei que seria apropriado se tivéssemos salas separadas.
- Obrigada. - Falei entusiasmada. - Voltamos ao corredor e entramos no cômodo que ficava na frente do de Dylan.
- Este é o seu lugar para fazer o que quiser. - Era muito parceiro com o dele, havia duas estantes vazias, um belo divã de cor marsala, cortinas pesadas que iam do teto ao chão e uma mesa de centro com um belo buque de rosas.
- Você sabe que flores são essas, Freya? - Ele perguntou andando até o vaso.
- Não. - Respondi andando até ali para vê-las de perto.
- São gloxínias. - Ele retirou uma flor do vaso e segurou em suas mãos.
- São muito bonitas.
- Elas tem um significado especial, muitos acreditam que elas indicam amor a primeira vista.
- E você acredita?
- Agora sim. - Ele deu a volta na mesa e veio a mim.
- Dizem que quando se da um uma flor dessas é um pedido de casamento ou namoro. - Ele inspirou o aroma da flor e a prendeu em meus cabelos.
- Obrigada. - Ficamos em silêncio, eu não sabia o que fazer, era um silêncio estranho, a última vez que vi esse silêncio foi com Johnathan, estava tudo calmo, mas ao mesmo tempo estava um turbilhão de pensamentos. Dylan colocou uma mecha de cabelo minha atrás da orelha e ali permaneceu com sua mão.
- Eu gostaria de conhecer o resto da casa. - Falei e assim ele se despertou.
- Claro. - Dylan pigarreou. - Venha. - Me levou aos quartos que ninguém utilizava.
- Temos muitos quartos sobrando aqui, talvez enchemos com nossos filhos. - Filhos? Quem disse que eu queria ter filhos com ele?
- É uma possibilidade.
- Esse é o nosso quarto. - Era espaçoso, mas um pouco escuro, com uma cama de casal enorme, um guarda roupa e um divã.
- Suas coisas serão colocadas nas gavetas em breve.
- Tudo bem, obrigada.
- Esse foi o último cômodo.
- Sua casa é muito bonita e aconchegante.
- Nossa, agora é sua. - Ficamos em silêncio, eu não sabia como proceder, como será que minha mãe se sentiu quando se casou? Será que eu deveria falar alguma coisa? Deveríamos estar nos conhecendo, certo?
- Você sempre morou aqui sozinho?
- Não, até os dez anos morei com meus pais.
- E onde eles estão?
- Morreram em um incêndio.
- Sinto muito. - Que idiotice a minha perguntar.
- Tudo bem...
- E...
- Me daria a honra em me acompanhar em um passeio?
- Sim. - Ele abriu a porta novamente e saiu para o corredor, eu suspirei ali sozinha, retirei a flor do meu cabelo e joguei sobre a cama. No corredor ele me esperava.
- Por aqui, senhora. - Ele estendeu o braço e eu passei o meu por ali, seguimos para a porta no fim do corredor que se abriu em um lindo gramado, havia flores para todo lado, uma fonte, árvores enormes. Olhei mais ao longe e vi um lago onde patos e gansos nadavam.
- É lindo.
- Obrigado. - Andamos sobre a relva até uma grande árvore e nos sentamos no chão.
- Quero poder lhe conhecer melhor. - Falou ele me olhando pelo canto do olho.
- É um desejo recíproco.
- Hum, o que você gosta de comer? Eu sei que é uma pergunta um pouco estúpida, mas a felicidade está nos detalhes.
- Não é estúpido, seria bom se conhecermos todos os gostos e anseios um do outro. - Ele sorriu.
- E então?
- Vamos ver, com certeza em primeiro lugar é torta de maçã, adoro maçãs.
- É uma das especialidades de Marta.
- E você?
- Prefiro doces, bolos de chocolate.
- Não é nada ruim. - Ficamos em silêncio novamente.
- Realmente é uma situação um pouco constrangedora. - Ele disse.
- Talvez porque não nos conhecemos ainda.
- Em Cambridge não notei este clima.
- Tudo bem, vamos trabalhar nessa situação. - Ele se deitou na grama e encarou o sol entre as frestas da árvore, e eu o analisei, era belo, a pele branca, os olhos castanhos, os cabelos pretos e analisei o peito largo... quando voltei a atenção para seu rosto ele me encarava com um sorriso. Sem jeito me deitei ao seu lado na grama e encarei seu olhos e sorri. E assim o silêncio crescia novamente, o silêncio estranho voltou, Dylan sorriu e se apoiou nos cotovelos e se virou em minha direção, eu fiquei ali parada observando ele se aproximar, seu rosto se aproximar do meu, sentir o calor que emanava do seu corpo, o toque de suas mãos quando segurou minha cabeça e o gosto dos seus lábios nos meus. Definitivamente este clima não existia em Cambridge, talvez porque aqui, agora, seríamos somente eu e ele.

Freya & JohnathanOnde histórias criam vida. Descubra agora