POV OtavianoDepois de beber o café na lanchonete do hospital, respiro fundo e subo. Abro a porta devagar e a encontro dormindo. Parece um anjo. Ela é um anjo, pode até não ser um anjo como nas fantasias, mas é meu anjo, que eu sei que me protege e que preciso proteger de volta.
Sento na poltrona ao seu lado e fico assistindo a um jornal de canal fechado. Quase a noite, um médico retornou ao quarto, mas Monica continuava dormindo.
- Olá, meu caro. Como ela está?
- Bem, faz umas duas horas que está dormindo, se mexe a cada quinze minutos pra ficar numa posição mais confortável, mas não provocou e nem se queixou de dores. - Monica acorda devagar e nos olha. - Oi, minha linda.
- Então, Monica, como você está? Pronta para receber alta? Emanuel falou que se tiver bem posso liberar. - Ela me olhou e concordou após respirar fundo.
- Estou bem, sem dores. - Monica diz voltando a olhar para o novo doutor.
- Sem esforços, hein? Claro que pode continuar indo para a faculdade, mas cuidado com a alimentação e risco, temos seis meses pela frente para cuidar desse bebê. Próximo mês vemos o sexo? - Monica assentiu sorrindo. - Vou pegar o documento para assinar como alta, podem se ajeitar.
- Obrigado. - Digo enquanto ele sai.
Monica levanta e pede a roupa que está em cima da bancada. Fico na porta para que ninguém entre enquanto ela se veste. Após dez minutos, o doutor voltou com a alta. Vamos devagar até o carro e coloco seu cinto no banco do passageiro. Dou a volta e entro no banco do motorista.
- Não precisa ficar me cuidando desse jeito, ok? - Ela resmunga olhando pro volante. - Não quero atrapalhar sua vida.
- Você está maluca, né? Acabamos de discutir lá no hospital, vou cuidar de você sim, e ai de você se não querer. - Ela ri e a encaro.
- Você falando "ai de você", que milagre. - Sorrio de lado e dou partida no carro.
Dirijo para seu apartamento. Subimos juntos em silêncio. Ela senta no sofá e liga a TV.
- Hoje é...
- Domingo.
- Amanhã tenho aula.
- Jura, amor? Você...
- O médico mandou eu fazer tudo, mas com cuidado. Tenho mais dois meses de aula, preciso ir pra não repetir cadeira.
- Aham.
Digo ao vento e sento ao seu lado. Ficamos em silêncio por alguns segundos. Não aguento ficar assim com ela.
- Você pode até não querer eu dentro da sua casa, mas eu preciso ficar perto de vocês para cuidados, certo? - Ela me olha. - Então, vou indo pra casa, sua tia pegou as malas e foi pra algum lugar que não faço ideia, o divórcio sai em breve e ela já disse que vai para os Estados Unidos.
- Preciso falar com ela.
- Eu sei, tente marcar uma visita dela aqui. - Ela cerra os olhos. - Ou marque em algum lugar. - Engulo em seco.
- Vou me deitar, amanhã tenho aula cedo e vou ter que aguentar Dani perguntando sobre tudo. - Sorrio de lado e concordo.
- Qualquer coisa me liga. - Lhe dou um beijo na testa e levanto. - Eu te amo. Amo vocês dois.
Vou pra porta e ela me acompanha com o olhar.
- Dorme comigo. - Ela diz e lhe olho receoso. - Por favor.
- Claro. - Tranco a porta da sala e apago a luz. - Vamos dormir, meu amor.
Escuto uma risadinha e vamos para o quarto em meio ao escuro. Logo nos ajeitamos no quarto, deitamos e apagamos a luz. Me aproximo dela e lhe abraço, dando um beijo em seu rosto.
- Como será que vai ser quando ele nascer? - Ela pergunta olhando pro teto, enquanto eu a olho.
- Como sabe que é ele? - Pergunto desconfiado.
- Ele que eu digo o bebê. Porque? Você quer uma menina?
- O que vier está ótimo, mas uma menina linda que nem a mãe seria ótimo! - Ela sorri encarando o teto. - Posso falar como vai ser?
- Sim. - Ela sussurra.
- Daqui a seis meses, nós estaremos juntinhos deitados na cama, olhando para o teto. Você vai começar a cochilar e eu vou ficar observando, até ter a certeza que dormiu, para aí sim eu dormir tranquilo. Quando amanhecer, vou acordar e vou me arrumar para o trabalho, enquanto você vai continuar dormindo que nem um anjo. Aí quando eu estiver calçando as meias, você vai sentar de uma vez com uma dor. Sim, sua bolsa vai ter estourado. - Ela sorri. - Você vai gritar "A BOLSA ESTOUROU" e eu não vou saber o que fazer, talvez passe uns dez minutos parado lhe encarando, então não me mate, por favor. Vou ligar para a Dani no meio do caminho do hospital e quando chegarmos lá, tenha a certeza que ela já vai estar. - Mo ri concordando. - Vamos entrar na sala de parto horas depois, quando você estiver pronta para dar a luz ao nosso filho e quando você estiver dando seu vigésimo grito, ele vai chorar enchendo nossos corações de alegria e amor.
Monica se vira e me olha.
- Você anda vendo muito filme, sabia?
- Talvez nossa vida seja um filme, só a gente que não sabe. Deixa eu terminar! - Ela ri e assente. - Vamos voltar para casa com nosso filho, colocá-lo no berço e dormir na cama. Quando se passar um mês, quando você terminar de dar leite para ele, vamos cantar os parabéns por um mês de vida.
- Sério?
- Vamos fazer o aniversário dele mensalmente até um ano. Então, depois de cantarmos parabéns e ele dormir, nós vamos entrar no quarto, tirar a roupa e deitar. Fim.
- Só isso? - Ela diz maliciosa.
- Não quero estragar o final, não quero dar spoiler do que vai rolar quando a gente deitar.
- Você é muito safado. - Ela diz rindo e fechando os olhos.
Fico lhe observando por uns minutos. Enfim, ela respira fundo e adormece.
- Eu te amo, branquela.
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Amor E Suas Drogas
FanfictionMonica é uma estudante de Artes Cênicas, do Rio de Janeiro. Há pouco tempo, foi surpreendida por sua tia, Helena, com um novo casamento da tia. Ela não conhecia o cara, mas já sabia que não iria ser boa coisa, sua tia já estava se casando pela quart...