Voltando para o Rio

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- Seus tios querem ir, melhor respeitar. A gente se fala, temos o número um do outro. - Murilo me coloca na sua frente e me olha nos olhos. - Posso ir pro Rio qualquer final de semana, ficamos juntos, você vai pra BH...

- Fechado. - Lhe dou um beijo na boca e saio.

Otaviano sai atrás de mim. Vou andando em direção a recepção com Otaviano atrás de mim, pisando duro e resmungando alguma coisa. Ele me puxa de uma vez pelo braço e nossos corpos se colam.

- Me escuta! Esqueça esse cara, volte para o Rio e você troque de número. - Franzo a testa.

- Você só pode está maluco! - Lágrimas rolam pelo meu rosto. - Acabaram de levar minhas coisas e você fica tentando controlar a minha vida pessoal?

- Sua vida pessoal pertence a mim.

- Nunca pertenceu e nunca vai pertencer! A única coisa que eu tenho nesse momento são essas porcarias de presentes e esse biquíni, todas as minhas roupas, sapatos, acessórios foram roubados, você não tem um pingo de pena de mim? Porque não vão embora e me deixam aqui? Continuem a lua-de-mel longe de mim! - Ele coloca sua mão livre em minha nuca. - Me larga!

- Quando voltarmos pro Rio, você compra tudo de novo, suas roupas, sapatos, eu pago, sem problema.

- Não ligo pro seu dinheiro, eu posso muito bem comprar, eu tenho roupas em casa! A única coisa me aborrece é que você acha que pode me controlar, pode casar com a idiota da Helena só para ficar próximo de mim, mas não sabe o quanto ridículo isso está sendo. - Tiro sua mão de minha nuca e braço. - Minha vontade é contar tudo pra minha sobre seu mau caráter. E é isso que vou fazer. Minha tia não lhe merece.

Me viro e saio andando, determinada a contar sobre o contrato. Mesmo que ela me odeie para sempre.

- Nem você merece a sua tia. - Me viro e trombo com ele bem atrás de mim. - Eu sei coisas sobre você que não tem ideia.

- O que sabe sobre mim? - Cruzo os braços o encarando, agora com as lágrimas enxutas.

- Sei que acha que sua tia é a pessoa mais santa do mundo, que nunca fez nada de errado, mas começou errando quando lhe adotou. - Franzo a testa.

- Ela cuidou de mim porque minha mãe faleceu no parto! - Quase grito, rangendo os dentes.

- Você que pensa! Sua mãe realmente faleceu, mas quem prova que Helena realmente é a sua tia? Você era bebê. - Fico o fitando, esperando que desse alguma risada, mas ele não esboça uma reação.

- Você é um doente.

Me viro e saio quase correndo até a recepção. Encontro tia Helena de braços cruzados andando de um lado para o outro. Me aproximo e pela primeira vez, em anos, ela me abraça. Retribuo o abraço e vejo Otaviano chegar minutos depois.

- Vamos, o carro está nos esperando para voltarmos a Fortaleza e pegar um voo pro Rio. São três horas de viagem de carro ainda. - Ele pega duas malas e entrega ao motorista do carro. - Estão prontas?

- Eu não, né? Só tenho um celular, presentes e uma roupa no corpo.

- Não entendo porque foram direto para seu chalé! - Tia Helena diz.

- Com certeza porque ela não estava no hotel, estava longe com um rapaz desconhecido. - Otaviano fala grosso e abre a porta do carro para nós duas entrarmos, e entra em seguida. - Agora vamos, precisamos chegar logo no Rio.

Acabo dormindo até Fortaleza. Acordo com Otaviano me cutucando. Acordo atortoada e não vejo mais Helena ao meu lado, apenas Otaviano. Olho pra trás e o motorista está retirando as malas do porta-malas.

Amor E Suas DrogasOnde histórias criam vida. Descubra agora