Amor E Suas Drogas

No quarto

POV Otaviano

Acabo ficando nervoso e apenas assinto com a cabeça que sim.

- Então, sua esposa está bem, dentro do possível. Ela vai ficar hospitalizada por uns dias por causa das paradas cardíacas, mas apenas pra prevenção.

- Graças a Deus, eu posso vê-la?

- Claro! E se puderem reduzir a visita fica melhor, vamos deixar entrar de dois em dois por causa do recém-nascido.

- Certo. Vou acompanhá-la e os padrinhos vão juntos, ok?

- Tudo bem, me sigam, os outros podem aguardar aqui fora.

Sigo o médico junto com Dani e Marcelo. Entramos no quarto e Monica estava quase cochilando, ainda pelo efeito da anestesia.

- Ela está bem, esse efeito é pela anestesia, talvez acorde totalmente daqui um tempo. Vou mandar o jantar dela mais cedo.

- Obrigado. - Digo e me aproximo dela, beijando sua mão. - Oh, minha querida.

O médico sai e uma enfermeira entra com o Lorenzo no colo, colocando-o no bercinho ao lado da cama/maca.

- Ele precisa mamar, ele vai chorar quando estiver com fome. Qualquer coisa, só chamar.

A enfermeia sai e fecha a porta. Olho pra Monica e ela já está dormindo novamente.

- Só queria conversar com ela...

- Daqui a pouco ela está acordada para ver a família de vocês. - Marcelo fala e sorrio de lado.

- Meu Deus, o Lorenzo é muito fofo! - Dani diz com voz de bebê e rimos. - Oi, eu sou a sua dinda! Eu sei que sou linda, muito obrigada...

Dani pega Lorenzo no colo e fica ninando, depois passa para Marcelo. Ficam algum tempo com a gente e decidem ir embora. Quando saem, puxo o bercinho para perto do sofá do quarto e fico o observando encarar o teto.

- Oi, Lorenzo... Tudo bom? Cê quer conversar? - Ele faz barulhos com a boca e sorrio. - O que você quer saber? Do seu quarto? Ah, seu quarto é lindo! Papai mandou fazer um quarto todo arquitetado, a sua cara, sua mãe adorou. Que? Quem é sua mãe? Mas você acabou de sair de dentro dela, cara! - Lorenzo segura meu dedo mindinho com força e sorrio. - Como você é forte! Será que vai fazer alguma luta marcial?! Eita, sua mãe vai enlouquecer se você pensar nessa hipótese! Ah, falando na sua mãe, ela é linda, maravilhosa, ótima mulher e me faz muito feliz. E cá entre nós, muito gostosa.

Lorenzo me olha curioso ainda segurando meu dedo. Fico o olhando e vejo detalhes do seu rosto, como os olhos redondos e castanhos iguais aos da mãe e o mesmo nariz empinadinho, só a boca que era um pouco parecida com a minha.

- Você puxou a sua mãe, cara? Será que vai puxar igual ao papai aqui embaixo? - Rio e ele boceja.

- Não acredito que está falando essas baboseiras para o Lorenzo. - Escuto a voz dela e lhe olho. Ela acordou.

- Oh, meu amor! - Levanto rápido e retiro o dedo da mão de Lorenzo. - Você tá bem?

- Sim, eu quero ver meu filho. - Sorrio, pego Lorenzo no colo. - Cuidado com ele, Ota!

- Calma, eu sei segurar o meu filho. - Entrego ele para ela.

Não sei bem qual foi aquela sensação para ela, mas eu como pai tive a melhor sensação do mundo.

Um homem tão filho da puta como eu, hoje com uma mulher maravilhosa. A sensação de ter um pequeno ser humano no colo, fruto do seu amor com outra pessoa, é uma ótima sensação. Não sei o que senti quando o segurei na sala de parto, muito menos sei o que senti quando ela deu aquela parada cardíaca. Meu coração quase parou, pois meu mundo podia ir embora a qualquer momento.

- Amor? - Ela me chamou e a olhei. - Te chamei três vezes, onde cê tava?

- Desculpa, eu viajei um pouco. - Sorrio de lado e me aproximo mais, lhe dando um beijo na testa. - Não dói?

- Um pouco, ele puxa muito, está faminto! - Lorenzo mama feito um faminto bebê. Monica faz algumas caretas pelos puxões, mas sorri em uns momentos quando o vê no seu colo. - O que houve na sala de parto? Eu apaguei assim que deitei.

- Você foi anestesiada por causa da cesária.

- Ah... Demorou muito pra fazer? Já é quase noite, e entramos aqui de manhã.

- Eu sei, é que rolou algumas coisas, mas vamos esquecer, pro nosso bem. - Ela assentiu ainda curiosa, mas tratou de esquecer. - Eu te amo. Aliás, amo vocês.

- Eu também te amo. - Nos beijamos rápido e ficamos o olhando mamae, até adormecer.

- Tem que colocar pra arrotar, né? - Ela mesma coloca pra arrotar e me dá para que eu o coloque no berço. - Seu jantar deve estar chegando.

- Oba, estou com fome.

- Vim ver a pequena criatura. - Olhamos pra porta e vemos Helena entrar.

- Meu filho não é uma criatura! - Monica fala alto.

- Helena, é melhor você ir. A Monica acabou de ter um filho e...

- Ela precisa descansar? Ah, me poupe! Descansar pra que? Daqui a pouco ela vai ter que deixar o filho com você!

- Que? - Digo junto com Mo.

- Não se faça de desentendida, Monica, sabe muito bem do que estou falando.

- Do que ela está falando, amor? - Pergunto pra Monica.

- Sei lá, Otaviano!

- Sua esposa vai viajar para vários países e lhe deixar com o filho pequeno em casa! Isso mesmo, ela vai desfilar apenas de lingerie por vários países, sabe se lá o que ela vai fazer nos camarins desses desfiles só de lingerie, né? Ela tomou você de mim, o que ela não pode fazer com outros pelo mundo a fora?