- Me deixa sozinha por favor. – Os lábios secos e ressecados pronunciaram em um tom de voz baixo a palavra que ela mais dizia.
- Mas minha querida, coma algo. – A avó falou, ainda segurando bandeja de sopa que havia feito pra neta.
Todos os dias era assim, Dona Luiza, ia no quarto da neta e tentava lhe dar algo de comer, e por incrível que pareça, ela comia três vezes na semana e olhe lá.
Amy desde que havia perdido sua mãe no incêndio que houve em sua casa nunca mais foi a mesma. Morava com a avó que não sabia o que fazer ao perceber que a neta se afundava cada vez mais. A garota aos poucos se distanciou de tudo e todos, dormia dia e noite e quando acordava não conversava como antes nem muito menos comia, trancou-se entre quatro paredes... Aos poucos foi perdendo o peso e vivia sempre enfiada no quarto, sua avó sempre a paparicava e tentava por seu animo pra cima, mas ela sempre desanimada dizia estar bem.
Amy em um ano ligeiramente mudou a maneira de pensar, pra ela não havia um motivo pra seguir em frente, por mais que sua avó demonstrava amor por ela, Amy não conseguia retribuir, era como se seus sentimentos tivessem sumido. Todos os dias se olhava no espelho e não sentia prazer em viver, achava sua vida uma merda e ela era uma aberração assim como sempre diziam quando mais nova. Amy sabia que não é mais uma garotinha, com seus dezenove anos já era pra estar em um emprego ajudando sua avó e fazendo uma faculdade, para ter uma futura profissão. No fundo ela queria, queria poder mudar e conseguir se expressar, mas se sentia acorrentada e presa a algo que não a permitia se expressar. Ah se conseguisse, gritaria a plenos pulmões que precisava de ajuda, que queria sair daquele abismo no qual ela entrou, se perdeu e não consegue mais sair. Tudo diante dos olhos de Amy era ruim, feio, sem graça, nada valia a pena.
- Ah adivinha quem irá vir morar na casa aqui dos fundos? - A senhora ainda encostada no batente da porta, tentava um diálogo com a garota, vendo que ela não respondeu, continuou. – Sua tia Dianna. – Dona Luiza sorriu bem de leve.
Amy puxou as cobertas até os ombros e encarou a avó na porta, se acomodou no colchão. Sentindo sua própria respiração bater rente as suas mãos que estavam juntas por debaixo de suas bochechas, apoiadas em cima do travesseiro. Como sempre fazia, olhou pra janela, vendo a claridade e as folhas da árvore que se encostavam no vidro, fechou os olhos como se imaginasse a sensação de sentir o vento em seu rosto. A avó apenas a olhou, ao fechar a porta apenas pronunciou com brandura: "Eu te amo".
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Give me love (Concluída)
FanfictionAproximação, palavras, gestos, caricias, amor. Seriam capaz de tirar alguém da depressão? O amor pode ser um refúgio? Enquanto uma garota presa em si mesma, se perdia cada vez mais em um buraco fundo no qual, segundo ela, não conseguiria jamais sair...