Capítulo 6

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Eu não sabia o que esperar da minha vida daqui em diante, muitas coisas tinham mudado e eu não sabia o que fazer, na verdade antes de tudo acontecer eu já não sabia o que fazer, mas eu ainda tinha como desculpa o meu pai, que eu via como uma barreira para dar qualquer passo a frente na minha vida e agora essa prisão que eu criei no meu subconsciente não existe mais e eu ainda continuo com essa incógnita que me acompanha onde quer que eu vá.

Depois de cinco dias internada naquele hospital, sendo que desses, três eu fiquei desacordada, pelo menos foi o que July me disse, finalmente tomei coragem e aceitei rever o pai da July, quando me viu ele chorou disse que se ele tivesse tomado conta de mim nada daquilo teria acontecido e eu o convenci que ele não tinha culpa e que ele não tinha a obrigação de me proteger e que na verdade esse papel era do meu pai, era dele a obrigação de me proteger e de me amar e ele não fez nada disso ao contrário ele só plantou dor e infelicidade dentro da nossa família; depois de abraçar e chorar mais um pouco tentaram me convencer a ficar com eles mais como eu tinha dito antes eu não queria voltar para aquela cidade e não podia permitir que modificassem toda a vida deles por minha causa então quando a assistente social e a psicóloga do conselho tutelar chegou eu reafirmei o meu pedido de ir morar em alguma instituição até completar a maior idade.

O meu pedido foi aceito pela assistente social já que eu nao tenho nenhum parente vivo e o pai da July não tinha obrigação de me receber em sua casa, era então obrigação do estado minha sobrevivência; disse que providenciaria tudo o mais rápido possivel e saiu para fazer algumas ligações enquanto eu conversava com a psicóloga.

- tem certeza que é realmente o que quer, pessoas que passam pelo que você passou tem que ficar perto de quem ama e que retribui esse sentimento e aqui eu vejo que você tem isso.

- eu sei que essas duas pessoas que estão ali fora me amam muito e eu os amo de volta, mas por maior que esse amor seja, não me dará a coragem necessária para enfrentar toda uma cidade que com certeza me julgará por tudo que fiz e não esqueceram tão cedo de tudo.

- eu entendo todas as suas angústias e acredite em mim quando eu digo que isso passa eu vi muitas pessoas que passaram o mesmo que você e hoje são felizes, umas demoraram meses e outras anos mais conseguiram e você pode conseguir.

- obrigado doutora, eu juro que eu vou fazer o possível para ser feliz, eu não vou usar o que me aconteceu como algo destrutivo eu sei que vai demorar um pouco para me livrar do medo e dos pesadelos e voltar a sonhar de novo mas...

- Eu sei que você vai Ana e sabe porque eu sei disso?

- não, por quê?

- por que você ainda tem brilho nos olhos esta um pouco apagado mais eu vejo que ainda tem esperança e eu vou estar aqui para te ajudar nesta caminhada, você só não pode se sentir culpada, você aqui não é a culpada é a vítima e se te julgarem não ligue, porque essas pessoas que te apontarem o dedo não sabem pelo que você passou.

- o meu racional sabe disso doutora, mas vai dizer isso para os sentimentos que eu tenho, eu me culpo a todo momento por ter tirado a vida de uma pessoa ainda tem o medo de ser tocada e eu tenho vontade de me esconder e eu fico pensando nos ses, se eu não tivesse ido a festa, e se isso, e se aquilo e isso vai me matando aos poucos.

- eu sei querida que para sua idade você já passou por coisas que muitos marmanjos por aí estariam pedindo piedade e é por isso que eu sei que consegue por que você está aqui lutando e não se martirizando.

- obrigada doutora.

- não precisa me agradecer Ana, tudo que falei é verdade e daqui algum tempo eu vou poder conhecer um sorriso seu, que eu sei deve ser lindo.

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