Capítulo 20

120 12 4
                                    

Os sonhos são inconstantes, traiçoeiros e muitos dizem que são as nossas memórias inconscientes querendo vir a tona, eu não sei se isso é verdade, mas os sonhos que tive durante a noite com certeza não vinham de nenhuma experiência vivida por mim, pelo menos não nessa vida, eu não lembro de cada detalhe mas me recordo de abraços, beijos, coração acelerado, gemidos e suspiros e só de relembrar esses pequenos fragmentos já sentia minha pele arrepiada.

De repente sinto meu colchão afundar repetidas vezes, retiro o lençol que cobria o meu rosto e vejo duas pequenas travessas pulando no colchão como se fosse uma verdadeira cama elástica, meus olhos só faltam saltarem das orbitas com tamanha ousadia dessas meninas, mas quando elas abrem aqueles sorrisos para mim, acompanhado das mais gostosas gargalhadas que ouvi eu não resisto e levanto-me rapidamente acompanhando-as na molecagem e começamos a pular fazendo ciranda na cama e gargalhando e eu penso pela primeira vez na minha vida, que realmente eu queria fazer parte de uma família, ter um marido e filhos que eu pudesse abraçar e fazer guerras de travesseiro, beijar e mimar, cuidar e proteger.

- meu Deus, o que vocês estão fazendo? - paramos na mesma hora e olhamos assustada para à porta onde uma Cristina com as mãos na cintura nos olhava com um olhar perplexo.- vocês estão loucas, se o Antony as pegar fazendo isso, vai ser uma tempestade sem tamanho nesta casa.

As meninas descem da cama e correm assustadas para seus respectivos quartos, Cristina entra em meu quarto tranca a porta e vem até mim.

- eu gostei de você Ana e eu quero muito que sua estadia nessa casa dure muito tempo- ela fala olhando fixamente no meu rosto e depois se vira analisando todo o quarto - mas o Antony não ficou muito feliz com a sua contratação, então vou te dar um conselho, não abuse, porquê seu trabalho está em risco.

- eu entendo a sua preocupação Cristina e eu quero também ficar por muito tempo por aqui - uma mentira a mais ou a menos não me levaria para o inferno- mas eu não vou ter uma relação a distância com as meninas, sei que nos conhecemos ontem, mas eu fui cativada por elas e eu quero cuidar delas.

- eu sei que você às quer muito bem e Deus sabe que aquelas garotas precisam de todo carinho que puderem receber, só tome cuidado, o Antony é um bom homem, desde que não atravessem o caminho dele.

-pode ficar tranquila do Antony, eu quero distância.

Ela acena concordando com o que eu falei e depois saí do meu quarto e eu me dirigo ao banheiro onde tomei um banho e me arrumei.

Desci as escadas pensando em todas as tarefas que as meninas e consecutivamente eu tínhamos para aquele dia, passei pela sala de visitas e pelo escritório e quando estava passando em frente a sala de jantar não pude evitar o calor que tomou meu rosto, ele estava ali sentado em sua cadeira de espaldar alto, na cabeceira da sua mesa de madeira nobre, seu porte austero e excludente e mais uma vez eu me peguei pensando como uma pessoa pode ser tão linda e ao mesmo tempo tão fria e isso eu podia perceber pelo modo em que se comportava na mesa com as duas filhas, ele era tão distante delas como se nenhuma das duas estivesse ali e aquilo tirava toda a áurea de encantamento que eu sentia em estar perto dele, voltei a seguir meu caminho para a cozinha mas antes de completa-lo ouvi meu nome sendo chamado, voltei os poucos passos que tinha feito.

- o senhor me chamou?-pergunto o olhando e quando ele retribui meu olhar quase perco a respiração.

- sim, quero que sente-se nessa cadeira e tome seu café conosco.- ele fala apontando para a cadeira ao seu lado esquerdo e que estava em frente as cadeiras onde as meninas estavam, do seu lado direito.

- eu vou tomar meu café na cozinha, como os outros empregados.- falei, porquê se ele achava que por ter me beijado eu me submeteria aos seus caprichos ele estava muito enganado.

Eu vou te encontrar.Onde histórias criam vida. Descubra agora