Capítulo 8

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Eu pensei que tinha tomado uma decisão logo depois que falei com a July mas eu não sabia o quão grande isso era até ouvir o coração do meu filho, quando ouvi aquele som saindo do aparelho de ultrassonografia eu chorei, chorei por não ter minha mãe pra dividir minha felicidade, chorei por aquele bebê por quê ele não teria um pai de verdade que o amasse, que brincasse e o levasse a escola, que o ensinasse a jogar bola e a paquerar as garotas e eu sabia como isso fazia falta porque eu não tive um pai que fosse o meu herói quando criança, o bandido quando jovem e não teria um pai que fosse meu companheiro quando adulta porque eu o tinha matado e aí eu chorei por isso também por saber que a culpa de todas as coisas ruins que aconteceram em minha vida era daquele homem, logo ele que era responsável por me amar e me proteger por me livrar dos monstros em baixo da cama quando chorasse a noite quando criança e dos garotos quando viessem bater em minha porta quando adolescente mas ao contrário de tudo isso recebi um pai alcolatra e agressivo que fez a minha mãe sofrer durante toda a vida e eu sentir vergonha de ser sua filha e medo de ficar perto dele.

- Ana, não chore eu sei que esse momento não é como você sonhou, mas você não está sozinha, eu estou aqui e meu pai também está te apoiando nessa decisão.

- eu sei, mas é que as vezes eu não consigo me controlar são tantas mudanças, tanta tristeza que as vezes parece que eu tenho quarenta e não dezessete anos.

- eu sei que você passou por mais coisas que uma pessoa comum é capaz de aguentar, mas eu já te disse que você é anormal quase uma mutante.

E ela estava ali com aquele sorriso capaz de fazer tudo ficar bem eu não sei o que seria da minha vida sem a July, ela era a pessoa que eu mais amava logo depois do meu filho que tinha o coração tão forte quanto o de um atleta.

- você é uma idiota; acho que ele será um jogador de futebol com esse coração.

- porquê você sempre fala ele? Pode ser uma menina.

- não sei, eu só sinto que tem um menino aqui, que dará muito trabalho aos corações desavisados.

- você vai ser uma péssima mãe?

- você acha?

- não eu não quis dizer nesse sentido, você será uma ótima mãe nesse sentido é que...

- Juliet sem palavras é uma coisa que não se ver todos os dias.- uma voz que eu conhecia muito bem se fez perceber.

Quando olho pra porta da sala de ultrassonografia o Doutor Cristian estava ali observando e eu que já estava segurando o riso não aguentei mais quando olhei para a cara de tacho da minha amiga.

- o quê você está fazendo aqui?

Eu belisco July discretamente e ela me olha com uma cara de interrogação eu faço uma cara de brava e ela bufa e se vira para o Doutor Cristian.

- eu queria pedir desculpa.

- o quê eu não ouvi?

- eu queria pedir desculpa.

- queria, não quer mais?

- eu quero te pedir desculpa por ter sido mal educada quando você só estava querendo fazer o seu trabalho.

- eu aceito o seu pedido de desculpas Juli...

- me chama de July.

- eu aceito o seu pedido de desculpas July, mas só se aceitar tomar um café comigo.

- eu prefiro suco, mas você pode tomar seu café.

- vamos?

- claro.

Eu vou te encontrar.Onde histórias criam vida. Descubra agora