Capitulo 19

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Eu lembro que quando era criança minha mãe sempre penteava meus cabelos e os trançava antes de dormir, cantando uma cantiga de ninar com sua voz doce, quase de anjo, eu na minha inocência de criança acreditava que não tinha nenhum problema no mundo que minha mãe não pudesse resolver e hoje enquanto tranço os cabelos de Luiza e Sofia, fico imaginando se elas em algum momento sentiram falta disso, de ter alguém em que pudessem se apoiar, alguém que as fizesse se sentir especiais, realmente únicas.

- canta mais uma vez Ana.- Sofia falou enquanto amarrava a xuxinha na ponta de seus cabelos castanhos, seus olhos cor de mel me fitaram pelo espelho da penteadeira.- é uma música tão bonita.

- verdade sôph, é uma linda canção.- Luiza concorda, ela está sentada na cama da Sofia e os cabelos com duas Maria Chiquinhas, ela me lança um sorriso que me deixa até um pouco confusa por ser tão parecido com o de seu pai eu retribui o seu sorriso e desci Sofia do banquinho onde estava sentada, afastei o cobertor de sua cama e a deitei ali no meio.

- que tal se trocarmos a música por uma história.

- não o papai disse que viria nos contar uma história hoje.- Sofia me avisa, eu olho para o relógio e já está quase na hora delas dormirem, olho para Luiza e ela balança a cabeça negativamente como se soubesse que seu pai não viria.

- OK, o papai conta uma e eu conto outra, está bom?

- tudo bem.-ela fala acenando e depois coloca a cabeça sobre o travesseiro.

Luiza senta em uma poltrona e eu começo a contar a história da branca de neve e os sete anões e vejo que o sono vai tomando não só a Sofia como a Luiza também, primeiro abrem a boca em intervalos muito curtos, depois os olhos piscam incessantemente como se brigassem para ficarem abertos e quando a última palavra da história saiu da minha boca, ambas dormiam com suas respirações compassadas.

Fui até a porta do quarto e a abri e depois fui ao quarto ao lado, era todo rosa com detalhes lilás e em uma parede tinha vários adesivos com notas músicas, fui até sua cama e fiz o mesmo processo que fiz com a cama da Sofia, voltei e peguei Luiza em meus braços a levando para seu quarto e em seguida sobre sua cama e depositei um beijo em sua testa e saí de lá apagando a luz e fechando a porta logo em seguida, voltei ao quarto de Sofia que diferente da irmã era rosa e branco e como fiz com Luiza, fui até ela e depositei um beijo em sua bochecha; Cristina antes de ir embora avisou-me que Sofia não gostava do escuro e que tínhamos que acender um abajur que ficava próximo a porta, procurei pelo bendito abajur e o acendi, como todas as luzes do quarto estavam escuras, pequenas bailarinas iluminavam todo o quarto, rodando como se realmente estivessem dançando, não consegui evitar o sorriso que tomou conta do meu rosto, elas eram verdadeiras artistas e não a duvidas do amor que elas tinham pela música e pela dança.

Fechei a porta do quarto da Sofia logo depois de sair, desci a escada que ficava no rall de entrada da casa toda feita de mármore e com o corrimão dourado com detalhes incrustados, a escada foi a primeira coisa que me chamou a atenção quando entrei naquela casa pela primeira vez e além disso também tinha uma mesa de madeira redonda com um enorme jarro com flores copo de leite sobre ela.

Segui em direção a cozinha e a cada detalhe que eu visualizava nesta casa mais encantada eu ficava, aquele lugar poderia concerteza ser considerado uma obra prima, cheguei a cozinha e me dirige a geladeira e do mesmo jeito que faço em casa fiquei parada em frente a ela pensando em cada detalhe daquele dia, a risada das meninas brincando com meu pai, as aulas de dança e como fiquei admirada com a Sofia que apesar da pouca idade podiamos ver que tinha talento em seus pés e a Luiza não era diferente seus dedos sobre as teclas do piano faziam mágica, a hora do banho que foi uma birra para Sofia entrar no chuveiro, diferente da Luiza que já dava seus primeiros sinais da adolescência querendo saber sobre cremes e maquiagem, a hora de jantar onde cada uma gostava de uma coisa e entre essas coisas não tinham saladas e nem verduras, o que inclui imediatamente na alimentação delas as fazendo ficar com a cara emburrada e as cosquinhas que fiz nelas logo depois para que voltassem a sorrir pra mim foi o suficiente para colocar um sorriso no meu rosto também, a hora de escovar os dentes foi a melhor e eu nunca gargalhei tanto na vida quanto no momento em que Luiza fez bigode de gatinho em Sofia com a pasta de dente, elas não eram só irmãs, eram amigas e cúmplices que tinham com quem dividir seus segredos e medos, além de serem meninas muito especiais.

Fechei a porta da geladeira logo depois de me servir com um copo de água e me virei para sair da cozinha, só que fui impedida por um peitoral forte e quente que estava prostado logo atrás de mim, acabei derrubando o copo com o susto e ele se espatifou no chão quebrando em mil pedaços.

- que merda, essa mania que você tem de brotar vai acabar me causando um infarto.

Ele continuava parado e eu não resisti em observar seu rosto, eu não conseguia entender como um rosto podia demonstrar ser másculo, amável apesar de não ter demonstrado essa sua faceta em nenhum momento e ter tanta dor ao mesmo tempo.

- não vai falar nada?

Parece que ele desperta de um transe e quando olho na direção em que seus olhos estão mirando vejo minha camisa branca de seda toda molhada deixando em evidencia meu busto e sutiã preto de renda eu cruzo os braços sobre meu decote e arqueio uma sombrancelha para ele.

- desculpe, eu não quis atrapalhar eu só ouvi o som de uma risada e achei que as meninas ainda estivessem acordadas.

- elas não estão mais acordadas, se tivesse ido ao quarto da Sofia contar a historinha que prometeu poderia você mesmo ter constatado isso.

Eu jogo em sua cara o que estava engasgado em minha garganta e vejo sua expressão virar um misto de dor e raiva.

Ele se vira e eu achando que ele iria sair da cozinha vou em direção à dispensa da casa onde são guardados os materiais de limpeza, quando volto ele está na mesma posição que o deixei.

- eu tento ser um bom pai, mais presente e amoroso, mas elas me lembram tanto a Camila, mesmo a Sofia que se parece mais comigo tem detalhes, trejeitos que me fazem perder a respiração de vez em quando.

Camila é sua ex mulher, Cristina tinha falado o nome dela mais cedo e eu vi algumas fotos dela espalhadas pela casa, morreu quando as filhas tinham três e sete anos em um acidente de carro.

- elas não tem culpa e não é justo, além de elas terem perdido a mãe, tem que perder o pai também? ninguém merece passar por isso.- falei com minha voz já embargada.

Ele se vira pra mim e vejo que tem uma lagrima rolando por sua face, eu não resisto e me aproximo dele levando minha mão até seu rosto enxugando-a, mas logo depois a consciência do gesto que eu estava fazendo me atinge e eu retiro minha mão.

- desculpe eu.....- ele não deixa eu terminar a frase e segura minha mão a levando para seu rosto novamente, por impulso eu comecei a passar a mão em seu rosto em uma carícia leve, ele é tão bonito que a cada vez que o vejo meu coração perde uma batida, ele leva sua mão até a minha nuca e aproxima o meu rosto do seu, passa sua outra mão em minha cintura fazendo que nossos corpos se unissem de um jeito que nem um sopro de ar passaria por nós e começou acariciar meus lábios de uma maneira provocante e ao mesmo tempo irritante e então ele não resistiu e tomou meus lábios com os seus me fazendo sentir o gosto de sua boca, uma mistura de chocolate e uísque e eu não resiste a explosão de sabores que me invadiu e um gemido saiu da minha boca e ele aproveitou esse momento para intensificar ainda mais o beijo meu coração batia acelerado, meu corpo se arrepiava e eu soltava gemidos intercalados com os dele até que respirar se tornou necessário e o beijo foi interrompido me fazendo olhar em seus olhos que estavam tomados de desejo e sua respiração intensa, olhei para sua camisa e ela estava toda amarrotada do agarre que dei ali tentando me manter firme já que não podia contar com as minhas pernas que tinham virado duas gelatinas.

Derrepente ele saiu da cozinha me deixando com uma expressão confusa no rosto e várias perguntas martelando no cérebro, porque ele conseguiu me abalar tanto? porque eu não consegui resistir a ele? eu nunca deixei um homem chegar tão perto de mim depois daquela noite e logo com ele fui ceder a tentação, porque ele fugiu? eu que tinha que estar mal, ele que me beijou, na verdade nós nos beijamos, eu o queria, eu ainda o quero, soltando uma maldição eu pego a pá e a vassoura e vou catar os cacos de vidro.

Depois que terminei de limpar a cozinha fui para meu quarto, me virei para um lado e paro o outro mas o sono não vinha me agraciar com sua escuridão muito bem vinda e então eu passo minha mão sobre os meus lábios sentindo o meu corpo se arrepiar com a lembrança de ter o Antony os tocando como se sua vida dependesse disso e então eu desisto e fecho meus olhos respirando e expirando várias vezes ate sentir meu corpo relaxar e meu cérebro se acalmar dos pensamentos que não me deixavam sossegada e então não senti mais nada, já tinha mergulhado no mundo dos sonhos.

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Eu vou te encontrar.Onde histórias criam vida. Descubra agora