Capitulo 18

122 12 1
                                    

Minha vida anda em constante mudança nas últimas duas semanas, consegui encontrar meu pai, voltei ao Brasil e agora arrumei um emprego, que não tem nada a ver com a área que me preparei para seguir durante tanto tempo, sim eu seria uma babá e eu não sabia como cuidar de uma criança, imagine duas delas.

Acordar depois de passar metade da noite sem pregar os olhos foi uma tortura, quando me olhei no espelho quase soltei um grito com o susto que tomei ao ver duas manchas de urso panda ao redor dos meus olhos, definitivamente eu estava um trapo humano. Fui ao meu closet e peguei algumas roupas que precisaria para a semana já que uma das condições de conseguir o emprego era dormir na mansão durante a semana e o final de semana seria a minha folga.

Sai do meu quarto e fui para a cozinha onde encontrei uma July sentada encima do balcão tomando um iorgurte e já vestida toda de branco para o trabalho.

- pensei que o objeto que usavamos para sentar era a cadeira e para apoiar os alimentos a mesa.

- bom dia para você também, mau humorada.

Eu grunhi alguma coisa entre bom dia e vai se ferrar enquanto abria a porta da geladeira e olhava para seu interior achando que a qualquer momento ela fosse me dar uma luz para resolver todos os meus problemas.

- você sabe que pode desistir dessa loucura e contar a verdade.

- é gênia e você pode me dizer como vou chegar para o homem que me apresentei como babá e dizer que na verdade eu menti e sou filha dele.

- do jeito que acabou de me falar.- ela diz com uma pitada de ironia.

- você não entende July, eu não sei que tipo de pessoa ele é e eu não quero trazer pra minha vida uma pessoa que não é do jeito que eu pensei, uma pessoa que pode bagunçar a minha vida mais do que já está bagunçada.

- só vou falar uma coisa para você Ana, isso vai dar merda e depois vou fazer questão de falar " eu te avisei". - Ela fala e vai saindo da cozinha dando uma mordida na maçã que ela acabou de pegar do cesto sobre o balcão.

- tchau pra você também e agradeço pelo incentivo- eu digo despejando uma quantidade absurda de café na minha caneca vermelha.- lavo a caneca porquê só estarei em casa no fim de semana e só Deus sabe quando a July voltará daquele hospital e quando ela chegar e ver a caneca na pia é capaz de ter um piripaque e ficar falando todo o final de semana da maldita caneca que esqueci suja na pia.

Voltei para o meu quarto e tomei um banho, tentei convencer meu cérebro que estava fazendo a coisa certa, afinal minha mãe só conheceu uma face desse cara e vamos combinar que mulheres apaixonadas não tem as opiniões mais verdadeiras sobre a pessoa amada, então eu precisava observa-lo, saber se ele era uma pessoa que eu podia adicionar a minha família, se ele seria um bom avô para meu filho, afinal eu posso não estar com ele à meu lado mas não perco a esperança de que iria encontra-lo e quando esse dia finalmente chegasse eu queria que ele tivesse ao seu redor pessoas que realmente o amasse.

Olhei no relógio ao lado da minha cama e vi que só tinha mais duas horas para sair e chegar ao trabalho e em são Paulo o fluxo de carros era tão intenso que qualquer tempinho que pudéssemos conseguir para sair de casa mais cedo era maior a chance para chegarmos ao nosso destino no horário certo, coloquei uma calça jeans e um cardigã vinho que eu não vestia a muito tempo, peguei a pequena mala e minha bolsa com documentos e celular e saí trancando a porta logo depois.

Cheguei ao térreo e falei bom dia para o porteiro, quando vi um táxi passando na rua sai correndo para alcança-lo, soltei o ar que estava preso em meus pulmões assim que ele parou depois do meu assovio e corri abrindo a porta do carro, mas antes que pudesse entrar no carro uma sensação de que tinha alguém me observando se abateu sobre mim, levantei minha cabeça, mas a rua estava tranquila, algumas pessoas passeavam com seus cachorros, outros se exercitavam com as caminhadas matutinas e os carros parados esperando que seus donos os ligassem e seguissem seu caminho, parei minha inspeção em um carro sedã preto com vidros escuros e um aperto no meu peito fez eu levar as mãos ao coração, logo desviei o olhar e entrei no táxi fazendo com que aquela angustia fosse embora; dei o endereço do meu destino ao taxista e coloquei meus fones de ouvido na minha play list de John mayer e deixei meus pensamentos fluírem assim como a música e o tempo.

Eu vou te encontrar.Onde histórias criam vida. Descubra agora