Capitulo 1

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Perdida, é assim que me sinto nos últimos dois meses, não sei o que fazer da minha vida, não sei que caminho seguir, só sei que me restam mais dez meses nesta cidade e até lá vou seguindo uma rotina completamente diferente da que tive nos últimos três anos, minha vida era controlada pela escola e cuidar da minha mãe, os horários dos remédios, às consultas aos médicos e agora não tenho nada disso para me preocupar e não sei o que fazer com o meu tempo.

Ouço a campainha tocar me tirando completamente o pensamento do que vou fazer da minha vida daqui dez meses, corro para a porta da frente já pensando que quem quer que fosse não é desta cidade, ja que as únicas pessoas que eu ainda tinha contato neste lugar nunca tocariam a campainha, a primeira pessoa era o padre José que depois da morte da minha mãe deixou de fazer visitas e espera que eu vá a missa todos os domingos para que possamos conversar dizendo ele que uma menina tão nova quanto eu não pode ficar sem ninguém que ilumine seu caminho se quiser ser uma pessoa de bem e não um cordeiro desgarrado, eu adoro o padre José apesar da homilia dele ser uma das mais compridas que tive o prazer de presenciar ele é um homem de bem que leva a sério seu ofício e que acredita que todo mundo tem um lado bom.

A segunda é a Juliet, minha amiga da vida toda, a única que me resta e a única que sempre esteve comigo nos meus piores momentos mas que nunca, jamais tocaria a campainha já que morre de medo do meu pai, sempre que quer falar comigo ela da duas batidinhas na janela do meu quarto, eu abro a janela e ela pula e conversamos o dia todo sempre observando se meu pai está a caminho e se ele chega ela pula a janela tão rápido que se eu não estivesse conversando com ela acharia que ela nunca esteve ali.

Nos conhecemos no jardim de infância, nossas mães eram melhores amigas, só que a mãe da Juliet diferente da minha a abandonou quando ela era criança, a deixando com o pai e diferente de mim novamente o pai dela era a pessoa mais doce e alegre do planeta e amava a filha, dava para sentir só na maneira dele olhar e falar com ela.

Juliet era a menina mas alegre, linda e generosa que podia existir, ela era a tipica garota popular que fazia os homens torcerem o pescoço quando andava na rua, morena de olhos verdes com o corpo mais que perfeito, quem olhasse pra ela achava que era só mais uma patricinha que se casaria com o primeiro milionário que conhecesse e viraria uma dondoca da alta sociedade, mas pra quem a conhecia bem como eu, sabia que ela não era nada disso e que nunca aceitaria ser sustentada por homem algum, ela queria ser médica oncologista assim como eu, ela disse que escolheu esta profissão por causa da minha mãe, que ela queria ajudar outras mulheres a se curarem e voltarem para as suas famílias, ela amava a minha mãe e eu sabia que ela foi a pessoa que mais sofreu com a morte dela depois de mim.

Abro a porta e para minha surpresa quem esta ali é nada mais que Juliet em um vestido preto colado e bastante decotado com os cabelos pretos soltos e um batom vermelho que deixou a boca dela mais volumosa do que já é.

- Ainda bem que abriu a porta.-fala sussurrando e com o halito que derrubaria um com tanto álcool etílico.

- O que está fazendo aqui?- eu falo sussurrando também.- E porque está sussurrando?

- Eu não quero que seu pai saiba que estou aqui.- ela fala ainda sussurrando e deixando as palavras sairem mais pesados do que de costume.

- Você esta bêbada? e se não queria que meu pai não soubesse que está aqui porque tocou a campainha gênio?

- Foi sem querer, quando eu vi ja estava tocando e eu não estou bêbada, só um pouco alegrinha.

- Sorte sua que ele não está em casa. Ela solta um suspiro de alivio e empurra a porta entrando na sala.

- Ótimo assim o que eu vim fazer fica mais fácil.

- E o que veio fazer?

- Te sequestrar e te levar para uma festa.

- Você está louca? eu não posso sair meu pai me mataria se descobrisse.

- Não tem porque descobrir ele passa a noite toda fora de casa e a festa é na cidade vizinha ninguém vai saber e você vai se divertir muito eu prometo.

- Eu não posso.

- Você prometeu a sua mãe.

- isso é golpe baixo.

- Não é nada, você tem que ir o meu amigo vem nos buscar e nos deixar em casa.

- Que amigo é esse?

- Do cursinho de inglês.

- Eu não vou.

- então eu vou sozinha e depois não se sinta culpada quando acharem meu corpo enterrado em uma cova rasa no meio do mato.

- E a rainha do drama começa seu show.- eu falo revirando os olhos

- Não é drama eu só quero que você vá comigo, por favor!

- ta bom eu desisto, deixa eu so abrir a janela para pular quando eu voltar e pegar minha bolsa.

- espera ai, você acha que vai vestida assim?

- E como você acha que eu vou?

- Pelo menos com uma roupa melhor?- ela pergunta sem esconder o tom de ironia.

- Você sabe que eu não tenho uma roupa melhor.

- Pobre cinderela o que seria de você sem sua fada madrinha. - ela fala abrindo a porta e pegando uma sacola que eu não tinha visto antes.

- Vai, se veste e se maquia que eu estou te esperando.

- Tudo bem.- eu suspiro derrotada indo em direção ao meu quarto, chegando lá eu tiro da sacola um vestido azul lindo com uma gola redonda cheia de peguenas pedrarias, eu o coloco e claro o vestido cabe perfeitamente em mim indo até a metade da minha coxa, com muitas pedrarias ali também ou seja é o vestido mais lindo que ja tinha visto, eu passo uma maquiagem simples só para destacar meus olhos e vou para a sala onde a Juliet da um assovio tão exagerado que eu reviro os olhos.

Ela pega a minha mão e saimos de casa, eu não falo pra ela mas eu estou realmente ansiosa para esta festa.

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