Capítulo 29

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O velório do meu pai foi simples, feito em uma capela do cemitério, mas ao mesmo tempo muito emocionante, cheio de amigos tristes com sua partida,discursos que diziam muito sobre o bom homem que foi em vida, era nítida a tristeza nos rostos das pessoas como se aquilo fosse uma piada triste do universo. Porque uma pessoa tão especial tinha que partir assim, tão de repente, tão novo e com tantas coisas para viver? Essa pergunta estava me assombrando, por quê os bons sempre iam? eles sempre nos deixam cedo, minha mãe e agora meu pai, eu era realmente uma órfã agora, não só eu mas o Pedrinho também.

Estava sentada em um sofá que ficava próximo a uma janela de vidro que dava para o jardim, o Pedrinho estava com as meninas do lado de fora, elas estavam tentando de tudo para anima-lo, mais nada funcionava e eu estava realmente me preocupando com ele, uma semana tinha passado e ele não falou nada, nem com a Luiza que era sua melhor amiga.

- Um beijo pelos seus pensamentos.- Ouvi o Anthony falando e não pude deixar de rir.

- Só um?- Eu rebati.

- Bom, podemos negociar.- Ele rerpondeu e eu balancei a cabeça rindo e dei palmadinhas no lugar ao meu lado o convidado a sentar-se comigo.

- Eu estou preocupada com o Pedro, ele está muito calado e mal se alimenta, você acha que eu devia leva-lo ao psicólogo?- eu falei enquanto colocava minha cabeça em seu colo, ele começou a fazer cafuné nos meus cabelos.

- Eu acredito que isso seja só uma fase, ele está triste, mais ele entende o que aconteceu com o pai, ele ta vivenciando o luto e até ele se conformar com a perda vamos ter alguns episódios com ele.

Eu olhei para o Anthony e não consegui evitar a lágrima que escorreu por meu rosto.

- Hey, hey, hey! porque está chorando.

- Eu não sei, eu tô me sentindo como uma manteiga derretida sabe, fiquei tantos anos sem chorar e agora parece que uma barragem abriu e as lágrimas só descem.

Ele sorriu pra mim e enxugou minhas lágrimas e eu não consegui não esboçar um sorriso com aquele gesto.

- Eu queria agradecer você.- eu falei depois de tirar suas mãos do meu rosto e segura-las sobre o meu colo.

- Agradecer?- ele questionou, arqueando uma das sombrancelhas - Porquê?

- Por ficar do meu lado, por me dar seu apoio, por me ajudar com o meu irmão, por me dar paz, amor e esperança de que eu posso ser feliz, por ser o homem maravilhoso que está na minha frente, eu amo você.

- Eu acho que nunca vou me cansar de ouvir você dizer isso, e não precisa me agradecer por nada disso, você não merece menos do que o melhor e é isso que eu quero ser pra você o melhor homem, que te protege, que te ouve, que te ajuda e apóia e o mais importante que te ama e que sempre vai te amar.

Nós nos abraçamos e nos beijamos ali em frente a janela e depois nos viramos para ver os meninos, a Sofia brincava em um balanço e a Luiza e o Pedro conversavam ali perto sentados na grama.

- Ana?

- Sim, algum problema? - eu perguntei quando vi sua expressão tensa.

- É, eu não queria tocar nesse assunto agora, eu sei que você está muita triste com a morte do seu pai, mas eu ouvi o que você disse para a doutora Juliet no hospital, sobre falar ao Thomas que ele tinha um neto.

Eu sabia que uma hora ou outra ele me questionaria sobre aquilo, eu tinha consciência que falei alto aquele dia no hospital e que provavelmente ele tinha me escutado  praticamente confessar que tinha um filho, acho que finalmente tinha chegado a hora de contar tudo pra ele.

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