Capítulo 21

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Dizem que surpresas são boas para o coração, e eu acabei de perceber o quanto isso é verdadeiro, sinto o meu batendo tão forte, que acho provável estar tendo um mini ataque cardíaco.

- ma..mas a Cristina disse que sofreu tanto com a morte dela e vejo que sofre até hoje, se não amava, porque age dessa forma?

- vergonha, remorso, culpa, tem muitas palavras para definir o porquê de eu agir assim.

- e o porquê desses sentimentos? - e parece que minha pergunta desperta alguma coisa dentro dele, uma máscara dura e fria toma lugar em sua face, diferente do homem quebrado que tinha visto minutos atrás.

- acho que já falei demais, eu preciso que se retire do meu escritório, tenho muito o que fazer.

- claro! Desculpe o incomodo, pode acreditar que não me preocuparei à próxima vez que resolver quebrar todos os objetos decorativos de sua mansão suntuosa nas suas crises de raiva.

Ele me olha de um jeito assustado, e abre a boca, acho que querendo retrucar o que disse, mas o impedi, colocando meu dedo em riste.

- só um conselho que pode seguir ou não, se sente tanta culpa, tente ser um bom pai para suas filhas,e então talvez quando elas descobrirem o que fez você tenha a chance que elas o perdoe, porquê se continuar agindo como o babaca que é, vai morrer sozinho dentro dessa sua linda casa, restando somente os empregados como companhia que suportaram sua arrogância por serem pagos para isso.

Ele fecha a boca,engolindo o que iria falar e eu me viro para sair do seu escritório, mas antes que possa alcançar a porta, ele novamente segura meu braço, me virando fazendo com que o fitasse e agarrando minha cintura com uma mão e meu pescoço com a outra, fazendo seus lábios colarem sobre o meu, de um jeito selvagem que faz meu coração acelerar, tento afasta-lo mas ele é muito forte e pela primeira vez eu sinto medo em estar perto dele, lágrimas começam a derramar, coloco às mãos sobre o seu peito o empurrando mas ele não liberta seu agarre sobre mim, lágrimas caem copiosamente fazendo meu rosto ficar completamente molhado, eu levanto meu joelho acertando ele no meio de suas pernas, ele me solta rapidamente e coloca suas mãos sobre suas partes baixas e quando acho que vai me xingar, ele me olha e vejo preocupação estampada em seu rosto, talvez esteja assustado com a cara de terror que deve estar marcada em meu rosto, em prantos digo:

- essa é a terceira vez que o senhor me beija e espero que isso nunca mais se repita, gosto muito de suas filhas, mas se for preciso colocarei o senhor na cadeia se me sentir assediada novamente.

Saio de seu escritório correndo e puxando a porta para se fechar com a maior força que consigo e vou correndo para o meu quarto, só que a sorte não está comigo, encontro a Cristina no meio da escada.

- o que aconteceu, Ana?

- nada, minha cabeça está doendo muito.

Ela me olha desconfiada mais não questiona minha mentira.

- tudo bem querida, deite-se um pouco, quando as meninas chegarem do colégio eu te aviso.

- obrigada, Cristina.

- não tem de quê.- ela sorrir pra mim, mas o que vejo é pena quando seus olhos me fitam.

Entro no meu quarto e deito-me em minha cama, as lágrimas não pararam de cair um segundo sequer, abraço o travesseiro e me pergunto se realmente ele seria capaz de abusar de mim, me sentia tão confortável em sua presença, o único homem que conseguiu se aproximar de mim depois de todo esse tempo, o único que eu permiti que me beijasse e agora ele faz isso, o quão babaca ele deve ter sido com sua esposa, se ele a tratava como trata às suas filhas fico surpresa de ela ter suportado tanto tempo sua companhia e ainda ter tido duas filhas com ele.

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