Quase três horas de viajem o taxi finalmente parou em frente a igreja, quando meus pés tocaram o chão daquela cidade novamente foi como se um filme tivesse passando em minha cabeça, eu lembrei quando ia a pracinha que ficava nos fundos da escola com a minha mãe, lembrei que todos os domingos iamos a missa, lembrei de como a July ficava me esperando no portão para irmos a escola ou quando ela veio descontrolada e chorando e entrou dentro da minha casa pedindo colo quando descobriu que a mãe a abandonou o dia da minha formatura que minha mãe mesmo em uma cadeira de rodas por não ter mais forças para andar fez questão de ir e finalmente tudo que passei naquele lugar depois de sua morte e com isso eu pude realmente perceber que eu nunca seria feliz naquele lugar já que as lembranças ruins sempre se sobreporiam as boas.
A cidade continuava o mesmo lugar pacato de sempre, ninguém andava na rua naquele momento e eu agradecia a Deus por isso, de longe pude avistar minha casa, quer dizer minha antiga casa e meu coração acelerou quando vi a porta se abrindo, rapidamente me escondi atrás de um muro da igreja e então eu vi uma mulher loira com um vestido florido e uma menininha tão loira quanto a mãe de mãos dadas e sorrindo indo em direção a pracinha, mas antes que elas atravessassem a rua um homem também saiu da casa e correu para acompanha-las, o homem colocou seu braço sobre o ombro da mulher e eles se olharam apaixonadamente e atravessaram a rua e então eu senti um gosto salgado na boca e quando coloquei a mão no meu rosto pude perceber que estava chorando, mas não eram lágrimas de tristeza e sim de alegria, por finalmente aquele mausoléu que eu chamava de casa estar finalmente virando o lar de uma família que tem tanto amor um pelos outros.
Sai do meu esconderijo enxugando minhas lágrimas e dei a volta por fora da igreja, indo para os fundos onde foi construída uma casa para o padre local, a casa era simples mais bem arrumada e por ser antiga sempre estava passando por reformas e as beatas da igreja sempre se revesavam para faxinar e cozinhar para o padre, quando avistei a porta uma vontade imensa de voltar de onde vim me consumiu e eu quase dei meia volta, se não fosse a porta se abrindo e mostrando um padre com uma cara muito fechada pra mim.
- onde pensa que vai mocinha?
Eu inspirei e respirei profundamente antes de sorrir para o padre.
- a lugar nenhum padre José.
- que bom, porque eu estava esperando sua visita no dia de hoje e pensei que iria me dá um bolo- ele ficou pensativo- é assim que os jovens falam hoje em dia não é? - eu ri e confirmei com a cabeça.
- vamos entrar querida fiz um almoço delicioso pra gente- eu o olhei incredula e ele suspirou- ta bom não foi eu quem fiz, mas o que vale é a intenção
Eu ri novamente e não pude deixar de abraçar o padre José, ele ficou meio estático no começo mas logo me abraçou também, me desejou parabéns e todas essas coisas que todos desejam nos aniversários e finalizou dizendo que estava morrendo de saudades, eu comecei a chorar e pedi desculpas por tudo que fiz e ele me consolou dizendo que eu não tinham culpa que o que eu fiz foi sério, afinal só Deus tem o poder de tirar a vida de alguém mas que ele sabia que naquele momento eu não tinham escolha
Pedi para ir ao banheiro e ele me mostrou a direção mesmo eu conhecendo aquela casa como as palmas da minha mão, depois de me recompor voltei a sala e o encontrei sentando em uma mesa simples mais farta, eu me sentei e começamos a almoçar e conversar de tudo um pouco.
Falamos sobre o orfanato e quando eu falei sobre a madre superiora ele ficou indignado em como uma serva de Deus pudesse agir tão indignamente eu concordei e encerrei o assunto, falamos sobre o Matheus e eu sentia meu sorriso escancarado em cada frase que falava sobre meu filho, terminamos o almoço e nos dirigimos a sala cada um com pedaço enorme de bolo de chocolate nos sentamos no sofá e quando vi o padre suspirando vi que a conversa supérflua tinha terminado e os assuntos sérios iriam começar.
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Eu vou te encontrar.
RomanceA vida de Ana resumia-se em: cuidar da mãe que estava com câncer, terminar o colégio e ter de aturar o seu pai alcoólatra. Tudo isso até a morte da mãe de Ana. Juliet é a melhor amiga de Ana. E numa tentativa de animar Ana, Juliet leva-a a uma festa...