29º Capítulo

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O Ryan sentou-me no banco do avião e logo em seguida o Justin sentou-se do meu lado. Pegou no mp4 e pós os fones nos ouvidos. Provavelmente para não falar comigo.

Se estava a ser difícil estar novamente ao lado dele? Sim estava.
Porquê? Também não me perguntem. Talvez eu precise de um abraço dele e de umas palavras de conforto, vindas da sua boca. Sei que a razão de eu estar assim, é um pouco culpa dele, mas não consigo estar ao lado dele, sem lhe dizer uma única palavra. Parecemos desconhecidos. Um virado para o seu lado. E quem sabe a pensar um no outro. Estúpido, não é? Mas a vida é assim. Não pode haver sempre bons momentos.

"Maus momentos que só existem porque tu queres!" – A minha consciência falou.

Há maneira de calar esta voz que tenho dentro de mim? Perguntei e suspirei ao mesmo tempo. Senti alguém a olhar para mim, e olhei em direção a esse alguém. Justin estava a olhar para mim com o maxilar preso. Fuck, ele ficava tão hot assim!

Ficamos a olhar um para o outro durante uns 3 minutos. Ele esticou a sua mão para perto de mim e sem pensar em mais nada, pousei a minha sobre a dele. Ele entrelaçou os nossos dedos e puxou-me para perto de si. Apesar de termos o ombro do acento no nosso meio, o Justin abraçou-me com força.

- Desculpa por tudo. Não te queria magoar, juro. – Sussurrou conta o meu cabelo.

Não consegui-me controlar e desatei a chorar. Eu sou sensível e o Justin acabou de pedir desculpas, na maneira mais fofa. É impossível não chorar!

- Se pudesse voltar atrás, acredita que faria tudo de maneira diferente. Nada disto te tinha acontecido e nesta altura podias estar bem.

- Eu estou bem, Justin. Ao pé de ti eu estou bem.Olhei para os seus olhos já molhados. – E a culpa foi minha. Se eu tivesse tido mais cuidado, não tinha sido atropelada. – Limpei algumas lágrimas.

- Se eu não tivesse dito aquilo, não tinhas saído de casa. Estavas livre de perigo!

- Não quero falar mais nisto. E além disso eu vou ficar bem.Forcei um sorriso.

- O quê que o médico disse?

- Que com fisioterapia eu volto a andar.Ambos sorrimos.

- Eu quero-te acompanhar. - Disse convicto.

- Não é preciso, Justin. Alias, a minha mãe deve ir comigo.

Quando pronunciei a palavra mãe, notei que o Justin ficou tenso.

- O quê que se passa?

- A tua mãe nem me deve querer á frente. Prometi-lhe que nada de mal te ia acontecer. Desviou o olhar.

- A minha mãe só sabe que fui atropelada. Não sabe de mais nada. E nem precisa de saber.

- Eu adoro-te, miúda. Puxou-me para perto de si e pousei a minha cabeça no seu peito.

- Também te adoro, miúdo.Disse e ambos demos um riso.

E assim foi o resto da viagem. Fui encostada ao Justin, enquanto o mesmo me dava leves beijos no topo da minha cabeça.

Todos pensam que o Justin é um rapaz rude, frio, sem compaixão e sem caracter. Mas quase ninguém conhecia este lado do Justin. O seu lado carinhoso e apaixonado. Este era sem dúvida o lado que eu mais gostava no Justin. O seu lado carinhoso.

(...)

- Odeio-te ver assim. Justin disse enquanto empurrava a minha cadeira de rodas.

- Já falamos sobre isso Justin. – Suspirei. – Não vai ser por muito tempo.

- É por causa dessas coisas que eu começo a pensar que talvez seja melhor estarmos separados.Virei-me o mais rápido que pude, em sua direção.

- Justin, tu andas-te a beber?

- É verdade, Selena! Eu sei que vai voltar a acontecer. Eu sei que vou voltar a magoar-te e eu não quero isso. Não te quero ver sofrer, muito menos por minha causa.

- Odeio quando és negativo! Não podes pensar assim, Jus.

- É a verdade.Parou e virou-me costas.

- Não, não é! Se tu gostares realmente de mim não é verdade!Ele suspirou e passou a mão pelos seus cabelos.

Ele virou-se e veio em minha direção, agaichando-se.

- Nunca questiones o amor que sinto por ti!A sua voz saiu fria e rouca.

- Desculpa... - Disse num sussurro.

Este era um lado que eu menos gostava no Justin. Será que ele não pode pensar positivo?
Estávamos os dois a olhar nos olhos um do outro, até que eu desvio o olhar, suspirando. Numa fração de segundos, umas mãos frias rodearam a minha cara e fizeram-me encarar o ser de olhos cor de mel. Aos poucos ele aproximou-se de mim e finalmente juntou os nossos lábios.

Que saudade...
Vocês não imaginam as saudades que eu tinha de sentir os seus lábios contra os meus. O beijo era calmo, cheio de saudade. Era um beijo simples. Nada de língua.

- Desculpem interromper. – Uma voz feminina disse depois de tossir.

Senti os seus lábios a afastarem-se dos meus e já sentia saudades. Queria mais.

- Senhora Gomez.Ouvi a voz do Justin um pouco tremida.

- Olá Justin. Trata-me por Mandy. – Sorriu.

- Mãe! Quase gritei, chamando a atenção dela.

- Filha... - Disse já com algumas lagrimas.

Ela veio até mim o mais de presa e abraçou-me fortemente.

- Filha, como é que tu estás? Estás melhor? Quem te fez isso? Porquê que não me telefonas-te? – Perguntou super depressa enquanto limpava algumas lagrimas.

- Não te preocupes mãe, eu estou bem.Sorri para lhe tranquilizar.

- Quem é que te fez isso?!

- Eles ainda não apanharam o culpado. E por este andar nem vão apanhar, mas isso agora não importa. O que importa é que estou bem.

- Eu sempre te disse para teres cuidado ao atravessares a rua!

- Mãe... - Revirei os olhos.

- Eu vou querer saber melhor essa história toda!

- E o pai? Tentei mudar um pouco o assunto.

- Eu pergunto o mesmo.Suspirou. – Desde que foste para o Dubai que ele não aparece em casa.

- Já tentas-te ir ao trabalho dele?

- É claro que já tentei. Ou não estava lá ou estava a fazer um serviço fora da empresa.

- Vais ver que ele vai aparecer. – Tentei acalmar-lhe.

Pelas olheiras que ela tinha, ela já não dormia á uns bons dias.
Apesar de tudo o que o meu pai já lhe fez, eu sei que ela continua a gostar dele. E também sei que quando ele aparecer em casa vai estar todo bêbado e vai voltar a pedir para ter relações sexuais com ela, mesmo ela não querendo. Mas não se pode contrariar aquele filho da mãe, se não é ainda pior. 

Depressed (Parada)Onde histórias criam vida. Descubra agora