"Télamon - Eu os defenderei!"

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Uma brisa fria tirou Télamon de seu cochilo e ao se espreguiçar desequilibrou-se do galho e caiu bruscamente no chão – de novo.

-Droga! Esqueci desse detalhe... Brrr... Está ficando frio. Preciso chegar logo em Gavinus e tentar encontrar algum restaurante aberto. Estou louco de fome. – disse, ouvindo o ronco feroz vindo de seu estômago.

Levantou-se e bateu na roupa para tirar a grama e a terra. Preso na cintura, sob a grossa e longa capa de couro, havia um saquinho cheio de moedas, fruto de seus últimos trabalhos independentes.

-Ainda tenho para umas quatro refeições, isso que não tiverem aumentado os preços nos últimos dias. Tudo naquela cidade é sempre caro demais.

Telamon rumou na direção da grande cidade de Gavinus, mas algo o intrigou durante a caminhada. Dum bosque bem fechado, não muito distante, ouviu gritos de socorro e mais algum ruído. Ele fechou o cenho e partiu seguindo o barulho. Um denso matagal atrás do outro além da estrada de chão batido, confundia a localização.

Então, avistou próximo a uma entrada para um dos bosques, uma carruagem negra, cujos cavalos robustos pastavam tranquilamente. Os gritos estavam cada vez mais altos, e já se ouvia resmungos severos, como "Fique quieto!", "Pare de se mexer que não vai doer nada!", "Seja homem, seu moleque!".

-O que está havendo???

-Me solta! Me solta! "Socooorrooo"! Socooorroooo!!! – gritava uma voz aguda e desesperada.

Télamon entranhou-se no matagal, repleto de cipós e espinhos até que finalmente alcançou a clareira. Nela, um homem segurava firme Onze, enquanto Cindy jazia imóvel num canto, com uma funda ferida na lateral – havia levado uma chicotada.

- Solte-o agoraaa!!!

Télamon imediatamente retirou da cintura uma adaga prateada incrustada de cristais vermelhos e arremessou contra a figura cuja identidade era oculta por um capuz cinzento. O arremesso foi certeiro e fez o ser soltar um urro. A adaga fincada em suas costas ardia como um fogaréu terrível e seu corpo parecia incendiar. Enraivecido lançou longe o garoto e virou-se para Télamon e vociferou, com voz rouca:

- Pretensioso, não sabe com quem está lidando! Vou lhe mostrar!- o encapuzado saltou para trás e desferiu um repentino golpe de chicote e atingiu o rosto de Télamon. Foi tão rápido que não houve tempo para defesa. Derrubado no chão pela força da chicotada, passou a mão no ferimento e o sangue quente a empapou.

- Já sofri muito mais do que isso, panaca. E eu ainda não fiz tudo que posso.

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Crônicas de St. YóriaOnde histórias criam vida. Descubra agora