"Télamon na Terra dos Desgraçados"-12 Maldita Chave

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Do centro do círculo precipita-se uma torrente de energia negra semelhante a um raio interminável sobre Télamon. Ele grita ao receber a descarga elétrica, seu corpo treme violentamente. O raio vai abrindo uma imensa cratera sob seus pés, fazendo saltar milhares de pedregulhos e levantar uma enorme nuvem de poeira em todas as direções.

Findando o espetáculo de horror, Silas desaba de bruços sobre os destroços, completamente sem forças. Após o barulhento ataque, impera o silencio. Ele não enxerga Télamon, talvez tenha o reduzido ao que pretendia: a uma semente energética capaz de ser absorvida.

-Hehehe... Consegui... Enfim poderei me libertar desta prisão desgraçada...

Silas força os braços para levantar o resto do corpo, quando sente uma lâmina cheia de dentes ardidos ser enterrada em suas costas, atravessando-o o tórax até alcançar o chão acabado.

Ele tenta virar o pescoço e vê Télamon aos trapos sobre si, fincando a espada.

-Não foi dessa vez, Silas. Quem sairá daqui serei eu!

-Ugh...Ugh...Ugh... – Silas perde a visão e seu corpo pesa e tomba.

Télamon arranca a lâmina e cai sentado.

O adversário perdedor vai perdendo sua materialidade e torna-se uma fumaça negra. A adaga de Télamon brilha e puxa para si a densa fumaça, absorvendo-lhe. Porém, resta algo semelhante a uma folha escura, que uma súbita brisa carrega para o mar de cera.

-Acho que chega por hoje. – diz e pega a Chave.

A absorção da alma de Silas o revigora parcialmente, dando-lhe energia o bastante para regressar. Ele atravessa outra vez a massa de corpos putrefatos, escala o paredão cinzento e é engolido pelo portal.

Horas depois, sob a noite do céu estrelado...

-Aqui está sua maldita chave! Mas primeiro liberte as crianças!

O velho ladeado por seus dois capangas mascarados fuma um charuto e solta uma baforada no ar:

-Não fale assim, meu rapaz. Esta missão lhe foi muito útil, apesar de tudo. Não tenho tempo para birras, você cumpriu sua parte e eu a minha. Melhor cultivar amizades.

Um dos criados caminha na direção de Télamon e lança aos seus pés uma maleta preta.

-Eles estão aí dentro. – diz o velho.

Télamon abre e encara grande quantidade de dinheiro e dois bonequinhos idênticos a Onze e Cindy.

-Como eles voltam ao normal?!

-Entregue a chave ao meu serviçal e eles terão a forma original restabelecida. Ande logo, não sou do tipo de vilão "Zé ruela" que não cumpre acordos. Bem, estou indo.

Tranquilo o velho entra na carruagem. Télamon entrega o maldito objeto nas mãos do criado, que se se afasta. Imediatamente os bonequinhos estouram e surgem Onze e sua cachorrinha.

-Até mais, Télamon! Creio que ainda seremos grandes amigos! Hehehe!!! – diz o velho da janela do veículo, antes de sumirem no horizonte.

-Vocês estão bem?! Eles te machucaram?! – Télamon avança sobre o garoto e o envolve num abraço tão forte e espontâneo que quase o sufoca. - Foi tudo culpa minha, mas juro que não nunca vou abandona-los!

-Cof!Cof! Espera! Que isso?! Não consigo respirar!!!

-Opa, desculpa! Eu realmente fiquei preocupado!- Telamon o solta e o observa com cara de bobo. Nunca havia se emocionado assim antes. Cindy late contente e pula em torno deles.

-Tudo bem, eu te perdoo. Você foi um idiota, todos agem assim algum dia. Mas como Cindy e eu somos de uma raça superior, vamos perdoa-lo desta vez. Mas se houver uma próxima, será devidamente castigado! – diz Onze de braços cruzados e de peito estufado.

Télamon não consegue segurar o riso e apenas concorda.

Juntos, então retornam para seu casebre caindo aos pedaços, mas somente por esta noite. Agora, Télamon tinha tudo o que precisava para acolher o menino e sua fiel companheira. Uma estrada de esperança se abria e iluminava as trevas que havia fincado raízes em seu coração por tantos anos. Até mesmo as amarguradas lembranças de seu passado com seu pai perdiam a força diante do novo futuro que parecia se apresentar.

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-Ele está progredindo. Foi uma jogada de mestre colocar essa criança em seu caminho. – duas pessoas cobertas de armadura o observavam através de uma imensa tela.

-Logo, logo ele estará pronto para voltar. Depois que expiar todos os seus crimes, regressará e nos será realmente útil.

-E se ele se tornar forte demais?

-Não se preocupe. Vou lhe contar um segredo... 

Crônicas de St. YóriaOnde histórias criam vida. Descubra agora