o informante

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Estava nevando de maneira fraca hoje, geralmente eu ficaria animada pelo clima, mas com o acontecido do dia anterior, eu não estava no clima.

Ninguém estava.

O assassinato de meu amigo fez a maioria da cidade largar seus afazeres para ir no seu enterro. Todos que estavam no enterro estavam calados, não havia palavras, a tristeza por perder um homem que ajudou tanto a cidade, ele cresceu em Storybrooke, sempre ajudou as pessoas desde o Jardim de infância quando ajudava seus coleguinhas, cresceu e espalhou bondade por onde passava, foi o primeiro a me ajudar quando cheguei na cidade, e me ensinou todos os segredos da delegacia, além de ter me dado força para estudar pros concursos que eu fiz. Quando ele me contou que iria trabalhar em New York, eu juro que por dentro eu estava completamente triste com a fato de ele não ter que trabalhar comigo mais, mas como sabem, eu me controlei.

- Ele não merecia isso - Regina quebrou o silêncio. Ela estava do meu lado, usando seu sobretudo Preto por cima de seu vestido tubinho. O lábios como sempre, preenchidos por seu batom fortemente vermelho. Mesmo triste e desabando por dentro, ela fazia questão de estar sempre arrumada, mostrando firmeza. Foi com ela que aprendi a controlar minhas emoções, ser mais forte, mais do que eu era.

E aqui estou, bem arrumada com meu sobre tudo Preto e minhas melhores botas de salto, os olhos vermelhos de tanto chorar, não chamam tanta a atenção quanto ao contorno deles com o lápis preto e um rímel a prova d'agua.

- Gold vai pagar caro pela vida inocente que ele tirou -falei firme, mas mesmo assim, dava para notar o quão abalada eu estava.

- Pode contar comigo - ela disse ainda observando o padre que citava passagens bíblicas para poder então, o corpo ser enterrado.

Virei a cabeça rapidamente para poder encara-la.

- Mas é claro que não! - exclamou um pouco alto. E então o padre me encarou assustado - amém, pode continuar - falei

- Como assim não? - Regina perguntou mais discretamente enquanto me encarava.

- Regina, quanto menos gente envolvida melhor - disse o óbvio.

- Mas Emma...

- Sem mas, Gina. Tá vendo aquele caixão - apontei para o caixão branco coberto com flores de diversos tipos - Não quero você dentro dele, não quero ninguém inocente dentro dele.

- Amiga, eu te entendo. Mas você acha que ele vai parar mesmo que eu não ajude?

Balancei a cabeça em negativa.

- Então? - ela continuou - Me deixa ajudar Emma.

- Regina? - Robin se aproximou de nós. Me pergunto porque ele estava usando os óculos escuros nesse dia tão nublado. Voltei a encarar o padre que ainda estava com a biblia na mão- Belle ligou, Roland se machucou brincando de bola dentro de casa.

- Ai meu Deus - ela tentou disfarçar a agonia - Vamos logo. Emma! - Me virei para encara-la - Eu ainda irei ajudar - ela disse antes de ir embora com o marido.

Eu não disse nada, apenas voltei a prestar atenção no que o padre dizia.

- Não liga pra minha irmã - Dessa vez Killian resolveu falar - Ela é teimosa.

Continuei em silêncio. Apertei as Rosas brancas que eu segurava com mais força, se não fossem as luvas, os espinhos já teriam me machucado. Então escutei o padre dizer a última passagem.

- Declarou-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que morra, viverá; e todo aquele que vive, e crê em mim, jamais morrerá.

A herdeira- Nova vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora