ALMIGHTY

Capítulo 43

Malia's POV

Minhas costas bateram com força contra o tatame, levei as mãos ao rosto em pura frustração.

-Você tá bem?

-Porque tá perguntado isso?

-Eu não sei onde sua cabeça está, mas com certeza, não é nesse tatame. – Roger, meu instrutor, disse depois que conseguiu me imobilizar e derrubar facilmente pela terceira vez. Droga! Não consigo tirar minha conversa com o Harry da mente. Não sou nem capaz de me defender quando o gigante do Roger parte para cima de mim. Minha costela já tá doendo por conta da força do impacto na queda, se eu estivesse me defendendo direito, ele era quem absorveria nosso peso.

-Sinto muito. Não tive tempo suficiente para esvaziar a mente antes de vir para cá. Minha tarde foi... complexa. – Ele se sentou ao meu lado no tatame.

-Posso ajudar em alguma coisa?

-Acho que não. – disse passando a mão no cabelo. – Sei lá. É complicado. Algo que eu queria que acontecesse, aconteceu, mas agora eu percebi que não era o suficiente. Porque não significa que tudo entrou nos eixos, significa somente que ultrapassamos essa situação, mas não quer dizer que no futuro o trem não descarrilhe no mesmo lugar novamente. – falei tudo de uma vez. - Deu para entender?

-Nem uma palavra se quer. – eu ri e ele me acompanhou. – Eu tô brincando. Foi confuso, mas acho que captei a ideia. Tem alguma coisa que você possa fazer para impedir esse trem de descarrilhar no mesmo lugar?

-Tem sim. Não embarcar no trem, mas eu não quero isso. Essa é a última coisa que eu quero na verdade. O que eu quero é entrar no trem e me sentir segura nele. – Roger fez uma careta enquanto tentava entender o que eu dizia.

-Não sei o que dizer. Por um segundo tive a sensação de que falávamos mesmo de trens. – revirei os olhos e ele me deu um soco no braço. – O que você precisa para se sentir segura? – Boa pergunta. Do que eu preciso? O Harry já disse que confiará em mim e isso não me convenceu. O que vou fazer, ficar aqui esperando que eu convença a mim mesma que tudo dará certo? Não, eu preciso que ele me mostre que posso confiar nele. Não sei o que ele pode fazer para isso, mas preciso que ele faça. E espero que isso aconteça logo, porque não suporto mais um minuto longe dele. Esse maldito medo de sofrer de novo é o que me impede de deixar isso para trás.

-Não sei o que é, só sei que preciso de algo.

-É por isso que os homens tem tanta dificuldade de entender as mulheres. Nem vocês sabem o que precisam. Como nós, reles homens, poderemos saber? – Ele fez uma falsa expressão de desespero. – Se vocês soubessem o que realmente querem, tudo seria mais fácil, não acham?

-Sim, seria. Mas não seria tão emocionante. Como os homens iriam saber que encontraram a mulher certa se não pudessem se apaixonar pelas suas complicações? – O olhei com a sobrancelha erguida.

-Tem razão. Eu nunca teria me casado com a Katy se ela não tivesse dado um nó no meu cérebro. – Ele disse depois de um tempo de reflexão. Caí na gargalhada e ele levantou. – Chega de descanso, levanta. Me ataque, vou te mostrar pela última vez, como usar a força do agressor contra ele nessa posição. Não se preocupe em tentar diminuir o impacto da queda, vou segurar você a tempo, preste atenção em todos os meus movimentos, beleza?

-Beleza. – Me posicionei e o ataquei.

X

Meu celular tocava insistentemente na bolsa enquanto eu corria pelo estacionamento fugindo da chuva.