Capítulo 35

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Harry's POV

Depois de três semanas, Ronda tinha grudado em mim feito carrapato e as coisas só pioraram na última semana, quando ela foi lá para casa e nós transamos. Foi sua primeira vez, um momento importante para ela que não significou nada para mim. Passei todo o tempo pensando em Malia e só consegui gozar quando fechei os olhos e imaginei que era ela ali.

Queria me sentir mal por ter lhe tirado a chance de ter sua primeira vez com alguém que realmente se importasse com ela, mas não me sentia. Não me importo com nada. Queria que tudo fosse para o inferno, inclusive e principalmente Ronda. Não sei porque ela ainda continua comigo ou porque ela deixou que eu lhe fizesse isso.

Não a trato bem desde o dia da formatura, mas ela ignora todas as minhas grosserias, cala a boca sempre que eu digo que a voz dela está me irritando e vai embora toda vez que peço para fazer isso. Toda essa passividade tá me tirando do sério. Ela deveria gritar comigo e me responder a altura, não se encolher como se fosse uma donzela em perigo e acuada. Quer dizer, garota em perigo, ela não era mais nenhuma donzela por minha causa.

-O que você tá fazendo aqui? – disse assim que abri a porta e me deparei com Ronda.

-Eu queria te ver. – ela passou os braços pelo meu pescoço e me beijou. – Você não quer me ver? – Passiva. De novo. Que saco.

-Tanto faz, entra. – ela se sentou no sofá ao meu lado e deitou a cabeça no meu ombro enquanto assistíamos um programa idiota. Depois de meia hora grudada em mim, ela não conseguiu mais se manter em silêncio.

-Você ligou para o hospital para garantir que eles sabem da nossa visita amanhã?

-Eu passo todos os fim de semanas das minhas férias visitando as crianças com câncer do hospital a quase seis anos, tenho certeza que eles sabem que voltarei lá amanhã. Assim como fiz no fim de semana passado e no retrasado.

-Só queria ter certeza que...

– Tô com fome, quer comer alguma coisa? – disse a interrompendo e me levantando, caminhei para a cozinha. Será que tem veneno de rato por aqui? Balancei a cabeça me repreendendo por pensar algo assim. Estou me tornando um idiota.

-Sim, o que você for comer, eu como.

-Serio? Você não tem vontade própria? – a encarei e ela me lançou um olhar magoado.

-Eu só não quero te dar trabalho. – bufei e me virei procurando por alguma coisa na geladeira. Que inferno. Porque ela não grita comigo e me manda baixar a voz? Porque ela tenta sempre tornar tudo fácil? Eu não quero que seja fácil. Quero que ela grite e me ponha no meu lugar. Não, não é isso que eu quero. Eu quero a Malia. Quero sua personalidade forte, suas complicações, o jeito como sempre causa uma confusão e se impõe.

-Que inferno! – bati a porta da geladeira e peguei a chave do carro em cima da bancada. – Não tem nada aqui, vamos em algum lugar. – ela não perguntou nada sobre meu ataque de fúria e me seguiu até o carro, feito um cachorrinho bem treinado. No caminho ela ligou o rádio e deixou em uma estação que tocava gospel. Mudei de estação para uma que tocasse algo mais animado, ela não discutiu ou ficou chateada por eu ter feito isso. – Qual o seu problema? – ela me olhou confusa quando gritei com ela.

-O que eu fiz? – lá vem o olhar inocente, odeio esse olhar.

-Nada! Você não fez nada. Nunca faz. Nunca reclama, nem se impõe ou bate o pé. Você está viva?

-Eu não ent....

-Porque me deixa te tratar do jeito que eu te trato? Porque aguenta todo o meu mal humor e minhas grosserias? Não me diga que é porque eu te faço feliz, por que isso não é possível.

ALMIGHTYOnde histórias criam vida. Descubra agora