Ciúmes, Preocupação e... Grávida?

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Consegui um emprego como professor de inglês numa escola de idiomas. Naquele dia mandei uma mensagem para o celular de minha prima avisando que não poderia buscá-la na escola. Eu preparava o almoço quando ela chegou, me deu um beijinho no rosto e foi lavar as mãos.

– Que felicidade é essa, Gata?

– Agora eu tenho um namorado! É um menino da minha escola!

Forcei um sorriso e avisei que a esperava para almoçar. Terminei de comer e fui para o trabalho. Durante o jantar Clarice perguntou à minha tia se poderia voltar da escola a pé com Aline, minha tia não queria deixar, achava Clarice muito nova para andar sozinha na rua, dei minha opinião:

– Não vejo problema, tia. Ela já tem quase 13 anos, ano que vem começarei a faculdade e não poderei ficar mais tempo com ela. Já está na hora de aprender a ser mais independente, afinal, tem até namorado!

Tu deve estar pensando que eu fiquei com ciúmes! Tem razão, eu fiquei, mas foi a escolha que ela teve, o que eu poderia fazer? Pelo menos estava com alguém da idade dela...

Alguns meses depois fizemos um churrasco para comemorar seu aniversário. Embora tenha ficado incomodado, enciumado e chateado com a presença de Rafael, disfarcei. O importante era ver minha prima feliz e ela estava!

Pensei que aquela palhaçada – era assim que eu via aquele namoro – terminaria logo, engano meu. Meses depois de seu aniversário Clarice avisou que passaria o dia seguinte comemorando o aniversário de namoro com Rafael. Não nos falamos o dia todo, cheguei em casa mau humorado e como todos os dias, fui recepcionado por ela.

– Está mal-humorado?

– O que acha? Como foi teu dia?

– Foi ótimo e o seu?

– Maravilhoso. – respondi com ironia.

– Que Bom! Pensei em passar um tempo com você, mas pelo jeito seu humor não deixará.

A guria não tinha culpa pelo meu humor, ao se virar, segurei seu braço e disse:

– Espere. Podemos ver um filme, o que tu acha?

Eu estava com saudade dos abraços e dos beijos que dávamos, desde o dia que anunciou seu namoro não ficamos mais juntos, não seria certo. Preparamos os colchões no chão do quarto e fomos fazer pipoca, ela sentou no tampo da pia e me observava.

– Por que me olha, guria?

– Nada, apenas pensando.

– Em quê?

– Nada não. Eu vou colocar o filme.

Ofereci meu colo a ela que deitou e se aninhou, pude sentir o cheiro de cereja, respirei fundo. Quando o filme acabou, perguntei se tinha gostado, ela levantou e passou a mão no rosto.

– Clarice, tu está chorando? – por favor, diga que não, pensei.

– Me emocionei com o filme.

– Era comédia... Tu não assistiu. O que aconteceu?

– Saudade do Davi.

Abracei com a intenção de consolá-la, como era gostoso sentir seu corpo quente junto ao meu! De repente ela me soltou e pediu para ficar sozinha. Fechei a porta do quarto e a deixei.

Clarice estava atrasada para a escola, fui até o quarto e vi que ainda estava na cama. Tentei acordá-la aos sussurros:

– Clari, acorda, tu está atrasada, guria.

– Não quero ir, estou com dor de cabeça.

– Tudo bem, tome um remédio. Ligarei para a escola e avisarei que tu não vai.

Depois de ligar para a escola sentei no sofá e peguei meu violão, estava aprendendo a tocar uma música, ela logo apareceu com uma caneca de café com leite, sentou no sofá à minha frente e comecei a tocar uma música que ela amava: 'Nothing else matters', sempre que ouvia, Clarice parecia relaxar! Encostando a cabeça nas costas do sofá e fechando os olhos, ela relaxou o corpo e enquanto tocava, ela chorava em silêncio.

– Como tu está, Clarice?

– Felipe, não vamos falar sobre isso. Não agora, não hoje.

– Como quiser. Mas eu preciso me preocupar?

Para meu alivio, isso não seria necessário. Ela atendeu ao telefone e avisou que Rafael passaria durante à tarde para vê-la.

– Tudo bem.

Eu precisava perguntar, precisava saber:

– Clarice, tu ainda é virgem?

Ela simplesmente baixou a cabeça, colocou as mãos no rosto e chorou silenciosamente. Meu Deus... Clarice estava grávida aos 14 anos e a culpa era totalmente minha. Fui negligente, irresponsável e... sei lá mais o quê... Coloquei minhas mãos em seus ombros e apesar do medo que senti da resposta fui obrigado a perguntar:

– Clarice... tu está grávida?


Dos 18 Aos 66Onde histórias criam vida. Descubra agora