Na terça-feira seguinte minha prima me ligou pedindo que eu fosse ao aeroporto me despedir de Anthony.
– Não acho uma boa ideia, Clarice, tu sabe que eu nunca gostei desse cara.
– Por favor, Fel, é importante para ele...
– Não. Peça-me qualquer coisa, menos isso.
– Tudo bem, posso te pedir qualquer coisa mesmo?
– Droga! Vai, diga! – concordei sorrindo.
– Me acompanha até o aeroporto amanhã?
– Tu é sacana, guria!
– Você disse que eu poderia pedir qualquer coisa!
– Tudo bem, te acompanho. Mas por ti, jamais por ele!
– Obrigada!
Encontrei com eles no final da tarde seguinte e quando informaram que o embarque tinha sido liberado, Clarice o abraçou, trocaram algumas palavras e ela deu um passo para trás baixando a cabeça. Queria puxá-la pelo braço e mostrar ao mané que ela não era mais dele, apenas observei e me senti aliviado quando ele embarcou.
***
Quando saí daquele fim de mundo de fazenda, meu pai me deu uma boa quantia em dinheiro, como se isso superasse a falta de Clarice, guardei por um tempo e abri a clínica veterinária depois de me formar.
O casamento de Davi e Mariana estava se aproximando e como Clarice seria uma das madrinhas, ajudava a noiva com os preparativos da cerimônia e festa. No meu intervalo para o almoço encontrei as duas no shopping e me aproximei.
– Oi, gurias!
– Oi Felipe! Tudo bem?
– Tudo bem, Mari!
– Oi Fel! Como está?
– Estou bem e tu?
– Bem! Estou bem!
Eu ri com o nervosismo dela, não sei por que Clarice ainda ficava nervosa com minha presença! Desviei o olhar quando Mariana perguntou se eu já tinha almoçado. Respondi que não e então ela fez o convite para almoçarmos juntos. Encarei minha prima na espera de sua aprovação.
– Será ótimo ter sua companhia!
– Então tudo bem!
Fomos ao nosso restaurante preferido, eu almoçava lá todos os dias, os atendentes me conheciam pelo nome.
– Oi Felipe! Tudo bem? Estava com saudade, você não apareceu mais!
Laura era a guria que ficava no caixa, sempre jogava charme e fazia alguma gracinha para mim.
– Tudo bem contigo, Laura?
– Melhor agora! Estava com saudade, você sumiu!
– Estou trabalhando muito! Plantão atrás de plantão!
– Imagino! Deve ser corrida a vida de médico! Qual a sua especialidade?
– Animais de pequeno porte!
– Adoro crianças!
Me segurei, mas soltei um riso baixo, ainda bem!
– É, os filhotes são minha paixão!
– Vai beber o de sempre?
– Claro!
Assim que Laura se virou para pegar o suco olhei para Mariana e minha prima, as gurias estavam quase roxas por segurar o riso! Fomos para mesa e Clarice me zuou:
– Ela adora crianças!
Não aguentamos mais e gargalhamos, obvio que as duas ainda zuaram com a minha cara por um bom tempo!
– Que isso, prima! Como tu é má!
– Desculpa, mas você também se segurou para não rir!
Terminamos de almoçar e eu ainda tinha alguns minutos antes de voltar ao trabalho, Mariana saiu para atender a ligação de Davi e perguntei como ela estava.
– Ansiosa, nervosa, quase descontrolada!
– Aonde vocês vão depois?
– Vamos à confeitaria experimentar os bolos!
– Leve um pedaço para mim! Tu sabe como adoro bolos, os de festas são os melhores!
– Que horas você chega em casa?
Eu ri, Clarice era brincalhona demais! No início da noite a campainha do meu apartamento tocou.
– Clarice!
Recebi o recipiente de isopor e sorri sem acreditar!
– Tu trouxe!
– Não disse que traria? Tem de chocolate com beijinho e morango!
– Adoro beijinho! – falei num tom malicioso.
Peguei dois garfos e entreguei um a ela.
– Ah, não. Obrigada! Não aguento mais comer bolo!
– Tu sabe o que é melhor que bolo? Sexo!
– Concordo! Melhor ainda é fazer sexo e depois comer bolo!
Olhei com malícia para aqueles olhos hipnotizantes e soltei a frase:
– Ou comer bolo e fazer sexo!
– Também! Ah, por falar em sexo, quero dizer, bolo –eu ri alto – tenho uma coisa para você! – disse me entregando uma caixinha – Mari pediu para te entregar.
Dei mais uma garfada e abri a caixa.
– A gravata do padrinho!
– Tem que combinar com o vestido da madrinha!
– Teu vestido é dessa cor?
– Mesmo tecido, inclusive!
– Tu sabe que fica linda de azul, não sabe?
– Se você diz! Preciso ir.
– Valeu pelo bolo!
– De nada!
***
Estava passando perto da casa de minha prima e resolvi entrar para falar com ela.
– Oi, Davi! Ansioso para amanhã?
– Você não imagina o quanto, primo!
– Clari está em casa?
– Tomando banho, pode esperar no quarto dela, se quiser.
– Valeu!
Logo a guria apareceu enrolada na toalha e eu fiquei sem palavras.
– Felipe? O que está fazendo aqui? Felipe?
– É... eu... vim falar contigo! Sobre amanhã, que horas passo aqui?
– Às sete horas?
– Seis e meia! Foi o que pensei! Posso ver seu vestido?
– Claro vai lá!
Dei um passo em direção ao vestido pendurado dentro da capa, mas acabei olhando para ela quando tirou a toalha.
– Gata... não faça isso... – pedi respirando fundo.
– O que foi? Não tem nada aqui que você ainda não tenha visto!
– Isso é crueldade!
– Estou mentindo?
Fiquei prestes a agarrá-la e não sei o porquê me contive – mais uma vez – apressado avisei que precisava ir para casa.
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Dos 18 Aos 66
RandomEsta é a versão de Felipe, do livro Dos 12 aos 60. Para melhor entendimento dessa história, oriento a ler o livro anterior até o capítulo quatro para dai ler os dois simultaneamente :) Boa leitura!