Dos 18 Aos 66

Visita de Médico.

Dois. Gêmeos. Não bastava esfregar um filho na minha cara, tinha que ser dois de uma vez. Novamente fiz meu papel de primo amigo e liguei para ela.

– Parabéns pelos gêmeos, guria.

– Obrigada, primo. Que voz é essa?

– Estou estudando, só parei para te ligar.

Tive vontade de jogar meu celular longe, destruir meu apartamento, mas fui tomar um banho gelado para me acalmar. Deixei a água cair sobre meus ombros e soquei a parede em minha frente. Como eu a encararia sem disfarçar meu amor por ela e a revolta de não serem meus filhos? Evitei ao máximo encontrar e falar com ela, era dolorido ficar sem vê-la, mas era menos que a ver com ele. Nos encontrávamos apenas em reuniões familiares quando eu resolvia aparecer, porque, nem sempre eu estava presente.

Alguns meses depois recebi uma ligação do meu primo, era bem tarde da noite. Acordei assustado.

– Oi, Davi. O que foi?

– É a Clarice... ela perdeu os gêmeos. Imaginei que você gostaria de saber.

– Como ela está? Onde ela está? – perguntei já vestindo minhas calças.

– Está bem, em observação no hospital Evaristo Ganel. O Horário de visita é das 16:00 às 20:00, se quiser vê-la amanhã.

– Valeu.

Foda-se o horário de visita, não esperaria até a tarde seguinte, precisava vê-la naquele momento.

Até que foi fácil entrar no hospital pela entrada dos funcionários, às três da manhã ninguém se importa em trancar as portas! Esperei a enfermeira terminar de examiná-la e entrei no quarto sem fazer barulho.

– Felipe? Como entrou aqui?

– Joguei meu charme para a enfermeira! Como tu está?

– Doida para ir embora, é entediante ficar aqui sem fazer nada! Por que veio agora?

– Tu deve ter percebido que não vim no horário de visita, sentiu minha falta? Acabei de saber.

– E veio me ver...

– Não poderia ficar em casa preocupado contigo, precisava vir. Já que tu está bem, deixarei descansar.

Ao sair ela me chamou:

– Felipe, obrigada.

Fui até ela, dei um beijinho na testa e voltei para casa.