Um Mês.

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Um mês. Trinta dias. Quatro semanas se passaram e eu mal tinha começado a analisar os documentos. Meu coração estava estraçalhado pela falta de Clarice e eu ainda continuava com raiva de meu pai. Desde o dia quem me deixou aqui, não voltou mais. Às vezes não queria que voltasse, mas meus mantimentos estavam acabando e como estava 'ilhado' só ele poderia reabastecer minha dispensa. Que ódio.

'Amor, perdoe-me por ter te deixado, estou ilhado no fim do mundo, tenho muita sorte em ter energia elétrica aqui. Queria muito estar ao teu lado, independente de onde, só queria estar contigo, tu me faz falta. Tenho muita coisa a fazer e parece que não termina nunca. Sinto falta do seu cheiro de cereja e do seu beijo doce.'

Sequei minhas lágrimas, coloquei o caderno de lado e voltei para a contabilidade até não aguentar mais. Essa era minha rotina: acordava com o filho da puta do galo cantando, passava um café e revia aquelas merdas de papéis o resto do dia e boa parte da noite.

Ouvi o barulho do carro, meu pai estava com pressa.

– Oi, filho. Como está?

Não respondi, apenas olhei para ele e continuei com a papelada.

– Fiz compras para ti.

– Obrigado pela cesta básica.

– Felipe...

– Pode ir agora. Já fez tua boa ação do mês.

– Entendo que tu esteja...

– Estou ocupado e muito irritado, é melhor tu sair.

Assim que ouvi o carro se distanciar percebi que precisava esvaziar meu coração: 'Gata, tu não sabe como sinto tua falta, planejar nosso casamento como fazíamos quase todos finais de semana e dormir sentindo teu cheiro. Perdoe-me por não ter me despedido de ti, tive medo de ouvir meu coração e acabar ficando ao teu lado. Te amo cada dia mais.'

Dos 18 Aos 66Onde histórias criam vida. Descubra agora