Aos 33 anos ampliei a clínica veterinária junto com Pedro e contratamos mais médicos e estagiários. Estava feliz com isso e com Clarice ao meu lado, finalmente consegui consertar a merda que meu pai fez e estávamos juntos.
Clarice se tornou sócia da escola de música junto com o irmão e o mané do Anthony, mesmo morando na Flórida, uma vez por ano ele os 'visitava' para analisar o material didático do próximo ano, o que eu achava desnecessário, na minha opinião era só uma desculpa para ver minha guria, mas claro que não a via, ela e eu conversamos e decidimos que enquanto ele estivesse aqui, ela não participaria das reuniões, mesmo porque não tinha necessidade, Clarice cuidava da parte financeira da escola, não tinha nada a ver com material didático.
Decidimos não apressar nosso relacionamento dessa vez, eu morava em meu apartamento e ela na casa dela até casarmos, talvez compraríamos outra casa, talvez não, deixamos para decidir isso quando fosse a hora certa.
Numa tarde saí da clínica e fui para meu apartamento, assim que o elevador abriu, percebi um embrulho em minha porta e uma sacola de papel ao lado.
– Mas que porra é essa? – perguntei a mim mesmo.
Abaixei-me e descobri o embrulho.
– Era só o que faltava... – resmunguei pegando a criança no colo, a sacola e entrando em meu apartamento.
Assim que a descobri para ver se estava machucada ou algo parecido, ela começou a chorar e não parou mais. Olhei dentro da sacola e vi uma mamadeira, algumas fraldas descartáveis e um papel. 'não posso fica com ela e não concegui deichar ela na adossao ela tem dois mezes. Eu quero que você fique com ela.' Tive que ler duas vezes para entender o que o bilhete dizia.
– Deus, guria, pare de chorar, por favor...
Quanto mais eu pedia, mais ela chorava. Comecei a ficar desesperado , peguei meu celular e liguei para a minha guria, ela era mulher, deveria saber o que fazer...
– Gata, preciso muito de ti...
– Onde você está?
– Em meu apartamento.
Eu sei que ela chegou rápido, mas o choro da guriazinha fez parecer uma eternidade... Clarice entrou perguntando o que tinha acontecido e de quem era a criança.
– Não sei... Ela estava na minha porta quando cheguei, enrolada em panos, tinha uma sacola com algumas fraldas e uma mamadeira. Ela não para de chorar... O que faço?
– Primeiro: se acalme.
– Não consigo... ela chora demais.
– Deixe que eu a seguro.
Clarice a pegou no colo e a olhou com carinho, tinha até um leve sorriso no rosto! Ao contrário de mim, parecia que o choro da criança não a incomodava.
– Preciso que você vá até a farmácia comprar leite.
– Como saberei qual é o certo?
– Peça ajuda para alguém da farmácia, eles devem saber qual leite é bom...
Eu realmente não sabia o que fazer, cheguei na farmácia e pedi ajuda para uma farmacêutica.
– Estou com uma criança de dois meses que deixaram em minha porta e eu não sei o que fazer, minha mulher pediu para eu comprar leite...
– Por aqui. Ela está desnutrida?
– É bem provável que sim...
– Leve esse, dilua em água morna, tem todas as vitaminas que um bebê precisa, as instruções estão no verso da embalagem.
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Dos 18 Aos 66
RandomEsta é a versão de Felipe, do livro Dos 12 aos 60. Para melhor entendimento dessa história, oriento a ler o livro anterior até o capítulo quatro para dai ler os dois simultaneamente :) Boa leitura!