Naquele mês, numa das visitas de meu pai a São Paulo, ele comentou que Davi viajaria no final do ano para Flórida estudar música e sugeriu que eu me mudasse para Curitiba, cuidar de minha prima.
– Claro! Será divertido ficar de babá da Clarice!
– Filho, tu não ficará de babá...
– Eu sei, pai. Só estava brincando! Tudo bem por mim; estava mesmo pensando em me mudar para lá, é mais seguro para estudar, ter vida... São Paulo está ficando cada dia mais perigosa.
– Por favor, filho, respeite tua prima.
– Tudo bem, pai. Não farei nada que ela não queira! – brinquei.
Vi os olhos de meu pai me fuzilarem!
No mês seguinte fui para Curitiba passar alguns dias, ensaiar com a banda – eu substuiria meu primo -. Davi e Clarice me buscaram no aeroporto e quando saí da sala de desembarque ela veio ao meu encontro e me abraçou.
– Que saudade, guria! Como tu está?
– Melhor agora. E você?
– Também!
Mais tarde, Davi perguntou se eu queria ir ao ensaio da banda na casa do tal Kiko. Aceitei, não tinha nada melhor para fazer mesmo! Ele foi buscar o baixo no quarto e eu aproveitei para conversar com Clarice. Ela tinha mudado bastante desde a minha última visita, estava mais bela e seu corpo mudando, sentei ao lado dela e me aproximei.
– Não chegue muito perto, Felipe. Tenho medo de não resistir.
Coloquei minha mão na nuca dela e a puxando disse:
– Então não resista.
O beijo dela era tão gostoso! Diferente das outras gurias que eu tinha beijado. Davi logo voltou e fez questão de avisar:
– Finalmente! Achei que vocês não se beijariam mais!
Clarice me abraçou envergonhada enquanto eu ria e Davi confessava que gostava de nos ver juntos! Pelo menos alguém naquela família não se importava em me ver 'pegando' minha prima!
Quando chegamos à casa de Kiko, percebi Clarice jogando seu 'charme' para ele, no final do ensaio observei os dois conversando e ela estava, por algum motivo, ansiosa. Fui até lá, dei um 'selinho' e disse:
– Vamos, guria?
– Vamos.
Eu saí deixando os dois se despedirem. Em casa ela quis saber por que eu a tinha beijado.
– Para ele 'se tocar' de que tu não está aos pés dele. E porque eu fiquei com ciúmes em ver o jeito que tu olhava...
Não fiquei com ciúmes, só queria que ela parasse de fazer aquilo, era perceptível que o guri não queria ficar com ela.
Sentei no sofá e fiquei tocando violão, ela parou e ficou me olhando. Sorri e perguntei:
– O que foi, Clari?
– Só estou olhando!
– Venha, sente aqui comigo.
Ela riu e sentou, não entendi e perguntei qual era o motivo da risada, ela achava engraçado como eu pedia as coisas, continuei sem entender:
– E como eu peço as coisas?
– Mandando.
– Tu não existe, guria!
Eu já disse que ela era engraçada? Larguei meu violão e a agarrei. Ríamos juntos! Clarice me pediu para soltá-la.
– Só quando tu me der um beijo!
Eu a chantageei e sabia disso! Ela me beijou o rosto e pediu novamente para soltar, mas não era ali que eu queria e ainda tive que ouvir:
– Você não precisa me agarrar para ganhar um beijo meu!
– Te beijar de qualquer jeito é bom!
E era mesmo! Se ela foi verdadeira ao dizer que seu primeiro beijo foi comigo, a guria tinha 'talento'!
Nos dias que passei em Curitiba, Clarice e eu não nos desgrudamos, ficamos o tempo todo abraçados, nos beijando, dormindo no mesmo colchão, parecíamos namorados! Eu gostei, não suportava ficar grudado com guria nenhuma, mas com ela era diferente, era gostoso e quando voltei à São Paulo alguns dias depois, senti saudade dela, do cheiro de cereja em seus cabelos!
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Dos 18 Aos 66
De TodoEsta é a versão de Felipe, do livro Dos 12 aos 60. Para melhor entendimento dessa história, oriento a ler o livro anterior até o capítulo quatro para dai ler os dois simultaneamente :) Boa leitura!