Sabe Quando Dói?

3 1 0
                                    

Fiquei sabendo que a gravidez de Clarice foi confirmada e fui à escola para vê-la, cheguei na recepção e falei com um rapaz.

– Bom dia, vim falar com Clarice, meu nome é Felipe, primo dela.

Ele ligou para ela e me levou até a sala. Entrei e lhe beijei o rosto entregando o buquê de cravos brancos.

– Obrigada. O que faz aqui?

– Fiquei sabendo que a gravidez foi confirmada. Parabéns.

– Obrigada! Como soube?

– Notícias boas correm como vento! Vocês serão ótimos pais.

Anthony entrou na sala dela e ao me ver disse que voltava depois. Não entendi porque ele fez aquilo, nos deixar a sós, mas foda-se, não queria ele por perto mesmo! Fiz meu papel de 'amigo' e o abracei felicitando pela paternidade.

– Obrigado, Felipe!

– Eu estava falando para a Clarice que vocês serão ótimos pais!

– Seremos! Agradecemos sua atenção.

– Eu quero presenteá-los com o quarto do bebê.

– Desculpe, Felipe, mas o quarto nós fazemos questão de comprar, mas se quiser, pode nos presentear com o enxoval, você sabe, lençol para o berço, coberta... essas coisas!

– Claro! Será um prazer! Deixarei vocês trabalharem! Parabéns novamente.

Que ideia imbecil foi aquela que tive? Dar o quarto? E enxoval? Onde eu estava com a cabeça? Não queria me meter naquilo.

Clarice me pediu para não tentar reconquistá-la, acredito que tinha medo de ser reconquistada e acabar machucando o namorado. Eu não conseguia negar um pedido à ela, mesmo que isso acabasse comigo como estava acontecendo. Eu a amava, a queria a todo custo, mas ela me pediu para vê-la apenas como prima e era isso que eu faria, ou tentaria, por ela.

Quando recebi seu abraço, cheirei profundamente seus cabelos e guardei aquele cheiro de cereja dentro de mim, não sabia quando a teria tão perto novamente.

Forcei um sorriso e saí. Eu não estava bem a vendo grávida de um mané e feliz com ele. Era para ser eu, era para ser comigo, odiei meu pai por tê-la tirado de mim.

Meu celular tocou ao meu lado no sofá, abaixei o volume da tv e atendi.

– Felipe, venha para minha casa, por favor.

A guria estava aos prantos, fiquei muito preocupado.

– O que houve, Clarice? Por que chora?

– Jack.

Fui até a casa dela pensando o que poderia ter acontecido ao cachorro, pela forma como ela chorava, provavelmente o bicho escapou e foi atropelado. Minha suspeita estava certa, me agachei ao lado dela.

– Diga que ele ficará bem.

O animal não se mexia, aproximei meu ouvido ao focinho para ouvir sua respiração.

– Eu lamento, prima.

– Não... tem alguma coisa que a gente possa fazer... tem que ter.

Ela chorava debruçada sobre o cão. Peguei meu celular e liguei para uma empresa de um conhecido que fazia funeral de animais de estimação e depois voltei a consolá-la.

– Clarice...

– Ele me deu a pata antes de morrer.

– Sinto muito. Daqui a pouco chegará um carro, vão levá-lo...

– Levar para onde? Ninguém vai levar meu cachorro...

– Calma, Clarice... Essas pessoas cuidarão dele para que possamos enterrá-lo...

Minha prima estava com sangue de Jack na roupa e eu insisti para que tomasse um banho enquanto eu preparava uma sopa para ela.

– Preciso avisar Tony...

– Ele já está chegando, não está? Vamos esperar...

Queria aproveitar aqueles minutos sozinho com ela. O mané chegou chamando pelo cachorro e Clarice voltou a chorar, quis muito abraça-la, consolá-la em meus braços, mas me contive.

– O que está acontecendo aqui? Que sangue é esse em sua roupa? O que você fez com ela, Felipe?

– Ela está bem, Anthony. Jack foi atropelado e... sinto muito.

Ele abraçou minha Clarice perguntando se ela estava bem. Preparei uma sopa para ela e fui para casa, não suportava ver os dois juntos, era dolorido demais.

DG��z��0l[�;

Dos 18 Aos 66Onde histórias criam vida. Descubra agora