Arrumei novamente a mesa para o café da manhã e a recebi com um sorriso.
– Bom dia, Gata!
– Bom dia, primo.
Ela ainda estava chateada e me esforcei para tirá-la daquele estado.
– Dormiu bem, guria?
– Ahãm.
Clarice não queria conversa, tomou seu café em silêncio e foi para o quarto onde permaneceu pelo resto da manhã. Ouvi sua conversa ao telefone:
– Te encontro às três! Um beijo!
Olhei e desconfiado perguntei se ela iria sair.
– Ahãm.
– Quer que eu te leve?
– Não.
Cheguei ao meu limite, Clarice conseguiu me irritar. 'Dane-se, faça o que quiser' pensei. Perto das três da tarde avisou que encontraria uma amiga, não me importei, precisava e queria ficar sozinho.
Mais tarde bati na porta do quarto.
– Pode entrar. - ela disse.
Clarice estava se maquiando, linda como sempre.
– Tu vai sair de novo?
– Não vamos?
Eu dei um sorriso largo, queria que ela pensasse que estava tudo bem. Comecei a me arrumar para o jantar, tomei banho e fui para o quarto, depois Clarice bateu:
– Felipe, está pronto?
– Quase. Quer entrar?
– Você está lindo, meu amor!
– E tu? Perfeita como sempre!
Sim, Clarice estava perfeita como sempre foi, mas isso não seria o suficiente para me acalmar, continuava muito irritado. Ela acordou e me chamou de 'primo', não era isso que ela queria? Pois então teria uma noite como minha prima, nada mais.
Chegamos ao restaurante e eu a apresentei como minha prima, não abracei, não a beijei e muito menos fiz alguma menção de ser seu namorado. Havia uma professora chamada Rosana que me 'dava mole', aproveitei e a usei para fazer muito ciúmes para Clarice e consegui.
As duas foram ao banheiro e quando voltaram convidei Rosana para dançar e deixei minha prima sozinha na mesa até que Ayo foi falar com ela. Apenas observei. Rosana não desgrudou de mim a noite toda e tentou me beijar enquanto dançávamos.
– Rosana, vamos sentar? Já estou cansado!
Fiquei observando Clarice e Ayo dançarem, pouco depois ela voltou e sentou à mesa ao meu lado. Fiquei sem saber o que dizer quando Rosana disse que minha prima havia falado que eu tinha namorada e perguntou se era verdade. Minha prima me encarou, eu sabia que naquele momento ela sorria por dentro!
– Clarice, vamos embora? Está tarde e eu estou cansado.
Para a minha salvação Ayo chegou com um copo d'água para ela. Eles se despediram e Rosana tentou me beijar novamente, não deixei, óbvio que não!
No caminho para casa não trocamos uma palavra e quando chegamos Clarice foi direto para o quarto e eu atrás dela. Parei no batente da porta, cruzei os braços e perguntei se ela ainda estava brava comigo. Sem resposta. Ao passar por mim a segurei com o braço.
– Uma hora tu terá que falar comigo, Clarice.
Seus olhos expressavam fúria. 'Vai, exploda' pensei.
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Dos 18 Aos 66
AcakEsta é a versão de Felipe, do livro Dos 12 aos 60. Para melhor entendimento dessa história, oriento a ler o livro anterior até o capítulo quatro para dai ler os dois simultaneamente :) Boa leitura!