Lua.

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– Eu não posso ter o seu coração se alguém ainda estiver lá, mas um dia tu será minha, guria!

Nos olhamos por alguns instantes e ela disse que estava bem, queria sair, dar uma volta.

– Tu tem certeza?

– Tenho!

Fomos à praia, sentamos na areia e ficamos observando o mar, quietos e pensativos. A maresia me trazia o cheiro de cereja de seus cabelos, eu poderia agarrá-la ali mesmo e a ter em meus braços, mas ao invés disso levantei e busquei um picolé para ela.

– Trouxe picolé para ti, só não vai engasgar!

Como eu gostava de ver aquela guria sorrindo! O sorriso dela conseguia tirar qualquer coisa ruim que eu estivesse sentindo ou pensando! Era um sorriso tímido, acolhedor, lindo!

– Obrigada, Felipe.

– Por?

– Fazer parte da minha vida!

– Por nada! Vamos voltar? Parece que vai chover...

No caminho de volta abri meu coração:

– Clarice, eu não suporto a ideia de te ver com Kiko, sabia? Poderia ser qualquer um, menos ele...

– Não se preocupe, decidi esquecê-lo! Mas se você não gosta dele, por que são amigos?

– O Kiko é uma pessoa boa, só não acho certo como ele te trata, ele é um pouco 'Narciso', fora isso eu gosto dele.

– Ele é bonito, mas tem gente melhor!

***

Estávamos na sala jogando baralho, me levantei e fiz sinal para Clarice vir atrás de mim, ao chegarmos no quarto a levei para a sacada.

– Olhe a lua, Clarice, veja como a luz dela ilumina a terra. Eu estava procurando algo para comparar contigo e a única coisa que achei linda e brilhante foi a lua!

O que estava acontecendo comigo? Nunca fui romântico com guria nenhuma... Ela ficou me olhando por alguns instantes.

– Dou um beijo pelo seu pensamento, Felipe!

Era isso que eu queria! Coloquei minhas mãos no rosto suave dela, Deus! Poderia passar a eternidade daquele jeito!

Kiko entrou perguntando se Clarice sabia onde eu estava.

– Estamos aqui na sacada. – avisou.

– Ah, desculpe, não sabia que vocês estavam conversando... Felipe, seu está procurando por você.

– Faz um favor, avisa que Felipe já vai!

Ele saiu e eu disse:

– O cara não quer ficar contigo e atrapalha quem quer!

– Acho melhor irmos...

–Ainda não.

Segurei-a pelo braço, meu coração estava acelerado. Beijei sua boca quente, apertei aquela cintura fina, beijei seu pescoço macio, mordi sua orelha, senti o perfume de cereja de seus cabelos. Estávamos ofegantes e excitados.

– Felipe...

– Acho melhor ver o que meu pai quer...

Ele queria ajuda para limpar a churrasqueira, aproveitei e confessei:

– Pai, acho que estou gostando dela.

Ele me olhou surpreso.

– Por que tu acha isso, filho?

– Sei lá, volta e meia ela me vem à cabeça, palavras bonitas saem de minha boca sem que eu perceba, meu coração acelera... Nunca senti isso, pai.

– O que posso dizer?

– Que isso é passageiro, que é coisa da minha cabeça, que... Sei lá, pai, diga alguma coisa!

– Tu procurou isso. Eu pedi que parasse, mas tu não parou, sempre fez o que quis. Está na hora de ser homem, Felipe, assuma o que sente ou pare de uma vez. Clarice não é teu brinquedo, não permitirei que brinque com os sentimentos dela.

– Pai... – fiquei surpreso pelo jeito que falou.

– Não lamente. Eu te amo filho, mas se em algum momento eu ver que ela está triste ou magoada por causa de ti, eu juro que tu vai se arrepender.

Depois dessas palavras eu não disse mais nada. Mais tarde entrei no quarto e Clarice estava me esperando para desejar boa noite. Pedi que dormisse comigo, Kiko e ela se 'encrencaram' e Clarice achou melhor não ficar mais ali.

***

Percebi Diego aflito e fui tentar ajudar. Ele estava prestes a conversar com Aline, gostava dela e pediu um conselho.

– Pergunte se ela sabe a hora que vamos embora, depois comece a falar que o final de semana foi bom porque tu aprendeu a conhecer melhor teus sentimentos... e aí tu diz que gosta dela...

– Valeu, Felipe!

Eu deveria falar aquilo para mim mesmo, afinal, eu descobri que a amava naquele final de semana! Clarice e eu ficamos sentados na rede, conversando, até que ela revelou:

– Se eu mandasse em meu coração, optaria por me apaixonar por você.

– Por mim?

– Sim, Felipe. Você é lindo, gosta e cuida de mim, não me trata como criança...

O que eu poderia dizer? Nada, é claro! Foi isso que fizemos, não falamos nada. Segui os conselhos de meu pai, prestei muita atenção aos meus sentimentos, eu adorava o cheiro de cereja de seus cabelos, o sorriso, os beijos e o olhar hipnotizante que ela tinha. Eu gostava mesmo daquela guria!

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Dos 18 Aos 66Onde histórias criam vida. Descubra agora