Após o almoço, estávamos ouvindo Davi contar sobre a viagem e a vida na Flórida, observei minha namorada conversando com Anthony e eles saíram. Confesso que fiquei um pouco enciumado, mas eu confiava nela e o guri estava meio isolado do resto da turma, imaginei que eles tivessem apenas ido dar uma volta e acertei, depois que ela voltou contou que saiu com Anthony para lhe fazer companhia... Clarice tinha um bom coração!
Não éramos um casal que ficava grudado o tempo todo, tratávamos dos nossos assuntos, passávamos um tempo juntos e depois cada um para o teu lado, e nesse dial mal falei com Clarice. Fiquei tocando com os guris, fui à praia com eles e conversei com meu pai, mesmo porque ela estava com irmão, deixei que aproveitasse.
Na manhã seguinte ouvi o final de uma briga entre Davi e a irmã, ela estava saindo da cozinha e eu entrando.
— Bom dia, primo. O que houve com a Clari?
– Falou que o Kiko falava mal de mim, sabe de alguma coisa?
– Sei que a guria se declarou e ele a chamou de criança, mas falar mal de ti ele nunca disse, não para mim, pelo menos. Por que tu não conversa com a Mari sobre isso?
Ele seguiu meu conselho e foi falar com a Mariana, não vi mais a Clarice pelo resto do dia. Fiquei na varanda da frente tomando chimarrão e Davi veio me perguntar dela:
– Felipe, a Clarice já voltou?
– Ainda não.
– Estou preocupado, vou procurá-la pela praia.
– Eu sei onde ela pode estar. – avisou Tony saindo. – Eu a trago de volta.
Como assim ele sabia onde a guria estava e eu não? Quase uma hora depois eles voltaram e ela foi correndo abraçar o irmão, foi uma cena emocionante! Mas eu ainda estava enciumado... que atrevimento daquele cara.
***
Acordei e tomei meu café com leite na cozinha, depois fui conversar com meu pai e minha namorada na rede, dei um beijinho nela e logo depois meus pai nos deixou para atender um telefona. Comentei com ela que a empresa estava tendo problemas e não parecia ser pouca coisa. Meu pai se aproximou preocupado.
– Pai, vamos dar uma volta?
Logo que passamos pelo portão, perguntei sobre a empresa.
– Ah, filho, se eu te contar tu não vai acreditar...
– Conte, pai. Confie em mim.
– Eu tenho quase certeza de que um dos sócios está nos roubando.
– Como assim?
– Tem dinheiro sumindo do caixa sem explicação e algumas propriedades não estão mais em meu nome, não sei porquê, não as vendi nem fiz nada com elas e simplesmente... puff... não as tenho mais.
– Será que ele está falsificando tua assinatura, pai?
– Não sei, Felipe, é bem provável... se continuar assim, perderemos as fazendas, os gados, o matadouro...
– Tem alguma coisa em que eu possa ajudar?
– Vai ter, filho, vai ter.
No sábado seguinte era o aniversário de 15 anos da minha prima, ela combinou com o irmão de serem os últimos a chegarem ao salão e festas, então eu me arrumei e fui sem ela. A guria estava perfeita! Usava um vestido azul claro com os ombros à mostra, não entendi qual era daquele troço, curto na frente e comprido atrás... para mim não fazia sentido, ou era curto ou era comprido, mas mesmo assim era bonito. Ela prendeu os cabelos e colocou uma flor artificial. Assim que a vi fui ao encontro dela.
– Tu está linda, guria! Parece uma princesa!
– Quer dançar comigo, meu príncipe?
Foi uma festa divertida! Clarice esteve linda e elegante o tempo todo, era uma guria especial para mim, muito especial!
***
Meu pai e eu conversamos com o advogado da empresa para resolver o problema do roubo e voltei para casa, precisava conversar com meu primo. Chamei-o no quarto e avisei:
– Fui ao advogado com meu pai e ele disse que a causa pode ser demorada, então sugeriu que passasse os bens para os filhos... Ele quer passar alguns bens para você antes da sua viagem.
– Claro! Se precisar eu fico mais um tempo aqui no Brasil.
– Obrigado, cara!
– Gabriel me contou sobre tudo que está acontecendo e eu acho que esse cara vai se ferrar feio! Seu pai não deixará barato!
– Não mesmo! Eu vou ajudar sua irmã na cozinha...
Ficamos em silêncio, nós três.
Mariana chegou e os dois foram recepcioná-la. Fiquei na 'minha', quieto, estava preocupado com meu pai, com a empresa e com tudo aquilo. Assim que pôde, Clarice veio falar comigo.
– O que está acontecendo, Fel?
– Estou com medo, Clari.
– Do nosso 'casamento'?
– Não... tenho certeza de que quero me casar contigo!
– Então você está falando sobre o problema com os bens do Gabriel?
Caramba! Como ela sabia? Olhei espantado para ela, não imaginei que a guria pudesse ser tão direta! Ela me pediu para contar o que estava acontecendo e contei tudo:
– Clarice, podemos perder todas as fazendas, todas as propriedades. Se isso acontecer entraremos em falência. Décadas de trabalho e investimentos serão perdidos, jogados fora... decidimos não contar para não te preocupar.
Embora a guria tenha me dado bronca por não concordar em termos a deixarem de fora, ela entendeu a situação e agradeceu por eu ter aberto o jogo.
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Dos 18 Aos 66
RandomEsta é a versão de Felipe, do livro Dos 12 aos 60. Para melhor entendimento dessa história, oriento a ler o livro anterior até o capítulo quatro para dai ler os dois simultaneamente :) Boa leitura!