Não tenho a pretensão de fazer um guia, muitos já fizeram "bem mais e melhor do que você" — salve Chico Buarque! Nem um livro de autoajuda para viajantes solitários. Neste livro ninguém vai encontrar dicas de lojas que vendem perfumes. Por quê? Porque eu não uso perfumes e sou alérgica a eles. Vinhos? Tampouco, sou daquelas que bebe dois goles para ser educada e quando chega no restaurante nem olha a carta e pede logo "une carafe d'eau", água natural, que é de graça e refresca a boca. Pareceu antipatia? Não é não. Simplesmente minha intenção é contar o que vivi em 100 dias em Paris, aos 60 anos, morando em uma cidade estranha e me "perdendo para me achar" — o mote principal desta trajetória. Este 100 dias em Paris, digamos, assim é um inventário de sensações. Para muitos, o que digo pode ser óbvio. Para outros, novidade. E, ainda, como pode ser útil para alguns, dou conta do que vi e conto. Durante esta jornada, que podia ser somente uma viagem, mas se tornou algo bem maior, resolvi dividir a experiência com outras pessoas através de um site e de uma página no Facebook. A repercussão foi maravilhosa, tive fiéis curtidores, meus posts foram vistos por milhares de pessoas diariamente, o que para mim foi um espanto e uma felicidade. Os comentários sempre foram deliciosos e fiquei com a sensação de ter feito milhares de amigos. E foram eles que me incentivaram a transformar a experiência em livro. O que seria simplesmente um e-book feito por mim mesma se ampliou com a chegada da Ímã Editorial. E aqui estou eu. O livro é uma versão ampliada e revista do que postei no dia a dia. Não é mais blog, virou livro: cresceu, ganhou maturidade, os verbos foram para o seu tempo certo, sumiram os "hoje" e os "aqui" e as emoções tornaram-se mais perenes, não tão passageiras. O humor, no entanto, permaneceu, às vezes mesclado com pequenos banzos. É a vida, não é mesmo? Espero que 100 dias em Paris proporcione o mesmo prazer para seus leitores que senti ao viver as experiências, e que inspire outros a viver a aventura que desejam. Afinal, nunca se é tão velho que não possa sonhar e realizar os próprios desejos.