Na Moral
Esta dica não gostaria de dar, mas ela é necessária. A dança me levou a lugares que você iria duvidar. Eu estive em diversos bairros em Paris, alguns bairros da periferia; ultrapassei algumas Portas, que delimitam a cidade; fui a zonas mais industriais que ficam vazias nos finais de semana, e pude ver o que se vê em todo o mundo, seja no Bronx ou na Pavuna, jovens marrentos, com moletons largos, capuz na cabeça, inofensivos. Ninguém tem medo deles, o ônibus permanece cheio, e, embora até tenha tido certa paranoia (sou carioca!), vi que era puro preconceito. E contra o preconceito só resta lutar. Mas, perigo mesmo, existe nas zonas mais turísticas. Não á à toa que até os seguranças do Louvre fizeram um dia de protesto por causa dos batedores de carteiras e celulares — normalmente meninas. E meu genro sentiu de perto este problema: foi furtado no seu primeiro dia em Paris, bem na saída do metrô Louvre- Palais Royal por três jovens, que levaram a sua carteira em um piscar de olhos. Por isso mesmo, homens, carreguem suas carteiras no bolso da frente; mulheres, usem bolsa lateral, e mantenham-na virada para a sua frente. Fora os furtos, há os golpes: ignore solenemente uma joia caída na rua, pois sempre haverá alguém que se aproxima para criar o ambiente perfeito para ser roubado. E fuja dos grupos de falsos surdos e mudos — com uma prancheta na mão, eles cercam-no e dizem que precisam somente de uma assinatura, depois pedem dinheiro, se você dá 10, eles dizem que o mínimo é 20. E envolvem-no e levam a sua bolsa. E pior, eles falam e ouvem. Ainda têm a cara de pau de perguntar se você fala inglês. Fui cercada três vezes e saí aos gritos dizendo NON, NON, NON. Eles pensaram que eu era uma francesa enfurecida e se afastaram. O golpe é velho, já foi contado em vários blogs, mas não custa repetir. Fiquem espertos. E fortes. Ou então, levem uma prancheta e peçam para eles assinarem para os reais surdos- mudos. Será que dá certo?
Na Estrada
Esta dica é para quem vai se aventurar pelas estradas francesas, o que altamente recomendo. Como a minha lógica ilógica é se perder para se achar, nada melhor do que fazer um trajeto de carro. A França tem estrada para qualquer biboca. Por menor que seja a cidade você sempre vai poder chegar nela pelas estradas A (autoestradas maravilhosas com limite de 130 km/h com segurança), pelas N (as estradas nacionais) e as D (as que mais gosto, as departamentais, que vão passando pelas cidadezinhas). Sempre haverá uma delas e, se você se perder, relaxa, alguma opção aparecerá alguns quilômetros depois. Relaxa mesmo. Não se preocupe, por exemplo, quando pegar uma estrada A para Lyon, verá uma placa, seguirá na direção mas, como por mágica, por centenas de quilômetros não haverá mais o nome Lyon. Quando estiver perto, a placa reaparecerá. Ufa! Uma sugestão pessoal: escolha o trajeto de ida ou de volta para pegar autoroute, a outra faça pelas departamentais. E melhor, assim que vir uma plaquinha de monument historique, siga na direção dela. Foi assim que vi as coisas mais maravilhosas na França, como a Abadia de Fontenay. Desvie, se perca e ache. E não se esqueça do GPS, porque sair das cidades é complicado quando elas são grandes. Depois, é só prazer e pode desligar o navegador exatamente para poder ir sem rumo definido.
Na Provence
Numa linda casa antiga, em Pont Saint-Esprit, Aline Fromange, a mais carioca das parisienses, e Sylvie Fabrol montaram a pousada Le Mas des Îles. Mas significa maison, casa, em provençal; des Îles, porque reza a lenda que, quando o Rio Rhône sobe muito, a região vira uma ilha. Eu, se fosse você, alugava um carro, ia para Le Mar des Îles onde o sol, a degustação de vinhos (é a região do Côtes du Rhône e do Châteneuf-du-Pape), a boa comida, as cerejas, os kiwis, as peras, os maravilhosos passeios de carro, a pé, de bicicleta e a acolhida das duas lhe esperam. As duas amam o Brasil, falam português e são fãs de Chico Buarque e Paulinho da Viola. Se virar ilha, melhor ainda. LE MAS DES ÎLES CHEMIN DES ÎLES Pont Saint-Esprit 30130