Comer, Rezar e Amar... in Bruges

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Aqui em Paris, os homens se beijam quando se cumprimentam e nem por isso são gays

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Aqui em Paris, os homens se beijam quando se cumprimentam e nem por isso são gays. Em Bruges, não vi isso não.

O título foi só para pegar os que se encantaram com o livro que narra a trajetória da americana que descobriu a comida na Itália, a religiosidade na Índia e o sexo em Bali. Minha trajetória foi diferente, mas com umas pitadas de comida, igrejas e paixão. Conto aqui, após fazer pequeno preâmbulo, e quem já leu algumas das minhas aventuras sabe que começo assim. Enrolando-os em um novelo para depois desenrolar. Pois bem, e aqui começa a "desfiação". Sempre quis conhecer Bruges, talvez por influência da pintura de Bosch — antes que me corrijam, sei que ele é holandês, mas foi através da pintura dele que descobri a tal escola flamenga, de pintores das regiões de Flandres e dos Países Baixos. E Bruges fica exatamente na região de Flandres, no norte da Bélgica. Esta é a parte intelectual da história. Os anos se passaram e sempre planejei ir a Bruges e jamais fui. Há poucos anos passou um filme, In Bruges (em português, Na mira do chefe), dirigido por Martin McDonagh, todo passado na cidade. É uma comédia inglesa por excelência, com muita matança, mafiosos, assassinatos. E eu morri de rir, especialmente porque ninguém no filme sabe onde é Bruges e todos os personagens, em algum momento, perguntam: "What a fuck is Bruges?". Pois bem, de Bosch ao palavrão, eu resolvi descobrir afinal what a fuck is Bruges. E consegui.

Cidade patrimônio da humanidade, com mais de 2 mil anos, é uma das mais belas cidades que visitei na minha vida. Não é aconchegante, porque o vento do Mar do Norte provoca um frio de rachar — mesmo na primavera. Embora viva do turismo, não é muito afetuosa com os pobres visitantes — tudo é escrito na língua flamenga, o neerlandês, que só é falado na Bélgica. Ou seja, ou se é filólogo ou ficará se perguntando "what a fuck is Bruges?" ao tentar decifrar as placas. Eles odeiam quando alguém fala em francês e entendem mal quando tenta em inglês. Alguns hotéis prometem e não cumprem, como o que fiquei e não recomendo: Hotel Academie. Mas tudo isso desaparece diante da beleza da cidade. A cada esquina uma igreja deslumbrante, uma fachada esplendorosa, algum museu interessante, uma loja de chocolate de fazer salivar, um restaurante charmoso. É uma cidade para comer, rezar e amar... tudo.

A viagem é simples. Se estiver em Paris há vários trens para Bruges. A viagem demora duas horas e meia. E se der sorte, não terá o infortúnio de viajar com um grupo de turistas argentinos que fala sem parar a viagem inteira. Comigo aconteceu. Fiz shiuuuu, resmunguei, blasfemei, mas nada. Era uma conversa sem assunto interminável. Mas, voilá, era meu aniversário, estava indo para Bruges, OOOOOOOOMMMMMM, mas bastaram dois segundos para o meu espírito zen se esvair. Só fiquei um pouco satisfeita quando um do grupo começou uma frase assim "o que me rompe...". E completei baixinho, mas com satisfação: "las pelotas? Ustedes..." Ele não me ouviu, mas curti meu xingamento em castelhano. Chegamos cedo em Bruges, mas o check-in era somente às 15 horas. Zen de novo. Saímos pela cidade eu e a minha amiga MIF e demos logo de cara com um lugar esplendoroso e cartão de vistas da cidade, o Lago do Amor... cheio de cisnes, charretes, cavalos imponentes e milhares de turistas.

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