Sintomas de Depressão - Evangelin

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Os dias se passavam em Ardon e Lord Darkus só piorava, o ancião disse que fez tudo o que pode, mas que a vida do rei estava no fim. Evangelin não conseguia acreditar que o reino estava indo por água a baixo e que seu filho e único herdeiro do trono estava nas mãos de pessoas que não desejavam o bem.

Quem governava o reino do Sul no momento era Sir. Cleore Lancaster, primo de Evangelin e herdeiro de seu pai sendo então futuro Barão de Clemore . Evangelin estava bem mais magra, suas feições mudaram e sua aparência ia além de sua idade ela não ingeria muita comida e o máximo que comia era um pão com um copo de leite, seu irmão ficava insistindo para que ela comesse algo, mas Evangelin simplesmente se recusava.

- Minha senhora – o ancião entra no quarto e a vê sentada de frente para a sacada – precisa comer minha senhora.

- Eu não vejo motivos para tal – ela fala quase no sussurro.

- Sei que o momento agora está difícil, mas apesar da senhora achar que ninguém mais precisa de ti. É ai que se engana, você ainda tem um filho e um marido que luta pela vida.

- Porque não me diz ancião – ela enxuga as lagrimas e olha para o homem atrás de si – o que realmente aconteceu com meu marido? Isso não foi uma simples doença pegada por acaso, eu tenho certeza.

- Minha senhora – o ancião curandeiro engole um seco – Lord Darkus foi envenenado. Com a planta Boudus que infelizmente não tem cura.

- Envenenado – ela saboreia as palavras – mas, quem faria isso?

- Talvez um inimigo de Lord Darkus minha senhora.

- Um inimigo – ela fala para si mesma, mas não faz sentido, pois ao ver de Evangelin tudo ocorria bem a não ser os problemas ocorridos com o imperador – mas ele seria capaz de cometer tamanha atrocidade só por causa de impostos?

- Minha senhora, se me cabe responder. O ser humano é capaz de tudo para ser respeitado e no caso do imperador ser temido.

- Sim, você sempre esteve presente no conselho ao lado de meu marido.

- Sempre servi a Lord Darkus, minha senhora.

- E como vão indo as coisas?

- Seu primo está conseguindo manter a ordem minha senhora, ele é um ótimo governante. Escolha muito sabia a sua.

- Obrigada – Evangelin limpa as lagrimas e se levanta da poltrona com um pouco de dificuldade e vai caminhando com a mão apoiada na parede até o espelho – nossa! Essa sou eu? – Ela fica espantada ao se ver no espelho.

- Sinto muito, mas é minha senhora.

Ela se vira para Lord Darkus deitado na cama e vai até ele com dificuldade e senta na cama, seu marido nem parecia o mesmo homem com quem se casara estava bem mais magro e parece até que seu tamanho havia diminuído, desde que Lord Darkus havia adoecido ele nunca mais saiu da cama e seus olhos nem ficavam abertos agora.

- Eu te amo – ela fala e beija-o posteriormente acaricia seu cabelo e rosto – ancião?

- Sim minha senhora.

- Venha ver como ele está.

O ancião se aproxima e analisa o corpo do rei.

- Minha senhora, ele não respira mais.

- O que disse? – Ela fala com naturalidade, sua mente estava lenta.

- Seu marido senhora, está morto.

- Morto? – ela olha para o corpo na cama com poucas peças de roupa que o cobria – isso é impossível – a dor volta novamente como ela iria conseguir aguentar agora depois de tudo. O grito fica preso na garganta e a vontade de viver some, pois a depressão tomou conta de seus pensamentos – não – ela grita entre prantos.

O ar sumia de seus pulmões e a luz de seus olhos.

~

Dois dias depois da morte de Lord Darkus, Evangelin acorda em sua cama e encontra seu primo sentado em uma poltrona próxima a ela.

- Evangelin – ele fala assim que a vê acordar.

- Porque eu não morro? Até isso é difícil para mim. Querem me ver sofrer.

- Você não morreu porque tem muito para se fazer ainda, seja forte minha prima – ele se aproxima da cama e senta ao lado dela.

- Viver para que, para quem? – ela próprio se pergunta.

- Harllan ainda está vivo e precisa de você. Logo ele voltará para Ardon e você precisa ensina-lo a governar.

- Harllan – ela fala quase que em sussurro – creio que a Grávia esteja comemorando.

- Estamos adiando essa notícia o máximo possível.

- Quer dizer que o imperador ainda não sabe?

- Ainda não, pedi para que a morte do rei não saísse desse castelo.

- Darkus ainda não foi sepultado?

- Sim ele já foi, mas teve apenas a presença de amigos mais próximos.

- Eu perdi o sepultamento do meu próprio marido.

- Evangelin – ele acaricia o rosto da prima – você não aguentaria, está fraca de mais.

- Tá – ela vira o rosto para o lado da parede e tenta se concentrar em processar todo o ocorrido.

- Coma – ele fala e se levanta – tem comida para você ao lado do criado mudo. Coma Evangelin, por favor.

Evangelin quer chorar, mas as lagrimas não aparecem.

Ela se levanta da cama e abre o prato de comida que a deixa enjoada e o vomito vem sem controle. Será que agora era o seu fim, Evangelin não era a mesma mulher de dois meses atrás, todos os acontecimentos seguidos a tinham sugado todas as forças possíveis e agora com seu filho na mão de Sargon, ela só pensava no pior, mas sua mente estava decidida a não deixar o imperador tirar tudo que ela tinha, não seu filho, a única coisa que lhe restava. Ela precisava dele em casa e governando "ele não vai tirar Harllan de mim" ela pensa e se obriga a comer a comida, toda a força era necessária. O enjoou desce até seu estômago novamente e Evangelin tampa o nariz e se continua a comer mantendo tudo dentro de si. Ela estava decidida a se recuperar e trazer seu filho de volta para casa, só assim ela conseguiria morrer em paz e voltar a ver o homem com quem ela aprendera a amar.


As Reliquias De Gelo E Fogo - Trono De GeloOnde histórias criam vida. Descubra agora