As Reliquias De Gelo E Fogo - Trono De Gelo

Harllan - A Ultima Lagrima

Harllan ainda estava na cela quando alguns guardas chegaram e o levara para uma sala com uma banheira de madeira e uma roupa de prisioneiro oficial do império – era um macacão cinza – limpa pendurada num prego na parte direita do lugar que também era escuro. A água estava um pouco gelada, mas Harllan não teve problema com isso já que seu corpo inteiro estava grudado de sangue seco – alguns guardas haviam batido nele todas as noites que permanecera em cárcere – o suor escorria livremente pelo corpo do garoto que estava com as roupas rasgadas e a barba por fazer.

Depois que Harllan se considerava limpo e vestido, alguns guardas vieram para escolta-lo e ele sabia que seu tempo havia chegado ao fim. Quando ele dá seu primeiro passo para fora do calabouço do palácio à luz do sol quase o deixa cedo e como a praça é bem próxima do lugar, muitas pessoas estavam lá esperando a saída do prisioneiro e assim que o viram uma grande vaia e xingamentos foram direcionados para Harllan que não se deixara abalar "eu não vou chorar" ele pensara consigo mesmo.

- Venha – um guarda agarra o braço do jovem príncipe e dá um murro que era para pegar no rosto, mas pegou na orelha de Harllan e o leva com brutalidade até o tablado que foi montado próximo do palácio, Harllan estava perplexo por ver a quantidade de pessoas que estavam reunidas em um só lugar e isso o deixou um pouco enjoado fazendo sua cabeça rodar, mas logo se recupera tentando manter a calma.

Assim que ele chega ao tablado é jogado de joelhos no chão de frente a uma guilhotina, Harllan sente o sangue escorrer de dentro da sua orelha só parando no chão de madeira do tablado.

- Príncipe Harllan Lancaster Coutain, filho do falecido Lord Darkus Coutain – Marrid fala com a voz alta para que todos possam ouvir e o silêncio é total. A essa altura o falecimento do rei do Sul já não era mais segredo para ninguém, mas para Harllan era – rei do Sul, você foi considerado o principal suspeito da morte do príncipe Antony Harrivald, filho do imperador Sargon Harrivald – a plateia começa a vaiar guando Marrid estende a mão mostrando que deseja prosseguir com o julgamento – o senhor concorda com essa acusação?

- Não grande ancião, eu não concordo – Harllan fala com a voz meio fanha.

- Está dizendo que não foi o responsável pela morte do príncipe Antony? – Marrid pergunta e a imperatriz chora desesperadamente no ombro do marido.

- Sim, é o que estou dizendo.

- Mas e o que o senhor tem a dizer em relação a sua manta, a manta que o imperador deu de presente para o senhor que usou no dia do seu casamento e foi encontrada ensanguentada no próprio quarto do menino?

- Alguém deve ter armado uma cilada para mim.

- E o senhor sabe quem é esse alguém?

- Não – Harllan engole um seco antes de responder.

- Príncipe Harllan Coutain filho de Lord Darkus Coutain rei do Sul – Sargon levanta do seu trono e grita para todo o povo ouvir – o senhor veio até mim, comeu da minha comida, bebe da minha bebida, eu te ofereci hospitalidade arquei com os gastos de seu casamento, te ofereci presentes e no final o senhor me pagou com a morte de meu filho por motivos fúteis pressupondo que eu tenha matado seu pai e que deveria se vingar – a plateia vaia mais uma vez – sem provas de que eu realmente o tenha feito. Por isso eu o imperador de Asquelon Sargon Harrivald juntamente com a Justiça do Império julgamos e o condenamos a morte – Sargon termina de falar e todos ao redor vibram e comemoram.

Os olhos de Harllan encontram o de Alice por alguns segundos antes dela desviar. Ele é carregado até de frente a guilhotina e sua cabeça é colocada brutalmente no lugar onde a lamina cairá até que ele vê um par de olhos que para ele era impossível não reconhecer. Eram os olhos de sua mãe. Os olhos de Evangelin. Harllan havia prometido para si mesmo que não iria chorar, mas diante daquela situação ele não consegue segurar. Uma dor enorme percorre por todo o seu corpo e as lagrimas rolam livremente sem desviar os olhos de sua mãe que iria assistir a sua morte.