Capítulo 11

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Gregório Louise possuía tudo para tornar uma pessoa tolerável e entrar na minha lista de boa pessoa para conviver. Poderia até, em um futuro não tão distante, tornar-se meu amigo, mesmo querendo fazer sacanagens ilícitas com minha irmã, ocupando a minha posição no seminário internacional de marketing e publicidades e, talvez, o meu lugar na Lex. Era impossível ignorar sua necessidade de me irritar a cada segundo, algo que ele considerava essencial, assim como respirar. Ele não se preocupava com meu estado emocional e físico; simplesmente ia lá e me irritava até eu perder a paciência.

— Gregório Louise, já chega! — exclamei, empurrando-o para longe de mim. — Por que não sai de perto de mim? Parece que está grudado, droga!

— Não posso deixar a minha convidada largada por aí. — falou, gesticulando com o barman para encher o seu copo de vodka.

— Minha convidada? — Ri com sua audácia em falar aquilo ao virar o meu terceiro copo de tequila. — Se liga, você está na festa de minha mãe e Louise é um nome feminino, sabia?

— E daí? — perguntou, balançando os ombros e virando o copo que mal havia sido cheio. Ele enrugou o nariz, fazendo uma careta, ao engolir toda a bebida e voltou a implicar com a quantidade de álcool que eu já havia ingerido. — Esse é o último da noite. Sem mais bebidas! — Apontou para o meu copo e depois para o barman, que franziu a testa, sem entender nada do que estávamos falando. — Nada mais para ela. — disse em inglês ao barman, que assentiu com a cabeça.

— Você não pode querer controlar o que bebo ou faço. — falei, brava, batendo no balcão. — Encha esse copo! — ordenei ao barman, levantando o copo. Ele dirigiu o olhar para Gregório, aguardando aprovação, mas ao não obtê-la, afastou-se para atender outras pessoas. — Não quer que eu entre aí e faça o seu trabalho? — gritei, misturando inglês com português. Estava bêbada demais para me concentrar apenas em um idioma.

Ele ficou surpreso com meu escândalo e voltou a atenção para o meu regulador de consumo de bebidas, o Gregório Louise.

— Ignora, ela é assim mesmo. Louca, às vezes! —disse Gregório a ele, que riu.

— Louca? Eu? — questionei, quase jogando o copo que estava em mãos no Louise. Sorte dele que um pingo de consciência irradiou em minha mente, fazendo com que largasse o copo no balcão. — Por que não vai procurar a Guilhermina e encher o saco dela?

— Porque eu não quero. — respondeu, cutucando a minha barriga para me irritar mais. — Você é mais divertida do que ela, veja só essa cara irritada.

Dei um tapa em seu braço e, gentilmente, pedi ao barman que enchesse o meu copo. Um pouco de delicadeza seria a chave de ter de volta um relacionamento saudável entre barman e cliente. Como era antes do Gregório colar no meu pé. Ele não me ouviu, acabara de aumentar o som da festa.

Please more. — gritei, esparramado metade do meu corpo no balcão para que me notasse. — Please! Please more.

— Não vai ter mais. — disse Louise, seguro.

— Por quê?

Retornei à postura de antes e olhei para ele, cruzando os braços.

— Eu já falei que essa noite você não bebe mais. — Ele falou de maneira tão autoritária que senti uma chama arder na minha alma. A chama da raiva.

— Por que não? — gritei, empurrando com muita violência o seu corpo. Quase que ele caiu do assento.

— Já te falei.

— Quem você pensa que é? — bati novamente no balcão, sem me importar com a pequena plateia de curiosos que se formava para assistir à minha histeria.

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