Recostada na porta, impedia que Gregório George Louise saísse do apartamento sem ter escutado todo o meu ataque histérico. Ele ainda segurava a bandeira da paz, permanecia em silêncio diante de qualquer contestação. Apenas balançava a cabeça, concordando com todos os xingamentos que lhe eram direcionados. Eu já estava prestes a partir para a agressão física, cheguei a beliscar seu braço duas vezes e ameaçava socar seu rosto quando James, sereno e tranquilo, interveio, convidando-o a experimentar sua comida.
Gregório relutou inicialmente, mas a criatura de James foi tão insuportável que o convenceu. Proibidos de discutir à mesa, uma nova regra de James, sentamos lado a lado e provamos a deliciosa feijoada acompanhada de um arroz com o gostinho do queimado.
— Está boa ou não? — perguntou James, assistindo-nos eufórico ao provar a sua comida. Balançamos a cabeça no mesmo tempo, confirmando o quanto estava divino. — Tem que chamar a Gui da próxima vez, loirinho. — disse ele ao Gregório, colocando mais uma generosa porção no prato dele.
Gregório, percebendo a origem da história dele e da Guilhermina, lançou rápido olhar para mim e riu para James.
— Quem sabe um dia. — disse Gregório, dando uma generosa garfada em sua comida. — A Gui vai amar isso aqui. — Ele olhou novamente para mim e com um dos pés chutou de leve a minha perna.
— Qual é, Louise? — Irritada, devolvi o chute.
— Qual é a de vocês? —perguntou James, inclinando-se sobre a mesa e alternando o olhar entre nós dois. — Eu sinto uma tensão não resolvida e não gosto nada disso. Uma que não simpatizo com você — disse, apontando para o Louise. — e outra, estou trabalhando para Laura me aceitar com sua alma gêmea e morar comigo por muitos e muitos anos.
— James! — exclamei, empurrando o prato e revirando os olhos. — Você não ia trabalhar?
Ele, entrando em pânico por perceber seu compromisso, levantou-se da cadeira e correu para um dos cômodos do apartamento.
— Você não passará fome com ele. — soltou Gregório, colocando mais uma garfada na boca.
— É. — respondi de forma entusiasmada, mas era apenas uma farsa para deixá-lo desconfortável.
— Ele vai te levar em muitas surubas da vida.
De modo sarcástico, Gregório proferiu palavras que me fizeram sentir ofendida. A discussão recomeçou com um detalhe peculiar: ele refutava minhas falas por estar enciumado. O clima ficou tão insano que James saiu correndo do apartamento para não se envolver mais.
— É por isso que a Rachel te traiu. — Com a única arma destruidora que tinha, gritei para fazê-lo sentir-se culpado pela traição.
— Vou embora. — Ele se ergueu da cadeira, lembrou de pegar a sacola que havia deixado no balcão da pia e partiu em direção à porta.
— Gregório, você é insuportável! — continuei gritando, indo atrás dele. — Só quer ter razão em tudo e não consegue conversar como gente de verdade.
Apesar de ter sustentado a briga e falado coisas indizíveis a um cara de coração partido, não queria, por incrível que pareça, terminar o nosso encontro assim. O nosso, talvez, último encontro. Com James bem e voltando às suas atividades, sairia em breve da cidade ou país. E era o mais sensato a fazer, pois as nossas atitudes eram similares às de um casal de verdade. Ciúmes, brigas bobas e... paixão.
— Claro! — Ao falar, ele se virou em minha direção. — Você só sabe repetir que mereci ser chifrado e sou um idiota. Arrepende em ter ficado comigo? Ou te ajudou na escolha?
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Descendo do Salto
Literatura FemininaSe fosse realizada uma votação para avaliar a diretora de planejamento e produção de uma das maiores agências de publicidade do país, a Lex Publicidades, a decisão seria unânime: corte a cabeça! Ninguém a suporta, mas precisam cuidadosamente disfarç...