— Pronta, Milady?
Gregório saiu do banheiro lutando para vestir a blusa que, aparentemente, era dois números menor do que vestia. Assistindo a disputa entre Gregório a blusa, guardei algumas maquiagens espalhadas pela cama na minha nécessaire e gargalhei ao ver o resultado final.
A blusa estava tão justa e curta que sem ao menos erguer os braços mostrava o umbigo. Ele correu para o espelho e ao examinar o resultado, caiu na gargalhada também.
— Como a Rachel me compra algo assim? — disse ele, vindo até mim, rodopiando. — Se eu fizer algum esforço, será que vai rasgar?
Ele abriu os braços e imitou o Dr. Robert Bruce Banner virando-se em Hulk, revelando a boa qualidade do tecido da blusa. Não rasgou.
— A marca entrega todos os requisitos de qualidade. — falei, ainda rindo. Gregório estava muito engraçado e colaborava em fazer todas suas caras e bocas hilárias para não perder o título.
— Rachel me vê tão pequeno? — Ele rodopiou mais uma vez e tentou puxar a blusa para cobrir o seu umbigo. — Devo me preocupar com isso?
— Ela quis te sacanear ou comprou errado. — disse, colocando a minha nécessaire de maquiagem sobre a escrivaninha e, logo após, fui até ele para ajudar a manter o umbigo escondido. — Agora, seca a barriga! — Dei um tapa na sua barriga e, mesmo gargalhando, ele conseguiu secá-la. Puxei a blusa o máximo que podia ir e levantei, o máximo que ia também, a sua calça. — Se ficar curvado e a todo instante puxar a blusa e levantar a calça, ficará bom! — falei, em dúvida, afastando-me um pouco para observar o resultado. — Mas, ficará sensacional se mostrar a barriguinha.
— Assim, Milady? — Ele levantou os braços, fazendo com que a blusa subisse e deu uma remexida com os quadris. — As pessoas de Chicago não estão prontas para me ver tão ousado assim. E não posso fazer isso. Não de graça, Milady! — brincou ele, retirando a blusa com a mesma dificuldade que a vestiu.
Ao retirá-la, ele arremessou a blusa em minha direção e antes que pudesse reivindicar, correu em minha direção e arrancou a peça de minhas mãos.
— Seja boazinha. — disse, dando os ombros e indo até sua mala.
Como era, às vezes, divertido estar com o Gregório. Havia algo dentro dele que me fazia esquecer momentaneamente dos meus problemas e desenterrava o meu riso verdadeiro. Embora não gostasse da ideia, eu me sentia estranhamente confortável com o Gregório.
— Se importa se eu vestir isso? Eu não tenho muitas opções aqui. — Mostrou a tão criticada blusa polo vermelha.
— O gosto é seu, Milord. — respondi ao franzir os lábios e olhar para os lados, reproduzindo a minha cara provisória de descontentamento sarcástica.
— Qual é o seu problema com ela? — disse ele, vestindo-a e girando-se logo em seguida para que eu pudesse ver de todos os ângulos a blusa horrível em seu corpo. — Não é ruim.
— Também não é boa. — ressaltei, pegando a minha bolsa de mão que estava largada sobre as minhas malas enquanto ele tentava desesperadamente me convencer a mudar de ideia.
Não conseguiu e, também, não trocou de blusa. Mesmo eu pedindo, por duas vezes seguidas, em nome da dor de gastrite que quase me levou para uma outra dimensão.
********
Chicago a noite, para mim, era sua melhor versão. As luzes fortes dos prédios e a quantidade de pessoas jovens circulando por todos lados a deixavam tão eletrizante, esquecendo que eu era, segundo Gregório, uma senhorinha e não tinha habilidade de curtir de modo jovial, como me acabar de dançar na Sound Bar, a noite que a magnífica cidade oferecia. Gregório também não possuía vigor para uma noite enlouquecida, dormiu pouco e passou o dia inteiro no seminário.
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Descendo do Salto
Literatura FemininaSe fosse realizada uma votação para avaliar a diretora de planejamento e produção de uma das maiores agências de publicidade do país, a Lex Publicidades, a decisão seria unânime: corte a cabeça! Ninguém a suporta, mas precisam cuidadosamente disfarç...