Capítulo 40

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Acordei irritada com a cantoria do James e o barulho estridente da sua caixa de som portátil - que ele considerava como item essencial a ser pego em caso de incêndio -, vindo da cozinha. A noite não foi das melhores, não consegui pegar no sono naturalmente e tive que recorrer ao Zolpidem. Um comprimido e meio para o efeito ser rápido. E a culpa daquela nova desregulação era do Gregório Louise. Eu queria matá-lo ou apagá-lo da minha memória.

Com dificuldade, levantei da cama após minha alma retornar ao corpo, resmungando uma série de palavrões conforme caminhava até a pia para fazer minha rotina matinal de cuidados com a pele e escovar os dentes. Eu teria mais um dia patrocinado pela raiva e onde tudo que pretendia fazer não daria em nada.

— Princesa, acordou! — exclamou, suave, o James, entrando no meu quarto nas pontas dos pés, assustando-me. Ele não era calmo daquele jeito para esburacar o espaço sem antes anunciar sua entrada com um grande barulho. Meu coração quase saltou pela boca e por pouco a minha escova de dentes não caiu no chão. — Te assustei? — perguntou vendo o óbvio enquanto esticava os lençóis de minha cama. Ele tinha fobia em ver a cama bagunçada. Fiz menção que sim com a cabeça e guardei a escova e os meus produtos de beleza no armário que ficava bem abaixo da pia. — Acredita que já malhei, passei no mercado, coloquei as roupas sujas para lavar, limpei o sofá que estava podre e a comida está servida. Acredita?— disse, orgulhoso em ser o cara das multitarefas, ao terminar de arrumar a cama.

Devido ao meu mau humor, ergui um dos lados dos lábios superiores e balancei a cabeça com desdém.

— Dormiu mal, coração?

— Sim. — respondi, passando por ele e deitando-me sobre a cama. James inspirou profundamente, incomodado com o retorno da desordem nos lençóis e tentou disfarçadamente arrumá-los. — Vou passar o dia dormindo, não se preocupe em querer deixar os lençóis em ordem.

— Você é bagunceira demais. — soltou ele, desviando a sua atenção em outra coisa que não fosse o surgimento da bagunça. Eu me movimentava como um pião, girando por toda a cama para deixá-la como antes. Uma cama bagunçada é mais confortável. — Acho que seria um problema se fôssemos um casal.

— Por quê? Não me acha boa o suficiente? — brinquei, levantando uma das pernas e contornando os meus lábios com o dedo. James abriu um maldito sorriso pervertido e sedutor, mas eu o afastei quando ele tentou tocar em minha perna. — É só uma brincadeira, não precisa passar dos limites.

No momento, James não seria uma boa escolha para ter um segundo sequer de prazer. Eu não conseguia me afogar nos braços de outra pessoa com o Gregório martelando na minha estúpida cabeça.

Era só ele que dava em minha cabeça, varrendo as outras preocupações para debaixo do tapete.

— Você é terrível, coração!—Com cuidado para não bagunçar mais, ele sentou-se na cama e deu um leve tapa em minha coxa. — O que vai fazer hoje, coração? Não aceito escutar algo relacionado em dormir, coração.

Coração. Três vezes em uma fala. Como não querer matar o James?

— Acabou a sua cota de me chamar com esse apelido ridículo. — falei encerrando o momento de descontração ao levantar da cama. — Logo nas primeiras horas do dia? James, você não cansa de chamar as pessoas com nomes chatos.

— Não é as primeiras horas do dia. — defendeu-se, vindo até mim mostrando as horas em seu relógio de pulso.

Já passava das duas da tarde.

— Já? — Ao invés de pesquisar cidades atrativas e distantes de todos os conhecidos e família para morar, perdi a manhã inteira dormindo, o que me deixou mais irritada. Não podia deixar aquele assunto para depois. Eu já estava fazendo hora extra naquela cidade.

Descendo do SaltoOnde histórias criam vida. Descubra agora