Gregório Louise, a agitação em pessoa, não estava nada bem. Sentando, na única cadeira do quarto, com os dois braços apoiando nas pernas e fungando repetitivas vezes, olhava para vida lá fora através da janela do quarto. Cheguei perto dele e colocando as minhas mãos em seus ombros, perguntei se queria conversar ou precisava de algo. Ele não me respondeu e entendi que aquilo era um sinal para deixá-lo só. Apertei levemente os seus ombros, antes de recolher o meu pijama e tomar uma ducha.
Se ele não quisesse falar, não insistiria.
Ao sair do banho, encontrei com ele um pouco melhor. Estava deitado na cama e mexia no celular, mas parou assim que me viu passar em sua frente com alguns produtos esquecidos logo cedo no banheiro.
— É uma merda. — reclamou ele, dando o soco na cama.
— É. — concordei, mesmo não sabendo do que se tratava enquanto guardava as minhas coisas na mala.
— É. — repetiu com uma melancolia de dar pena, empilhando dois travesseiros sob sua cabeça e, logo após, perguntou: — Como você avalia sua noite?
— Boa. — respondi, fechando o zíper de minha mala e, posteriormente, olhei para ele pronta para escutar as suas lamentações e emitir uma série de frases motivacionais lidas em algum best seller de autoajuda.
— A Rachel me traiu. — soltou ele, sem fazer grandes rodeios, deixando-me boquiaberta.
— Mentira! A Rachel? — Levei a mão até a boca e o olhei incrédula. Rachel, de acordo com as minhas observações, era obcecada pelo Gregório e traição vindo de sua parte era difícil de acreditar. Embora que, para mim, aquela baixinha asiática não se passava de uma peste maligna. — A Rachel te traiu? Tem certeza? — Ele dando um sorrisinho amarelo, confirmou com a cabeça. — Como sabe disso? — perguntei, correndo para ficar o mais próximo dele e escutar toda a fofoca de cabo a rabo.
Adorava escutar histórias de casais apaixonados destruídos pela traição. Fazia-me ter um gostinho especial do quanto a Carmen sofria.
— Minha tia viu a Rachel beijando e esfregando com outro homem em uma festa de um conhecido em comum. — respondeu ele, mais irritado do que triste. — E sabe o que o conhecido em comum disse a minha tia? Que a Rachel e o desgraçado já estavam se relacionando há algumas semanas.
— Uau. — disse em um sussurro, achando interessante aquela história. Era tudo que eu precisava para me distrair dos meus dramas. — Nem se fosse uma relação aberta pegaria bem algo do tipo. Meu Deus, ela já estava se relacionando sério com outra pessoa! — Quis colocar um pouquinho de lenha na fogueira para entretenimento próprio.
— Por que ela não terminou comigo antes? Éramos amigos, sobretudo! Me meti em algo horrível só para ela ficar bem e olha que recebo... — Ele deu uma lufada no ar e completou: — Chifres, porra!
— Eu jurava que você era o tipo de cara que colocava chifres e não ao contrário. — falei horrorizada, apenas para provocá-lo mais. — Quem diria? A Rachel é pequena, mas é virada ao avesso! Agora, vai fazer o quê? — Cutuquei o seu braço, esperando uma resposta e como não houve, me vi na obrigação de encher o seu saco. — Vai chorar, tomar álcool ou ir à festa do James? Se todas as mulheres de lá estiverem no nível da Elena, você nem vai lembrar da Rachel. Deve ir com James, Gregório!
— Fui descobrir que sou corno em Chicago. Em Chicago, porra! — declarou indignado e sem dar atenção ao que eu falei.
— Tem vontade de se juntar a James para curar a ferida de um coração partido? — Tentei, mais uma vez, ajudá-lo.
— E ganhar um DST? — retrucou ele, achando nada divertido a minha sugestão.
— Só usar camisinha! Você usava sempre com Rachel? Porque... — Franzi os lábios e dei umas leves batidinhas na sua cabeça. — Não se sabe se esse cara foi o primeiro. Talvez ela teve vários parceiros quando estava se relacionando com você.
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Descendo do Salto
ChickLitSe fosse realizada uma votação para avaliar a diretora de planejamento e produção de uma das maiores agências de publicidade do país, a Lex Publicidades, a decisão seria unânime: corte a cabeça! Ninguém a suporta, mas precisam cuidadosamente disfarç...