dark angel; zayn malik / season 1

I'm a Dark Angel | 1

Era o meu primeiro dia de aulas numa nova escola. Não tinha a mínima alegria para ir. E o facto de ainda estar na cama passado 20 minutos após o despertador tocar era a prova disso.

Talvez não devesse ter ficado até tão tarde a navegar na Internet, ou até mesmo ter ficado a olhar para a escuridão a pensar. Mas naquela altura tudo parecia melhor do que dormir.

Oiço os passos apressados da minha mãe e preparo-me para ouvir o sermão matinal. A porta abre-se e eu puxo os lençóis para tapar todo o meu corpo. Queria poder usar qualquer desculpa para evitar sair da cama, mas como seria óbvio ninguém iria acreditar.

" Zayn Malik, explica-me o porquê de ainda estares deitado na cama. Sabes que já devias estar na escola. Por isso levanta esse corpo da cama, e despacha-te. Não queiras chegar atrasado logo no primeiro dia de aulas. " - Agora era um bom momento para alguém explicar à minha mãe que ser adolescente não é fácil.

Fiz um enorme esforço para sair da cama, e tentar arranjar-me de forma apresentável. E quando digo de forma apresentável é as mesmas All Stars pretas e já velhas do excesso uso, as mesmas calças pretas já descoloradas de tantas lavagens e uma t-shirt que esteja em bom estado.

Desço as escadas na maior lentidão, e chego a pensar em deitar-me delas abaixo. Mas logo a figura da minha mãe no fim das escadas faz eu esquecer esse maravilhosa ideia.

" Tens 5 minutos para chegares a escola se tomares o pequeno almoço bem rápido. " - Dou de ombros e ela dá um longo suspiro.

Eu não queria saber se estava ou não atrasado para o meu primeiro dia de aulas. Isso não iria tornar a minha vida muito melhor, não iria mudar a maneira como todos me tratam, ou até mesmo me iria mudar a maneira como eu me sinto. Apenas ia chegar atrasado, e ter de enfrentar o olhar do meus colegas e não futuro amigos.

" Até logo. " - Murmuro, antes de agarrar nas minhas chaves e sair de casa sem comer nada.

Como é que eu posso definir a relação com a minha mãe? Bem, basicamente mal falamos. Ela passa a vida a trabalhar, ou em viagens de trabalho e eu simplesmente fico no meu quarto, no meu mundo o dia todo. As poucas palavras que trocamos é apenas 'olá' e 'adeus'. Mais nada, e na verdade para mim chega.

Eu não vou agir como se estivesse tudo bem. Não vou tentar ser alguém que eu não sou. Não vou tentar ser o filho perfeito que ela tanto quer, só para mostrar às amigas.

Os meus passos são lentos, e por vezes quase tropeço por andar a arrastar os pés como um zombie pelas ruas.

Odiava cidades pelo simples facto de serem demasiado movimentadas. Têm excesso de pessoas, como eu costumo dizer. Odeio o facto de andar pela rua e esbarrar em 20 pessoas em 10 minutos. Na verdade odeio tudo o que envolva demasiado contacto físico, tudo o que envolva pessoas e interação entre as mesmas.

Paro à frente do enorme portão velho da escola, e olho para o inferno. Ainda dizem que o inferno é vermelho. Para mim é apenas branco, com enormes salas e com uma multidão de pessoas felizes e outras deprimidas.

Retiro o horário do bolso e procuro pela sala onde teria aula. Vagueio pelos corredores enormes e sem fim, e tento não cair na tentação de voltar para trás a correr. Respiro fundo e arranjo coragem suficiente para entrar na sala.

Bato na porta, e abro-a. Como seria de esperar o olhar de todos os presentes fixa-se em mim. Pensei até em perguntar se estavam a gostar da vista, mas seria um pouco rude da minha parte logo para primeira impressão. Podia até fazer um gesto muito feio, e aí seria mesmo muito rude.

" Como te chamas? " - A voz do que parecia ser da nossa professora capta a minha atenção. Por momentos assustei-me com a sua voz, parecia arrastada e rouca. Se fosse um filme de terror, acho que teria medo e acabaria por fugir a correr.