2- Perguntas Nunca Respondidas

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Tudo depois dali pelos próximos meses foi uma completa confusão e eu nunca obtive as respostas que tanto queria de minha mãe, se mataram o pai porque levar o corpo? Porque cortaram suas duas mãos com cortes precisos? E era por isso que ela sangrava, o sangue era dela.
Toda vez que eu tocava no assunto de papai, ela me ignorava ou simplesmente dizia que não queria relembrar aquele dia outra vez, o que eu até entendo mas eu nunca vi o corpo dele, nunca tive uma confirmação exata de que ele morreu, nem sei como pois ela nunca tocava no assunto, a polícia investigou mas não chegaram a nada, as câmeras de vigilância da rua também não captaram nada, é como se aquelas pessoas tivessem planejado tudo aos mínimos detalhes, o que eu não entendo é o porque, nós não somos ricos, estamos mais para classe média, porque invadir a casa, matar meu pai e não levar nada?, com o tempo apesar de não terem encontrado o corpo, meu pai foi dado por morto, eu desistir de tocar no assunto daquela noite com minha mãe, mas eu sempre senti que ela escondia alguma coisa, que sabia mais do que contara para mim e os policiais.
Saio de meu devaneio com minha mãe me chamando
- Filha você já está atrasada, come logo e cuida de ir, o ônibus já vai chegar
- Ok, Ok... - digo impaciente
- Mãe?
-Sim?
- Eu...estava pensando no pai.
De repente sua postura calma se esvai, substituída por uma indiferença súbita, quando ela fala sua voz é dura e fria, eu quase não a reconheço.
- Aurora eu já falei que não quero falar do seu pai, pensei que já tínhamos discutido isso o suficiente.
Tento conter a raiva que cresce dentro de mim, não gosto de brigar com minha mãe, mas quando eu falo eu praticamente grito.
- O problema é que não discutimos, sempre que eu toco no assunto, você faz isso, simplesmente ignora, ele era o meu pai e eu me importo com ele!
Passa se um momento de silêncio, acho que minha mãe não esperava por uma explosão vindo de mim, eu sou uma pessoa calma mas quando perdo a paciência eu explodo mesmo, espero que isso faça algum efeito nela, mas não foi o que aconteceu.
- Felícia, vai já para a escola, o ônibus chega em três minutos
E é tudo o que ela diz, antes de dar as costas e girar nos calcanhares e que raiva, ela me chamou de Felícia! De Felícia!? Meu segundo nome e ela sabe que eu o odeio, eu conto até dez, molho meu rosto, coloco um pedaço de bolo na boca e corro para pegar o ônibus da escola.






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