COLETORES

26 - Retire-se

Ao sairmos daquela sala que antes me assombrava, mas que agora nada mais era que uma das poucas coisas familiares em minha vida, olhos me encaram por todos os lados, era como se eu fosse uma atração ao qual eles assistiam.
- isso é devido a sua fuga - Marcus sussurra.
E continuamos a caminhar como se eu fosse uma prisioneira a ser escoltada, enquanto coletores paravam o quer que estivessem fazendo para ver a atração.
E em meio a tantos olhares, reconheço um,que nunca achei que veria ali.
Diretora Sampaio.
ela vem em nossa direção
- onde pensa que a está levando? - ela diz autoritária.
Nunca imaginei que ela fosse uma coletora e pelo visto até aqui ela tinha autoridade para falar com Marcus daquele jeito, até agora ele era o único com poder que eu havia conhecido.
Estava curiosa sobre a diretora, será que ela sempre soube sobre mim? Será que ela era uma ceifadora? Acredito que não, ela parecia não se dar bem com Marcus... E o mais importante será que ela desconfiava de Marcus?
- isso não é de sua importância Sampaio, retire-se do meu caminho - ele diz irritado.
- é ai que você se engana Marcus, eu sou a responsável pelos novos coletores e ela é um deles, então ela é de minha total importância. - ela diz sem nem ao menos aumentar o tom de voz, mas dando medo até a quem não participava da discussão, a diretora era assim, fria e direta, mas apesar do medo que ela sempre me causou, a admirava.
- ela não é como qualquer novata, agora RETIRE-SE.
eles se encaram, parecendo transmitir uma linguagem própria entre si.
- tudo bem... Por enquanto, mas não pense que as coisas ficaram assim, você não pode fazer tudo o quer Marcus, você não é o diretor. - ela diz sombria.
- e nem você - ele diz.
E nós retiramos ainda sentindo seus olhos sobre nós, continuo a lhe seguir, de cabeça baixa, caminhando ao meu destino.
Em um momento não via mais coletores, apenas portas fechadas, ele abre uma delas e entramos.
Ao abrir não vejo nada dentro.
- o que? - pergunto.
- não achou que eu a tornaria uma ceifadora aqui não é? - ele diz simplesmente.
Então segura minhas mãos e pisque.

***
Nos encontramos dentro de um grande galpão ou ao menos parecia isto.
- o que estamos fazendo aqui?
- precisava lhe trazer a um lugar ao qual ninguém nos encontraria, nada melhor que um lugar abandonado.
- certo... Então o que vai ser? - digo hesitante.
- agora você vai se deitar e dormir.
- só isto?
- oh não mesmo - ele rir diabolicamente - você vai dormir e entrar no outro mundo e eu a encontrarei lá, você passará por um teste ao qual é diferente para cada um de nós, se você passar me encontrará na saída e eu terminarei o ritual.
- e se eu não passar?
- ah... isto não é importante - ele diz ainda rindo.
- Claro que é, quero saber todas as fatalidades, conte-me - exijo.
- você não mais acordará, seu corpo não se alimentando então morrerá - ele diz calmamente.
Fico estancada em meu lugar, isso era uma possível fatalidade mas... Não iria acontecer, iria dar tudo certo, eu já cheguei até aqui e não iria desistir.
- certo, então quando vamos começar?