23 - Despedidas

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Sua boca estava colada a minha... E aquilo era...lindo, esse tempo todo havia uma necessidade de se aproximar dele que não se preenchia com palavras mas que agora se preenchia com o gosto de sua boca na minha, ele continua a me beijar e eu retribuo com igual intensidade.
Passaram se segundos, minutos eu não sei, mas ambos paramos para recuperar o fôlego.
Ele me encara e vejo aquela mesma luz que eu agora descobria ser um fogo, que eu estava disposta a acalmar.
- não devíamos fazer isso - ele diz e quebra o momento.
- P-porque? - é tudo que consigo dizer.
- eu prometi a seu pai que iria cuidar de você que não ia deixar eles encostarem um dedo em você.... E agora eu estou...
- o que?
- tocando em você.
Começo a rir.
- você prometeu que ia cuidar de mim e está cuidando mas você não prometeu a ele que não iria me beijar.
Olho-o e sinto o envergonhado.
- você tem razão - ele diz com um sorrisinho torto.
Me puxa ainda mais perto e continuamos a nos beijar.
***
Na manhã seguinte acordo com um sorriso no rosto.
Não pensem besteira.
Depois de muitos beijos, deitamos lado a lado e adormecemos.
Com ele ainda dormindo, levanto, preparo o café para mim e chá para ele.
Escuto passos se aproximando, e braços me envolvendo, me viro, e me aconchego em seus braços fortes, ficamos assim por um bom tempo e tudo parecia perfeito, quase esqueci de todos os meus problemas... Quase.
Então me lembro de algo importante. Clara.
Não estava com raiva, ela tinha ido embora assim como a que senti de Ângelo.
- vamos buscar a Clara agora? - vamos sim - ele diz com um sorriso no rosto - deixe-me só aproveitar mais um tempinho a sós com você....
Aceno em total concordância.
Mais tarde aquele dia, batemos na porta de Clara, que abre quase no mesmo instante.
- AFF achei que não viam mais - ela diz para ele.
Quando me ver logo atrás se lança em meus braços - me desculpa, não achei que esse bruto fosse dizer aquelas coisas.
- deveria não ter vindo lhe buscar mesmo - escuto-o murmurando baixinho.
Ela escuta e lhe dar um soco, ele me olha em socorro, eu sorrio e ele se afasta nos deixando a sós.
- tudo bem, tudo já se resolveu - digo
- então... Quer dizer que você desistiu de se tornar aquilo? - ela diz hesitante.
- não - respondo
- ele sabe disso?
- eu acho que o assunto apenas está em suspenso... E é por isso que lhe peço uma coisa Clara...
- o que? - ela diz apreensiva
- fique do meu lado
- eu sempre fico mas não agora, Roris
- OK...mas ao menos quando eu for, entregue essa carta para ele - peço, lhe estendendo uma carta.
Ela a olha, incerta, via em seus olhos o desejo de me ajudar e o medo do que poderia acontecer se fizesse isso.
- o que há nela?
- nada demais... A entrega? - pergunto novamente.
Ela a pega e acena em concordância.
- quando você vai?
-logo...
- toma cuidado tá? Amo você
- também te amo.
nos abraçamos, a olho em seus olhos e ela pareceu entender que o logo era agora.
Lhe olho uma última vez.
Vou até Ângelo - o que foi? - ele pergunta ao ver dor em meu semblante.
- nada - digo
Apenas queria vê-lo uma última vez quis dizer.
Então contando com a sorte e aquele sentimento de que podia fazer tudo ao comunicar com meu pai, Fechei os olhos.
Foco.
Pisque.

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