- você mora aqui?
- sim, e acredite é bem mais agradável por dentro.
Ele segura minha mão e me guia para dentro.
E era verdade era uma linda e pequena casa e ele me disse ter apenas quatro cômodos.
A sala,a cozinha, um quarto e o banheiro.
- sua casa é linda - eu digo. Assim como você, quis acrescentar mas fiquei quieta, e então pergunto.
-não é por nada...mas onde eu vou dormir?
- ham... No meu quarto.
- O que? - eu digo assustada.
Porque por mais que quisesse conhece-lo, dormir em sua cama não estava em meus planos.
- não se preocupe, eu irei dormir no sofá.
- ok então... - eu digo
Apesar de achar injusto deixa-lo dormir no sofá enquanto eu estava em sua cama, afinal ele não me devia nada e estava fazendo tudo isto por mim...
- obrigada - me escuto dizer.
- está me agradecendo pelo o que? - Ele abre um sorriso divinamente lindo.
- por tudo que você está fazendo por mim, você não tem obrigação de nada, e quero que saiba que te admiro muito.
Com essas palavras ditas pergunto se posso tomar um banho.
- fica a vontade, a casa é sua - ele diz
E vejo em seus olhos algo diferente que eu não sabia descrever.
Entramos em seu quarto, ele me dá uma toalha e roupas limpas, era uma camisa sua mas aceitei de bom grado, quando viro de costas e me direciono ao banheiro, ele me chama - Aurora? - ele fala baixinho.
- sim?
- saiba que eu também te admiro.
Sorrio - mas porque? eu não sou nada mais que uma estudante triste e perdida.
- para mim você é uma pessoa especial que apesar de nova está lidando com uma situação surpreendente de modo que muita gente não iria aguentar, iria surtar e você está levando tudo muito bem.
- minha vida toda tive de lidar com coisas inexplicáveis. - digo com um ar sombrio.
E então me direciono ao banheiro, tiro minhas roupas e a corrente e já debaixo do chuveiro, tentei fazer a agua não levar apenas a sujeira mas todo o medo dentro de mim.
Fechei os olhos e me sentei no chão e deixei a agua fluir.
***
Quando a noite chegou, me aconcheguei em sua cama e adormeci, e foi ai que os pesadelos surgiram.
A criatura me observa com a escuridão encravada em seus olhos, dor é o que vejo.
Estamos naquela mesma sala.
E ele novamente aponta para algo atrás de mim, só que desta vez o sonho não acaba e eu olho.
Escrito em letras escuras e quase ilegíveis se encontra.
"Me desculpe, eu não queria fazer isso. Henry"
Eu não entendo aquilo, olho em em seus olhos sombrios e penso, será que todo este tempo a criatura dos meus pesadelos... Era meu pai?
Acordo com mãos persistentes a me balançar.
- o que? - eu quase grito.
- você estava gritando, então vim aqui imediatamente.
Ele me inspeciona
- cadê a corrente?
- no banheiro... - digo ainda pensando no sonho.
- eu disse para você não tirar, se a tirar estará dando brecha para os ceifadores, o que foi o pesadelo? Foram eles? - sua voz exala preocupação.
- não foram eles exatamente...
- como assim?
- eu sei onde meu pai está...
E continuo e devanear, ele parece falar comigo mas não presto muita atenção.
- Aurora fala comigo - o escuto dizer.
- esse tempo todo ele estava comigo Angel, esse tempo todo...
- o que?
E então lhe explico sobre meus pesadelos e sobre a mudança que teve hoje.
- porque não me disse isso antes - ele fala com raiva.
- porque eu achava que não tinha importância.
- pesadelos nunca são apenas pesadelos... E por mais que tenhamos a confirmação de que ele está lá ainda não podemos fazer nada sem um ceifador.
- eu sinto que há outra maneira de chegarmos nele, e nós vamos descobrir. - falo decidida.
- sabe outra coisa que admiro em você? - ele diz - sua determinação.
Sorrio e ele se dirige a sala e então o chamo - Angel?
- sim?
- fica aqui essa noite.
- você tem certeza?
- sim, não é justo você ficar no sofá.
- eu não me importo... Mas já que você ta chamando, eu nunca recusaria o convite de ir para cama com uma mulher - ele diz brincalhão.
E eu arremesso o travesseiro nele, ele sorrir e se deita ao meu lado.
Apaga a luz e sussurra em meu ouvido - boa noite linda.
Me arrepio com aquele simples elogio e adormeço com mais certezas e um sorriso no rosto.
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Mistério / SuspenseAurora, tem agora dezessete anos, tudo está normal como a vida de qualquer adolescente, mas as coisas nem sempre foram assim, a cinco anos algo trágico mudou sua infância, marcou-a de modo que ela ainda nem se quer entende. Tudo começa a mudar quan...