Logo apos ele ter me deixado na diretoria, percebi que não havia perguntado seu nome ou em que sala ele estava, aquele um segundo de felicidade havia ido-se embora tão rápido.
Ao tentar entrar na sala percebi que ela estava trancada, as aulas haviam começado a uns 10 minutos e eu parecia ser a única no deserto chamado corredor.
Se existir alguém mais azarado que eu, por favor me apresente, irei perguntar como ele aguenta seu dia começando desta maneira. Sentei em frente a porta a espera de algum funcionário ou ate mesmo um professor, olhando para o piso liso do corredor, pude perceber sua lustração muito bem feita, seus armários meio tortos porém limpos, naquele momento estava me sentindo um armário, quem sabe as tias da limpeza não me confundam com uma vassoura e me coloquem no armário.
Depois de alguns minutos mofando no corredor, uma mulher muito elegante com seus cabelos grisalhos veio em minha direção fazendo barulho com seu salto pelo corredor, ela olhou para mim e sorriu quase como um suspiro.-Senhorita Ally?-acho que sou eu, levantei rapidamente apertando sua mão.
-Sim...-respondi insegura, ela suspirou aliviada, sua expressão satisfeita havia valido todo meu tempo mofando no corredor.
-Achei que não iria te achar! Mas que susto menina!-falou segurando suas folhas em seu corpo, seu sorriso parecia com os dos comerciais, aqueles de pasta de dente.
-Desculpe, me perdi algumas vezes pelo colégio -falei totalmente sem jeito, ela apenas assentiu.
-Normal, esta escola é como um palácio, apesar de sua estrutura parecer nova, ele é um dos prédios mais antigos da cidade-falou animada pelo assunto, enquanto ela me conduzia para sala eu gravava o caminho até parar em um corredor com uma porta totalmente entre aberta, sua madeira antes marrom encontrava -se preta, alguns pedaços estavam caídos ao chão, de certo modo aquilo realmente me era parecido.-Senhorita Ally?
-Desculpe perguntar, oque houve com esta porta?-seus olhos brilharam de excitação, deveria ser uma professora de historia.
-Dizem que a muitos anos atrás, quase milênios, uma família de camponeses se abrigou aqui ao ser perseguido pela suposta "morte", mesmo sendo uma das mais fortes portas do reino ela não aguentara nem um ataque de seu oponente, com muitas lagrimas derramadas a única coisa que sobrara foi respingos de sangue no local. Mesmo arrumando a porta ela volta a ser como antes, este foi o tao famoso Baile dos Mortos-falou animada, eu estava surpresa por ter sido parte da historia de algum lugar, provavelmente alguém ainda iria se lembrar de mim depois de minha morte.-Ai meu Zeus! Temos que correr senhorita Ally!
Depois de termos corrido ate a minha futura sala, ela me deu um abraço tao maternal que eu poderia ter estranhado, apos ela me abraçar me entregou um papel com todos os meus dados e informações. Meu coração parecia uma escola de samba, naquele momento meu nervosismo dizia "fuja dai logo!" E meu lado sano dizia "Ira chegar mais atrasada entre logo", seguindo meu lado sano abri a porta encarando uma multidão de olhares direcionados para mim, eu apenas travei onde estava.
-Posso ajudar?-perguntou o provável professor notando meu nervosismo, olhei somente para ele e com muita dificuldade me movi ate sua mesa, algumas risadinhas e alguns sussurros curioso eram ouvidos, ao chegar a sua mesa entreguei o papel e de imediato ele sorriu-Estávamos esperando por você, só irei perdoar seu atraso por ser muito bonita.-brincou.
Sabe aquele momento em que você se sente num filme de terror? Naquele momento eu estava em uma situação parecida.
-Alunos! Silencio-todos se calaram direcionando seus olhares para ele, ele pegou em meu ombro gentilmente pondo-me em frente ao quadro deixando-me mais constrangida.-Esta é a aluna nova, Ally Blayker. Por favor se apresente.
Me afogando em meio a saliva pronunciei palavras rápidas.
-Me chamo Ally Blayker, e sou nova aqui na cidade-meu braço engessado formigava arduamente deixando a situação pior.
-Ok Ally, seja bem vinda a nossa sala, a um lugar ao lado do Bernardo, pode se sentar la-falou apontando para uma classe vazia, caminhei olhando para o chão enquanto o professor introduzia o assunto da aula. Ao sentar me senti mais segura, de certa forma o ar de meus pulmões haviam voltado pra seus respectivos lugares.
Com o passar da aula pude ver os rostos das pessoas ao meu redor, nenhum era conhecido até eu parar e olhar para o rosto de meu parceiro Bernardo, se o destino existe eu não sei, mas aquilo era muita coincidência.
-Você?-escapou pelos meus lábios, ele olhou para mim surpreso e sorriu.
-Seu rosto esta da mesma cor que o seu cabelo-e foi então que eu percebi minhas bochechas avermelhadas, combinavam perfeitamente com minha franja avermelhada.
-D-desculpe-totalmente sem jeito.
-Você fica fof-ele foi interrompido.
-Flertem em outro lugar-de imediato virei para trás, meu rosto ficou petrificado, Guto sentado atrás de mim? Eu acredito em destino.
Virei para frente sem responder, abaixei minha cabeça encarando meus tênis, eu estava totalmente desconfortável com aquela situação, aos poucos meus olhos foram se fechando e então adormeci.
Acordei com alguém me cutucando, aos poucos levantei a cabeça encarando a sala vazia, rapidamente encarei Bernardo que me cutucava com um sorriso no rosto.
-Se os professores te vissem você estaria ferrada-falou sentando na classe.
-Onde foram todos?-perguntei passando a mao por de baixo de meu óculos.
-Agora é recreio, precisamos sair da sala-e então o acompanhei, o corredor havia ficado lotado e em segundos estávamos em meio a multidão, sentamos em baixo de uma arvore quase sem folhas e então suspiramos.
-Odeio multidões -falamos em uníssono.
-Você também?-perguntou rindo.
-Consequentemente sim-rimos.
-Quer comer algo?-perguntou, neguei com a cabeça.-Irei ver minha irma, pode ficar com meu celular, acho que ira gostar das musicas.
Fofo.
-Ira voltar?-perguntei.
-Sim, então escutaremos musicas juntos certo?-perguntou, assenti e ele saiu correndo.
Fiquei encarando o celular enquanto sentia o ar bater em meu rosto, em segundos meu coração quase saíra pela boca com Guto saindo do meio da arvore.
-Estava espiando?-perguntei, ele sentou ao meu lado.
-Não se esqueça de quem eu sou-falou serio me olhando com seus olhos, por um minuto havia visto eles vermelhos.
-E quem você seria?-me fiz de confusa.
-Seu dono-falou.
-Meu mestre-retruquei.
-Esse celular é dele?-perguntou desapontado, ciúmes?
-Sim, iremos escutar musicas juntos-respondi delicadamente, ele mexeu em seu bolso tirando um celular e um fone, ele moveu um pouco sua toca deixando exposta sua orelha, em segundos senti algo gelado em meu ouvido e levemente começou uma batida de musica, uma musica calma, de certo modo parecia acariciar meus ouvidos.
-Estamos escutando musica agora-sussurrou, ao virar meu rosto dei de cara com ele me encarando, sua pele pálida refletia a luz do dia, enquanto seus olhos mudavam de cor constantemente.-Não precisa mais ouvir com ele agora.
-Esta com ciúmes de mim mestre?- entiquei, ele sorriu, um sorriso maroto.
-Porque teria? Tenha plena consciência de que fui eu quem te invocou,- espreitei meus olhos, ele virou rapidamente fazendo nossos lábios se encontrarem, rapidamente foram separados deixando aquela vontade de quero mais.
-Você tem consciência de seus atos? não se brinca com a morte-desafiei.
-Você quem deveria ter tido consciência hoje de manha, Você jogou gasolina em uma fogueira-respondeu sumindo entre a multidão, aparentemente ninguém havia visto que estávamos ali, naquele momento eu tive a certeza que ele adorava me provocar.
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Cor Perdida/ Chamada Das Entidades.
RomanceNunca fui uma pessoa desejada, desde meu nascimento cresci tendo plena consciência que era um estorvo para todos, pois me lembravam diariamente. Nasci trancada em um quarto escutando os empregados me chamarem de maldição, sim, talvez eles estivessem...