Começos inesperados.

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Ter medo de algo novo é humano, porém em meu mundo era algo totalmente desconhecido, poderia ser o fato de me comunicar com pessoas desconhecidas, ou por apenas estar esperando o pior do que chamam de escola.
Eu permancia imóvel na cama da enfermaria, não estava psicologicamente prepara para levantar e encarar Guto e Bianca, ou pior, não estava preparada para encarar a escola.
Eu acho que não dormir durante a noite é um ótimo modo de demonstrar meu nervosismo, porém para alguém que já fez coisas aterrorizantes isso não deveria ser nada certo??
Olhando para o teto pensei em como poderiam ser as respectivas boas vindas, poderiam ser catastróficas, ou apenas ruins, de qualquer modo, fui interrompida de meus pensamentos pela porta sendo aberta rapidamente por Guto em seu estado acabei-de-acordar, de certo modo era engraçado velo naquele estado.

-Acord-ao ele me ver ele automaticamente parou de falar, de certo modo ele sorriu-Está acordada des de quando?

Não dormi.

-Acabei de acordar-disfarcei minha face catastrófica.

-Está na hora, vem-ele me encarou esperando me levantar, porém meu corpo não se movia. Meus músculos eram gelatinas em conserva, iriam se partir se me levantasse.

-Ok...-levantei rapidamente oque teve um efeito inesperado, meus joelhos pareciam gelatinas, oque me fez parar nos braços de Guto.

Uma eletricidade passou por meu corpo, eu já não era humana, havia virado uma usina de energia.

-Você ta bem?-perguntou, e foi então que percebi meu estado, meus braços envolviam seu abdómen enquanto suas mãos seguravam minha cintura, situação mais vergonhosa não poderia existir.

-Hã... hã-eu rapidamente me afastei, um sentimento vergonhoso tomou meu corpo, ele pegou minha mão e me puxou rapidamente fechando a porta. Seus músculos recém formados eram expostos pela regata preta desgastada, sua cara amaçada de tanto dormir traziam de certo modo tranquilidade para o tão esperado primeiro dia.

-Temos que nos apressar-falou caminhando rapidamente, seus dedos aos poucos se entrelaçavam nos meus fazendo-nos sentir o calor um do outro pelas mãos.

Ao chegarmos em seu quarto vi de certo modo o inferno, livros esparramados pelo chão, papeis amassados, canetas e lápis jogados aos cantos, cama bagunçada... Olha eu acho que até vi um rato.

-Suas roupas estão no armário -falou procurando algo em meio a bagunça.

-Se eu conseguir achar ele eu aviso-minha boca falou automaticamente, tapeia com as mãos enquanto Guto me olhava, supreendentemente ouvi um riso gostoso sair de seus lábios.-Você... está rindo?

-Desculpe pela bagunça-falou em meio a risada.

*******
Depois de alguns minutos procurando por algo, havia achado uma blusa larga com o numero 31 atrás em meio a bagunça, aparentemente não era minha, uma calça Jeans e um vans pretos completaram meu par.
Sai do banheiro encontrando Guto sentado na cama olhando para mim, seus cabelos eram comtemplados por uma franja em meio ao olho, com uma blusa preta larga muito parecida com a minha, uma calça preta e um vans, seu gorro torto em seu cabelo o deixava com um ar charmoso de certo modo.

-Gostei da blusa-falou olhando para sua camisa.

-Eu sei, da melhor qualidade-ele riu, um sorriso torto de certo modo, um sorriso maroto.

-Suas lentes e seu óculos estão ali dentro-falou apontando para uma mochila com o símbolo do Pacman.

-Você quem escolheu a cor de meus olhos?-perguntei abrindo a mochila, os materiais estavam postos de modo delicado em minha mochila, certamente foi Anne, a anja da pátria, o cogumelo da arvore, o peixe da lagoa, a rainha sem coroa...

-Sim-senti um quentor atrás de meu corpo que consequentemente fez-me arrepiar, virei-me com o óculos e as lentes nas mãos encarando Guto a milímetros de meu corpo, sua respiração fazia cócegas em meu rosto, por um momento esqueci dos pertences em minhas mãos quase derrubando -as.-Eu coloco elas para você.

-Ha...ham-respondi, meu coração parecia estar prestes a sair pela boca, meu corpo parecia queimar milímetro por milímetro, eu já havia virado um arco-iris de tantas cores que haviam se formado em meu corpo.

Enquanto ele botava as lentes pude ver cada centímetro de seu rosto, suas bochechas rosadas, seu cabelo vermelho, sua boca carnuda, seus olhos negros, sua respiração acelerada, tudo me deixavam nervosa. Naquele momento meu coração já havia deixado de existir.
Ao ele terminar, suas mãos consequentemente desceram para meu rosto fazendo-me ficar petrificada, em segundos eu estava ereta enquanto sua mão acariciava meu rosto gentilmente, eu já havia calado minha consciência a muito tempo, não iria escuta-la justo naquele momento.

-Eu não posso...-ele sussurrou um sussurro doloroso, como se ele se segurasse a muito tempo, como se ele esperasse por aquilo a muito tempo. Eu o entendia.

-Primeiro, me responda uma coisa-meus olhos eram unicamente direcionados aos deles, naquele momento eu era somente dele, e ele pertencia somente a mim.-Nós já nos conhecíamos né?

-Como...-ele pareceu surpreso, por um momento senti medo de ter estragado aquele momento. Ele estava prestes a tirar sua mão de meu rosto quando eu a segurei, ele teria de me responder-Sim.

Eu me desfiz como uma perfeita rosa, naquele momento minhas pétalas abriam-se para descobrir o mundo, eu havia percebido algo que tinha guardado dentro de mim a muito tempo, algo que nunca iria entregar para qualquer um, eu estava completamente apaixonada por Obi Augusto Therner.

-Você não sabe o quanto eu te procurei-eu havia finalmente achado aquele que roubou meu coração, aquele no qual me tirou para dançar em diferentes décadas sem se importar com o significado da morte, a final, a morte chega para todos.

-Você se... lembra?-ele parecia surpreso, ele exalava uma transmissão congelante, ele havia parado o mundo com apenas um toque, nossos corações permaneciam em êxtase.

-Eu viajei decadas atras de você.... onde se escondeu por tanto tempo?-perguntei com uma vontade gigantesca de chorar, lagrimas eram visíveis em meus olhos, pela primeira vez em muito tempo, os olhos dele brilharam como mil estrelas.

Sua mão desceu para minha cintura aproximando nossos corpos um do outro, por um momento senti ter atiçado uma fera na qual não poderia controlar, uma fera na qual desejava meu beijo meu toque a muito tempo, um demônio adormecido. Porém ele parecia ter medo, medo de me machucar, medo de me fazer ir embora.
Eu avancei em meio a seus lábios fazendo-o saborear o momento, nossas línguas pareciam dançar em meio a tanta adrenalina emalada por nossos corpos. Ele percorria desesperado meu corpo com suas mãos, enquanto minhas mãos faziam uma festa em seus cabelos sedosos nossas bocas dançavam em perfeita sincronia, eu havia escolhido um caminho perigoso a seguir, porém, viver milhares de anos não serviu de nada, o que importava era somente aquele momento, somente o toque dele que me importava naquele momento.
Ele percorria rapidamente meu corpo para ter certeza, de que aquele momento, não fosse um sonho, que não fosse nossas imaginações criando vidas e expandindo-se para um lugar perigoso, naquele momento estávamos nos entregando um para o outro sem pensar nas consequências, estávamos entorpecidos pela saudade, surdos pelas lembranças.
Ao sentirmos nossos pulmões sendo contraídos paramos e por um segundo senti com que aquilo não passa-se de um sonho, eu não queria esquecer, eu não queria deixa-lo como das ultimas vezes.
Sua testa encontrava-se na minha, nossas respirações ofegantes eram acompanhadas por sorrisos nos rostos, aquele momento não deveria passar, afinal, merecíamos um bônus depois de tudo.
  Fomos interrompidos pela porta sendo bruscamente aberta, Anne nos olhava petrificada na porta, nossos músculos ficaram tensos, naquele momento, certamente, não estávamos seguros.

 Cor Perdida/ Chamada Das Entidades.Onde histórias criam vida. Descubra agora